

O papa Francisco lembrou hoje, em Manila, que «a grande tradição bíblica prescreve para todos os povos o dever de ouvir a voz dos pobres e quebrar as cadeias da injustiça e da opressão, que dão origem a óbvias e verdadeiramente escandalosas desigualdades sociais».
«Agora, mais do que nunca, é necessário que os dirigentes políticos se distingam por honestidade, integridade e responsabilidade quanto ao bem comum», vincou Francisco no discurso que proferiu na capital das Filipinas, no palácio presidencial.
Diante do presidente da República, figuras da política nacional e o corpo diplomático, o papa acentuou que «a reforma das estruturas sociais que perpetuam a pobreza e a exclusão dos pobres, exige, antes de mais nada, uma conversão da mente e do coração».
Recordando que os bispos das Filipinas pediram que 2015 ano fosse proclamado «Ano dos Pobres», Francisco apelou a que este apelo determine, «a todos os níveis da sociedade, a firme rejeição de toda a forma de corrupção, que desvia recursos dos pobres» e promova a inclusão na sociedade de «todo o homem, mulher e criança».
O discurso salientou que «as famílias e as comunidades locais devem ser encorajadas e assistidas nos seus esforços por transmitir aos nossos jovens os valores e a visão que podem ajudar a criar uma cultura de integridade, na qual se honre bondade, sinceridade, fidelidade e solidariedade como bases sólidas e vínculo moral que mantenha unida a sociedade».
Depois de lembrar que a visita ao país ocorre num momento em que a Igreja local «se prepara para celebrar o quinto centenário do primeiro anúncio do Evangelho de Jesus Cristo» nas Filipinas, o papa afirmou que a viagem quer também exprimir a sua solidariedade às vítimas do tufão Yolanda.
«Juntamente com as pessoas de todo o mundo, admirei a força heroica, a fé e a resistência demonstradas por tantos filipinos face a este desastre natural, e muitos outros», realçou, antes de evocar a «rede de apoio mútuo e compromisso em prol do bem comum» que se gerou.
Para Francisco, este exemplo de solidariedade no trabalho de reconstrução oferece uma lição importante: «Como uma família, cada sociedade tira força dos seus recursos mais profundos para enfrentar novos desafios».
Rui Jorge Martins