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“Querido papa Francisco”: Pontífice responde a cartas de crianças, e uma delas é portuguesa

Imagem Capa (det.) (edição em língua inglesa) | D.R.

“Querido papa Francisco”: Pontífice responde a cartas de crianças, e uma delas é portuguesa

A resposta do papa à carta que o João, de 10 anos, lhe enviou de Portugal é uma das cerca de 30 que fazem parte do primeiro livro de Francisco para as crianças, que sairá esta quinta-feira em Itália e, a 1 de março, noutros países.

“Querido papa Francisco”, título traduzido das edições em língua inglesa e espanhola (Loyola Press/Rizolli, 80 págs.) inclui, além das palavras de Jorge Bergoglio, os desenhos que acompanharam as missivas selecionadas.

As cartas apresentadas no livro, remetidas por crianças dos seis aos 13 anos, dos cinco continentes, pedem ajuda ao papa, assim como conselhos, respostas às próprias dúvidas e explicações sobre o sentido da fé e da existência, refere a editora.

«O que fazia Deus antes de fazer o mundo? O que é feito dos nossos entes queridos após a morte? Temos realmente todos, mesmo os maus, um anjo da guarda? Qual foi a coisa mais difícil que o papa teve de fazer na sua missão e que coisa faria se pudesse realizar um milagre? A estas e outras perguntas (…) o papa Francisco responde com palavras simples e extraordinariamente íntimas, como um pai extremoso, acolhendo e confiando aos mais pequenos a sua reflexão sobre a vida e sobre a fé», adianta o texto de apresentação.

O título da edição italiana, “L’amore prima del mondo”, evoca precisamente a pergunta sobre o que fazia Deus antes de criar o mundo - «amava». Porque é que os pais às vezes discutem entre eles? «São humanos». Respostas simples e diretas.

A génese da obra remonta a maio de 2015, quando a Loyola Press, editora dos Jesuítas, propôs a ideia ao papa, que logo aceitou, revela a Rádio Vaticano. Desde então foram recolhidas 259 cartas de 26 países, incluindo Albânia, China, Nigéria, Filipinas e escolas provisórias que acolhem refugiados sírios.

Com a colaboração do padre italiano Antonio Spadaro, o papa respondeu às cartas: «São difíceis estas perguntas», disse, a sorrir, ao religioso. Durante a viagem a Filadélfia, para o 8.º Encontro Mundial das Famílias, em setembro, Francisco citou uma delas e a dificuldade em lhe responder.

«Querido papa Francisco, a minha mamã está no Paraíso. Crescer-lhe-ão asas de anjo?», perguntou Luca, australiano, de 7 anos. «Querido Luca, não, não, não! A tua mamã está no céu bela, esplêndida, cheia de luz. Não lhe cresceram asas. É precisamente a mamã que tu conheces, mas mais bela que nunca. E ela olha-te e sorri para ti, que és seu filho. De cada vez que te vê a tua mamã fica contente, se te portas bem. Se não te portas bem, ela quer-te bem na mesma e pede a Jesus para te fazer melhor. Pensa assim a tua mamã: bela, sorridente e cheia de afeto por ti», respondeu Francisco.

Wing, de 8 anos, escreveu da China: «Querido papa Francisco, porque é que gostas de jogar futebol? Desejo-te boa saúde». E o papa: «Querido Wing, gosto muito de futebol. Nunca joguei jogos a sério porque nunca aprendi bem a técnica do jogo. O meu pé não é ágil. Mas gosto muito de ver jogar as equipas no campo. Sabes porquê? Porque vejo que é um jogo de equipa, de solidariedade. Apaixono-me ao ver uma partida. Se um jogador quer jogar sozinho, perde, e depois os seus companheiros de equipa não gostam dele. Joga-se bem futebol quando se joga em conjunto, quando se faz jogo de equipa e se procura o bem de todos sem pensar no bem pessoal ou em evidenciar-se. Assim deveria ser também na Igreja».

William, rapaz norte-americano de sete anos, perguntou ao papa qual seria o milagre que faria, se pudesse. «Querido William, curaria as crianças. Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério. Não sei dar uma explicação. Interrogo-me sobre isso. Rezo sobre esta pergunta: porque é que as crianças sofrem? É o meu coração que põe a pergunta. Jesus chorou, e chorando compreendeu os nossos dramas. Eu procuro compreender. Se pudesse fazer um milagre, curaria todas as crianças. O teu desenho faz-me refletir: há uma grande cruz escura e por trás está o arco-íris e o sol que esplandece. Gosto. A minha resposta à dor das crianças é o silêncio ou uma palavra que nasce das minhas lágrimas. Não tenho medo de chorar. Também tu não deves ter medo.»

Terminamos com a pergunta do João, redigida em português: «Querido papa Francisco, quando o vi na Praça de São Pedro senti uma grande alegria porque olhou para mim. O que sente quando olha para as crianças à sua volta? Obrigado pela sua atenção. Um abraço do João». A leitura deste livro pode ajudar a responder.

ImagemD.R.

 

 




 

Rui Jorge Martins
Publicado em 24.02.2016 | Atualizado em 17.04.2023

 

 

 
Imagem Capa (det.) (edição em língua inglesa) | D.R.
«O teu desenho faz-me refletir: há uma grande cruz escura e por trás está o arco-íris e o sol que esplandece. Gosto. A minha resposta à dor das crianças é o silêncio ou uma palavra que nasce das minhas lágrimas. Não tenho medo de chorar. Também tu não deves ter medo»
«Querido papa Francisco, quando o vi na Praça de São Pedro senti uma grande alegria porque olhou para mim. O que sente quando olha para as crianças à sua volta? Obrigado pela sua atenção. Um abraço do João»
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