Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Jubileu da Misericórdia: Que a ternura de Deus chegue a todos

Imagem Rembrandt | O regresso do filho pródigo | C. 1668 | Museu Hermitage, Rússia | D.R.

Jubileu da Misericórdia: Que a ternura de Deus chegue a todos

A absolvição do pecado do aborto por todos os padres, a obtenção da indulgência jubilar nas capelas de todas as prisões, bem como mediante a vivência de obras de misericórdia, constituem algumas dos pontos da carta, revelada hoje, que o papa Francisco escreveu a propósito do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, com início a 8 de dezembro.

Em missiva dirigida ao arcebispo italiano Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, departamento do Vaticano encarregado de preparar as iniciativas jubilares, o papa determina também que a absolvição dos pecados através do sacramento da Reconciliação ministrado por padres da Fraternidade S. Pio X é plenamente válida, ainda que quem o administre não tenha a faculdade para o fazer legitimamente.

«Desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz», sublinha Francisco, que exprime o anseio de que a indulgência jubilar «chegue a cada um como uma experiência genuína da misericórdia de Deus, a qual vai ao encontro de todos com o rosto do Pai que acolhe e perdoa, esquecendo completamente o pecado cometido».

Referindo-se à interrupção voluntária da gravidez, o documento aponta que «um dos graves problemas do nosso tempo é certamente a alterada relação com a vida. Uma mentalidade muito difundida já fez perder a necessária sensibilidade pessoal e social pelo acolhimento de uma nova vida. O drama do aborto é vivido por alguns com uma consciência superficial, quase sem se dar conta do gravíssimo mal que um gesto semelhante comporta», refere o texto divulgado pelo Vaticano.

«Muitos outros, ao contrário, mesmo vivendo este momento como uma derrota, julgam que não têm outro caminho a percorrer. Penso, de maneira particular, em todas as mulheres que recorreram ao aborto. Conheço bem os condicionamentos que as levaram a tomar esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por esta escolha sofrida e dolorosa. O que aconteceu é profundamente injusto; contudo, só a sua verdadeira compreensão pode impedir que se perca a esperança. O perdão de Deus não pode ser negado a quem quer que esteja arrependido, sobretudo quando com coração sincero se aproxima do Sacramento da Confissão para obter a reconciliação com o Pai», assinala Francisco.

Por estes motivos, e «não obstante qualquer disposição em contrário», o papa decidiu «conceder a todos os sacerdotes para o Ano Jubilar», que termina a 20 de novembro de 2016, «a faculdade de absolver do pecado de aborto a quantos o cometeram e, arrependidos de coração, pedirem que lhes seja perdoado».

Os sacerdotes são chamados a prepararem-se «para esta grande tarefa sabendo conjugar palavras de acolhimento genuíno com uma reflexão que ajude a compreender o pecado cometido, e indicar um percurso de conversão autêntica para conseguir entender o verdadeiro e generoso perdão do Pai, que tudo renova com a sua presença».

O aborto, que provoca a excomunhão imediata para a mulher e para quem a induz a abortar, bem como para quem o pratica ou com ele coopera, não pode, por norma, ser absolvido por todos os confessores, mas apenas pelo bispo ou por sacerdotes por ele delegados. Em algumas circunstâncias, como por exemplo na Quaresma e Advento, alguns prelados estendem essa faculdade a todos os sacerdotes da sua diocese.

«O meu pensamento dirige-se também aos encarcerados, que experimentam a limitação da sua liberdade. O Jubileu constituiu sempre a oportunidade de uma grande amnistia, destinada a envolver muitas pessoas que, mesmo merecedoras de punição, todavia tomaram consciência da injustiça perpetrada e desejam sinceramente inserir-se de novo na sociedade, oferecendo o seu contributo honesto», aponta Francisco.

A todos os reclusos «chegue concretamente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais necessita do seu perdão. Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de mudar os corações, consegue também transformar as grades em experiência de liberdade».

Por norma, as indulgências associadas aos Jubileus são obtidas apenas nas quatro basílicas de Roma, nos santuários e igrejas significativas das dioceses, além das catedrais.

O documento lembra as condições tradicionais para obter a indulgência jubilar da parte de todos os fiéis: a visita à catedral ou a uma igreja onde tenha sido aberta uma «Porta Santa», a confissão e a celebração eucarística com uma «reflexão sobre a misericórdia», a profissão de fé e a oração pelo papa e pelas suas intenções. Os doentes impossibilitados de saírem de suas casas ou outras instituições obterão a indulgência ao rezarem e assistirem a uma missa através dos meios de comunicação.

Dado que «a experiência da misericórdia torna-se visível no testemunho de sinais concretos», a carta explica que «todas as vezes que um fiel viver «pessoalmente» uma ou mais dessas obras, «obterá sem dúvida a indulgência jubilar».

A indulgência «pode ser obtida também para quantos faleceram»: «A eles estamos unidos pelo testemunho de fé e caridade que nos deixaram. Assim como os recordamos na celebração eucarística, também podemos, no grande mistério da comunhão dos Santos, rezar por eles, para que o rosto misericordioso do Pai os liberte de qualquer resíduo de culpa e possa abraçá-los na beatitude sem fim».

O Jubileu, ou Ano Santo, tempo forte de indulgência e graça de Deus obtidas por determinadas obras penitenciais, ocorre ordinariamente a cada 25 anos, e extraordinariamente em diversas circunstâncias.

 

Andrea Tornielli
In "Vatican Insider"
Com SNPC/rjm
Publicado em 01.09.2015

 

 

 
Imagem Rembrandt | O regresso do filho pródigo | C. 1668 | Museu Hermitage, Rússia | D.R.
Desejo que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz
Penso, de maneira particular, em todas as mulheres que recorreram ao aborto. Conheço bem os condicionamentos que as levaram a tomar esta decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres que traziam no seu coração a cicatriz causada por esta escolha sofrida e dolorosa
Nas capelas dos cárceres poderão obter a indulgência, e todas as vezes que passarem pela porta da sua cela, dirigindo o pensamento e a oração ao Pai, que este gesto signifique para eles a passagem pela Porta Santa, porque a misericórdia de Deus consegue também transformar as grades em experiência de liberdade
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Teologia e beleza
Impressão digital
Pedras angulares
Paisagens
Umbrais
Evangelho
Vídeos