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S. Leão Magno, um dos papas mais importantes da história

Imagem O encontro entre Leão Magno e Átila (det.) | Rafael | 1514 | Palácios Pontifícios, Vaticano

S. Leão Magno, um dos papas mais importantes da história

No ano de 440 há na Gália quase uma guerra civil entre as duas mais altas autoridades romanas: o general Ezio e o prefeito do pretório Albino. O poder imperial é de tal forma frágil, que para os pacificar é enviado um homem da Igreja, o diácono romano Leão, que reconcilia os dois.

Mais tarde sabe que o papa Sisto III morreu e que o elegeram a ele, Leão. Nos seus 21 anos de pontificado sucedem-se quatro imperadores, um rapidamente removido e os restantes assassinados. O Império Romano está em agonia e a jovem Igreja é atravessa por confrontos doutrinais e discórdias.

Com energia e persuasão, Leão reforça no Ocidente a autoridade da Sede de Pedro e enfrenta duras lutas doutrinais. O abade oriental Eutíquio, influente em Constantinopla, defende que em Cristo existe uma só natureza (monofisismo), contra a doutrina da Igreja sobre as duas naturezas, distintas mas não separadas, na mesma pessoa.

Eutíquio consegue que o Imperador Teodósio convoque, em 449, um concílio em Éfeso, na Ásia Menor, onde só têm voz os partidários daquela corrente herética, que conquistam novos prosélitos, não sendo ouvidos os legados de Leão.

Negando a validade a este concílio, o papa convence o novo imperador Marciano a convocar outro, em 451, que se tornará o grande concílio de Calcedónia, perto de Bizâncio, o quarto ecuménico, que aprova solenemente a doutrina das duas naturezas. Todavia, nem todos aceitam a decisão, e ocorrem graves desordens, sobretudo na Palestina.

Entretanto, no Ocidente vivem-se tempos de terror. O Império deixou de ter um verdadeiro exército. Os Hunos, de Átila, derrotados por Ezio em 451, reorganizam-se e caem sobre a Alta Itália em 452. O estado, impotente, pede ao papa Leão para ir ao encontro de Átila com uma delegação do Senado. O pontífice convence o chefe huno a deixar o território (a lenda falará depois de uma visão celeste que aterroriza Átila).

Três anos volvidos, os Vândalos, de África, estão diante de Roma. A defender a cidade apenas está Leão, que não consegue impedir o saque, mas obtém a incolumidade da população e evita o incêndio na urbe.

Leão sente fortemente a responsabilidade de ser sucessor de Pedro. Enriquece a Igreja com o seu ensinamento, especialmente sobre a Encarnação de Cristo. Pede obediência aos bispos mas apoia-os com conselhos pessoais, orienta-os doutrinalmente no esplêndido latim dos seus escritos para que «tenham a justiça com constância» e ofereçam «generosamente a clemência».

Não há notícias sobre os últimos tempos do pontífice, a quem os romanos chamavam “Leão Magno”, o Grande. Morreu a 10 de novembro de 461. Em 1754 o papa Bento XIV proclamou-o Doutor da Igreja.

Bento XVI qualificou o pontificado de Leão, o primeiro de doze papas com o mesmo nome, como «um dos mais importantes na história da Igreja».

«Conhecemos bem a ação do Papa Leão, graças aos belíssimos sermões, deles estão conservados quase 100 num latim maravilhoso e claro, e graças às suas cartas, cerca de 150. Nestes textos o Pontífice manifesta-se em toda a sua grandeza, dirigido ao serviço da verdade na caridade, através de uma prática assídua da palavra, que o mostra ao mesmo tempo teólogo e pastor», recordou Bento XVI em 2008.

Leão, «constantemente solícito pelos seus fiéis e pelo povo de Roma, mas também pela comunhão entre as diversas Igrejas e pelas suas necessidades, foi defensor e promotor incansável da primazia romana, propondo-se como herdeiro autêntico do apóstolo Pedro», acrescentou.

«Soube estar próximo do povo e dos fiéis com a ação pastoral e com a pregação. Incentivou a caridade numa Roma provada pelas carestias, pela afluência dos prófugos, pelas injustiças e pela pobreza. Contrastou as superstições pagãs e a ação dos grupos maniqueus. Relacionou a liturgia com a vida quotidiana dos cristãos: por exemplo, unindo a prática do jejum com a caridade e com a esmola», prosseguiu Bento XVI numa das audiências gerais das quartas-feiras que dedicou às figuras de destaque dos primeiros séculos da Igreja.

Com S. Leão Magno, a Igreja de todos os tempos aprende «a crer em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem», realizando essa fé «todos os dias na ação pela paz e no amor ao próximo».

 

Domenico Agasso / Famiglia Cristiana, Rui Jorge Martins / SNPC
Publicado em 10.11.2015

 

 
Imagem O encontro entre Leão Magno e Átila | Rafael | 1514 | Palácios Pontifícios, Vaticano
Conhecemos bem a ação do Papa Leão, teólogo e pastor, graças aos belíssimos sermões; deles estão conservados quase 100 num latim maravilhoso e claro, e graças às suas cartas
«Soube estar próximo do povo e dos fiéis com a ação pastoral e com a pregação. Incentivou a caridade numa Roma provada pelas carestias, pela afluência dos prófugos, pelas injustiças e pela pobreza
Com S. Leão Magno, a Igreja de todos os tempos aprende «a crer em Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem», realizando essa fé «todos os dias na ação pela paz e no amor ao próximo»
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