Sete conferências, três apresentações de livros e a evocação de António Pedro marcam o programa das primeiras Jornadas de Cultura Portuguesa da Cátedra Poesia e Transcendência — Sophia de Mello Breyner Andresen, integrada na Universidade Católica Portuguesa.
Com entrada livre, a iniciativa, marcada para o próximo sábado, no Porto, assinala os 50 anos da morte de António Pedro (1966), encenador, escritor, ceramista e artista plástico que foi um dos precursores do movimento surrealista português.
Nascido na Cidade da Praia, Cabo Verde, em 1909, dirigiu os teatros Apolo (Lisboa) e Experimental do Porto. Poesia, ficção, jornalismo e comentário radiofónico, que exerceu na britânica BBC durante a 2.ª Guerra Mundial, foram também domínios que explorou no âmbito literário.
Depois da sessão de abertura (10h30), as jornadas prosseguem com o primeiro painel, composto pelas conferências “Identidade e rosto para um poeta de duas línguas” (Henrique Manuel Pereira) e “A Renascença Portuguesa: projeto editorial e ideário cívico-cultural” (Jorge Teixeira).
“A Alma Ibérica ou a fronteira enquanto síntese. Breve diálogo com Teixeira de Pascoaes e Miguel de Unamuno” (José Pedro Angélico) e “As fronteiras invisíveis. Entre Manuel Laranjeira e Miguel de Unamuno: sobre a vertigem suicidária na cultura portuguesa” (José Rui Teixeira, diretor da Cátedra Sofia) completam as intervenções da manhã.
O terceiro e último painel, agendado para as 15h30, compreende “A intransponibilidade do horizonte. A agonia persistente do silêncio em ‘Aparição’ de Vergílio Ferreira e em ‘Húmus’ de Raul Brandão” (Pedro Pereira), “José Enes e as razões da razão estética” (José Acácio Aguiar de Castro) e “Adolfo Casais Monteiro na linha indivisa de todas as fronteiras” (Fernando de Castro Branco).
Às 17h30 são apresentados dois livros da Cosmorama Edições: “Antropologia e estética no pensamento português”, de José Acácio Aguiar de Castro (por Jorge Teixeira da Cunha) e “Adolfo Casais Monteiro e a doutrina estética da presença”, de Fernando de Castro Branco, por Luís Adriano Carlos.
A “Evocação da memória de António Pedro” decorre a partir das 18h00, com a conferência “António Pedro: o arquiteto de uma nova realidade” (Teresa André) e a apresentação do primeiro volume da obra poética, “Poesia (1926-1929)”, igualmente da Cosmorama, que reúne os cinco livros publicados pelo autor, bem como alguns inéditos, daquele período.
Em artigo publicado em agosto no jornal Observador, Vasco Rosa refere-se a António Pedro como «um dos maiores agitadores da vida cultural portuguesa do século XX», fruto da sua «raridade de talentos e versatilidade».
«A reduzidíssima abordagem da sua obra é — senão um caso de deliberada ocultação — pelo menos o resultado de uma bizarra indiferença de historiadores e críticos de arte e literatura», sustenta o autor.
«Animador da vanguarda», como lhe chamou Adolfo Casais Monteiro, António Pedro, primeiro galerista de Maria Helena Vieira da Silva, viveu em Espanha, França e Brasil.
As jornadas decorrem nas instalações da Universidade Católica (polo Foz, Rua Diogo de Botelho, 1327).