Teólogos que não rezam caem no narcisismo e fazem mal à Igreja, adverte papa Francisco
O papa Francisco afirmou esta quinta-feira que «o teólogo que não reza e que não adora Deus» fecha-se em si mesmo, sendo esta «uma enfermidade eclesiástica» porquanto «faz muito dano o narcisismo dos teólogos e dos pensadores».
As palavras do papa foram proferidas na audiência a professores, estudantes e pessoal não docente da Pontifícia Universidade Gregoriana, Pontifício Instituto Bíblico e Pontifício Instituto Oriental, instituições sediadas em Roma.
«O vosso compromisso intelectual, no ensino e na investigação, no estudo e na mais ampla formação, será tanto mais fecundo e eficaz quanto mais for animado pelo amor a Cristo e à Igreja, quanto mais for sólida e harmoniosa a relação entre estudo e oração. Esta não é uma coisa antiga, este é o centro», assinalou, refere o portal de notícias do Vaticano.
Para Francisco, «transmitir o saber e oferecer uma chave de compreensão vital, não um cúmulo de noções entre si», é um dos desafios da época contemporânea: «Faz falta uma verdadeira hermenêutica evangélica para entender melhor a vida, o mundo, os seres humanos; não uma síntese, mas uma atmosfera espiritual de procura e certeza baseada na verdade de razão e de fé».
A filosofia e a teologia, áreas do saber que integram a formação dos candidatos ao sacerdócio na Igreja católica, «permitem conseguir as convicções que estruturam e fortifica a inteligência e iluminam a vontade», mas o estudo, advertiu, só se torna fecundo se é feito «com a mente aberta e de joelhos».
«O teólogo que se compraz por ter o seu pensamento concluído é um medíocre», porque a investigação teológica está sempre «incompleta» e em «aberto», vincou o papa, antes de salientar que o saber teológico deve refletir-se na existência individual e eclesial.
A investigação deve «integrar-se com a vida pessoal e comunitária, o compromisso missionário, a caridade fraterna e na partilha com os pobres, a atenção pela vida interior» e a relação com Deus.
«Os vossos institutos não são máquinas para produzir teólogos e filósofos», alertou Francisco, realçando que «se faltam a bondade e a beleza de pertencer numa família de trabalho, acaba-se por ser um intelectual sem talento, um cultor da ética sem bondade, um pensador carente do esplendor da beleza e só “maquilhado” de formalismos».
Ao estarem instaladas em Roma e por acolherem estudantes de todo o mundo, as instituições de ensino pertencentes à Igreja oferecem uma oportunidade única de «crescimento na fé e de abertura da mente e do coração ao horizonte da catolicidade».
Diante desta perspetiva, prosseguiu Francisco, «a dialética entre centro e periferias assume uma forma própria, a forma evangélica, segundo a lógica de um Deus que chega ao centro partindo da periferia e para voltar à periferia».
A Pontifícia Universidade Gregoriana, o Pontifício Instituto Bíblico e o Pontifício Instituto Oriental foram reunidas em consórcio pelo papa Pio XI em 1923, estando confiadas aos Jesuítas.
Rui Jorge Martins
© SNPC |
10.04.14
Papa FranciscoAudiência a membros de
institutos pontifícios ligados
à investigação teológica
Vaticano, 10.4.2014
Foto: REUTERS/Max Rossi








