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Sínodo «não é um parlamento» onde há «negociação», mas espaço de «coragem», «humildade» e «oração», afirma papa

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Sínodo «não é um parlamento» onde há «negociação», mas espaço de «coragem», «humildade» e «oração», afirma papa

O papa abriu hoje, no Vaticano, as reuniões de trabalho do Sínodo dos Bispos, sublinhando que a assembleia «não é um parlamento, onde para alcançar um consenso ou um acordo comum se recorre á negociação, à transação ou aos compromissos».

«O único método do Sínodo é o de abrir-se ao Espírito Santo com coragem apostólica, humildade evangélica e oração confiante, para que seja ele a guiar-nos e a iluminar-nos, e a colocar-nos diante dos olhos, com os nossos pontos de vista pessoais, a fé em Deus, a fidelidade ao magistério, o bem da Igreja e a “salus animarum” [salvação das almas]», afirmou.

No Sínodo, «é a Igreja que se interroga sobre a fidelidade ao depósito da fé», que não é «um museu a guardar nem sequer apenas a salvaguardar, mas fonte vida da qual a Igreja se dessedenta para dessedentar e iluminar o depósito da vida», vincou Francisco.

A assembleia sinodal, que começou no domingo e termina a 25 de outubro, vai debater a «vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo», após a assembleia sinodal extraordinária realizada em outubro de 2014, também no Vaticano, sobre os «desafios pastorais» inerentes aos agregados familiares.

A Igreja, lembrou o papa num breve discurso de introdução, vai refletir conjuntamente sobre o texto do documento de trabalho e as respostas que este ano foram enviadas pelas conferências episcopais de todo o mundo, bem como outros organismos convidados a pronunciar-se sobre o tema.

A estrada sinodal, declarou, «é um caminhar juntos com espírito de colegialidade e sinodalidade, adotando corajosamente a parrésia [liberdade de expressão], o zelo pastoral e doutrinal, a sabedoria, a franqueza».

«[O Sínodo] é um espaço protegido» onde a Igreja «experimenta a ação do Espírito Santo», que «fala através da língua de todas as pessoas que se deixam guiar por Deus que surpreende sempre, por Deus que revela aos pequeninos aquilo que esconde aos sábios e aos inteligentes, do Deus que criou a lei e o sábado para o homem, e não vice-versa, do Deus que deixa as 99 ovelhas para procurar a única ovelha perdida, de Deus que é sempre maior do que as nossas lógicas», apontou.

«Recordemos, no entanto, que o Sínodo só poderá ser um espaço da ação do Espírito Santo se nós, participantes, nos revestirmos de coragem apostólica, de humildade evangélica e de oração confiante», acrescentou o papa.

O discurso prosseguiu com o aprofundamento das três atitudes: «A coragem apostólica que não se deixa amedrontar diante das luzes do mundo que tendem a extinguir no coração dos homens a luz da verdade, substituindo-a com luzes pequenas e temporárias, nem diante do empedernimento de alguns corações, que não obstante as boas intenções distanciam as pessoas de Deus. A coragem apostólica de não fazer da nossa vida cristã um museu de recordações».

«A humildade evangélica que sabe esvaziar-se das próprias convenções e preconceitos para escutar os irmãos bispos e encher-se de Deus. A humildade que leva não a apontar o dedo para julgar os irmãos, mas estender a mão os erguer sem nunca se sentir superior», realçou.

Por seu lado, «a oração confiante é ação do coração quando se abre a Deus», quando se «calam» os «estados de alma para escutar a suave voz de Deus que fala no silêncio», salientou, antes de acrescentar: «Sem escutar Deus, todas as nossas palavras seriam apenas palavras, que não saciam e não servem. Sem nos deixarmos guiar pelo Espírito, todas as nossas decisões seriam apenas decorações, que em vez de exaltarem o Evangelho, o cobrem e o escondem».

O Sínodo dos Bispos conta com a participação portuguesa do cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, o bispo de Portalegre-Castelo Branco e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Antonino Dias, e do padre Duarte da Cunha, que integra a equipa de peritos ao serviço do secretário especial da assembleia.

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 05.10.2015 | Atualizado em 15.04.2023

 

 
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O Sínodo «é um espaço protegido» onde a Igreja «experimenta a ação do Espírito Santo», que «fala através da língua de todas as pessoas que se deixam guiar por Deus que surpreende sempre», por «Deus que é sempre maior do que as nossas lógicas»
«A coragem apostólica que não se deixa amedrontar diante das luzes do mundo que tendem a extinguir no coração dos homens a luz da verdade, substituindo-a com luzes pequenas e temporárias, nem diante do empedernimento de alguns corações, que não obstante as boas intenções distanciam as pessoas de Deus»
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