«A santidade é um caminho, a santidade não se pode comprar, não se vende. Nem sequer se oferece. A santidade é um caminho na presença de Deus, que eu devo fazer: não o pode fazer outro em meu nome», frisou hoje o papa, na missa a que presidiu, no Vaticano.
A homilia baseou-se na primeira leitura bíblica proclamada nas missas desta terça-feira (1 Pedro 1, 10-16), sete versículos que Francisco qualificou de «pequeno tratado sobre a santidade», refere a Rádio Vaticano.
«Eu posso rezar para que outro seja santo, mas o caminho deve ser feito por ele, não por mim», reiterou o papa, para quem a santidade é «caminhar na presença de Deus de modo irrepreensível» através da «coragem», «esperança», «graça» e «conversão».
O «Reino dos Céus» é para quem tem «a coragem de seguir em frente», atitude que é motivada pela «esperança», afirmou o papa, antes de acentuar que a meta de se ser santo é uma missão que ultrapassa as forças humanas.
«Não podemos fazer a santidade só por nós próprios. Não, é uma graça. Ser bom, ser santo, dar todos os dias um pequeno passo em frente na vida cristã é uma graça de Deus, e devemos pedi-la», sublinhou.
Este trajeto de vida faz-se «com coragem, com a esperança e com a disponibilidade» para receber a graça de Deus, disse Francisco, que evocou a obediência de Abraão à vontade de Deus, saindo da sua casa e iniciando um longo caminho que desconhecia onde o haveria de levar, mantendo sempre «a esperança».
Na carta de S. Pedro, o autor apela ao abandono dos «desejos de outrora», o que, no entender de Francisco, exige «a conversão, todos os dias», que dever ser entendida como esforço para mudar de atitudes, mais do que sofrimento físico.
«“Padre, para me converter tenho de fazer penitências, dar-me bastonadas”. “Não, não, não: conversões pequenas. Se tu fores capaz de conseguir não falar mal de alguém, estás no bom caminho para te tornares santo”. É tão simples como isto», assinalou o papa.
Francisco continuou a homilia insistindo no tema: «Eu tenho vontade de fazer uma crítica ao vizinho, ao companheiro de trabalho: morder um pouco a língua. A língua ficará um pouco inchada, mas o vosso espírito será mais santo, neste caminho. Nada de grandes mortificações: não, é simples. O caminho da santidade é simples. Não voltar atrás, mas andar sempre em frente. E com fortaleza».
Rui Jorge Martins