D. Gianfranco Ravasi
«Superar o divórcio entre arte e fé» é o maior desafio do Pontifício Conselho da Cultura, diz o seu presidente
O cardeal Gianfranco Ravasi afirmou esta quinta-feira, em Lisboa, que o seu maior «esforço» enquanto presidente do Pontifício Conselho da Cultura, do Vaticano, é «superar o divórcio entre arte e fé».
«Arte e fé são irmãs, devem estar juntas, devem necessariamente encontrar-se», sublinhou na conferência que proferiu nas jornadas “Liturgia, Arte e Arquitetura nos 50 anos do Concílio Vaticano II”, iniciativa apoiada pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura que terminou sexta-feira na Universidade Católica Portuguesa.
Depois de confirmar que a Igreja vai marcar presença na edição de 2013 da Bienal de Arte de Veneza, o prelado anunciou que os artistas presentes no espaço expositivo, que «não serão muitos», já foram escolhidos.
Gianfranco Ravasi deseja que a participação num dos mais conhecidos eventos culturais do mundo seja «o símbolo do regresso» da Igreja, «que não tem medo de confrontar-se com a arte contemporânea».
A presença na bienal, centrada nos 11 capítulos iniciais do primeiro livro da Bíblia, o Génesis, está a suscitar um interesse «altíssimo, sobretudo nos EUA e Alemanha», assinalou.
O prelado lembrou algumas das cisões que ocorreram na história da arte, como o «abismo» entre o canto gregoriano e a polifonia, o surgimento da musica atonal e a transição do Renascimento para o Barroco, antes de salientar que «é difícil» conquistar a gramática «complexa» da contemporaneidade.
Referindo-se à arquitetura dos espaços religiosos, tema que diz ter «no coração», Gianfranco Ravasi sublinhou que não se devem construir igrejas «só para fazer geometria».
Após mencionar as igrejas «horríveis» dos arredores de Roma onde por vezes preside à missa, o cardeal frisou que «a arquitetura sagrada não pode ser só uma bela construção», mas um espaço «onde os fiéis se encontram», à maneira de uma «tenda do encontro».
Para o biblista a liturgia católica deve incluir “lumen” [“luz”, do latim], dado que as igrejas não são um «labirinto ou um criptograma», e também “numen” [relativo a um ser sobrenatural, do latim], ou seja, que aludam a uma presença divina que «inquieta, que faz estar em silêncio e na escuta da palavra».
O responsável realçou também que a arquitetura sacra deve sugerir «o eterno e o tempo», bem como o final da História, aquando da aparição derradeira de Cristo, «templo superior a todos os templos arquitetónicos».
O cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, encerrou o encontro com um «desafio enorme para a Igreja»: que os católicos possam estar na vanguarda dos movimentos da cultura, não deixando que outras correntes de pensamento assumam essa liderança.
Rui Jorge Martins
© SNPC |
17.11.12

D. Gianfranco Ravasi
Universidade Católica, Lisboa
15.11.2012

Presidente do Pontifício Conselho da Cultura aponta prioridades para a Pastoral da Cultura | VÍDEO + IMAGENS |
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