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Cinema

O tio Boonmee que se lembra das suas vidas anteriores

Não foi uma opção que tenha colhido o consenso geral. Não digo entre o júri do Festival de Cinema de Cannes, que o premiou com a Palma de Ouro em 2010 e cujo processo de decisão desconheço. Mas aos olhos desse mundo por onde tem passado a mais recente obra cinematográfica do realizador tailandês Apichatpong Weerasethakul.

Porquê a estranheza de um prémio de tal envergadura a este filme? Admitamos que o seu despojamento possa surpreender ou perturbar quem se habituou demasiado ao rebuscado artifício cinematográfico – seja ele de forma ou conteúdo...

Com efeito, Cannes abriu-se este ano a outras narrativas que buscam a essência da vida humana, na sua dimensão mais elevada, com uma muito evidente simpatia pelo registo transcendente, o espiritual, o religioso, atribuindo, não por acaso, dois dos seus principais prémios a dois filmes espiritualmente fecundos: “Dos Homens e dos Deuses” e agora este, de Apichatpong Weerasethakul.

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Pode para tal ter contribuído o facto de estar Tim Burton ao comando do júri, ele com o seu supremo dom criativo, capaz de transformar sonhos em personagens; ele que afirmou que ver filmes despojados de ideias pré-concebidas era a melhor forma de os ver.

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“O tio Boonmee...” é um lindíssimo conto que desvenda aos nossos olhos uma caminhada de aproximação da morte, numa espécie de peregrinação interior que percorremos com as personagens em estreita intimidade.

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Repleta de evocações, simbolismos e metáforas, é uma caminhada embebida numa cultura, asiática, ainda tão estranha para a maioria de nós que, se sucumbirmos ao impulso de as problematizar, levantaremos certamente muitas mais questões que aquelas a que podemos responder ante o ecrã.

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Em vez dessa problematização, o filme é um quase irresistível convite à contemplação, cujo registo não se esgota no seu contexto cultural específico mas nos recorda a forma como diversas culturas encaram a morte, não tanto como facto, mas como bem essencial, importando, por tal, a sua preparação.

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Numa Europa onde a tentação de abolir o valor da fertilidade espiritual é preocupante, um ano de Cannes como este, com prémios como a filme destes, revela, uma vez mais, que a questão da espiritualidade não se esgota nos templos ou nos símbolos, mas é património cuidado por todos aqueles que, como os artistas, vivem e sobrevivem da aspiração ao intangível, ao transcendente.

O filme estreia esta quinta-feira, 31 de março.

 

 

 

Margarida Ataíde
© SNPC | 28.03.11

Cartaz

 

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