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Universidade Católica evoca primeiro vice-reitor, filósofo José Enes, «figura cultural de grande relevo»

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Universidade Católica evoca primeiro vice-reitor, filósofo José Enes, «figura cultural de grande relevo»

O pensamento e obra do filósofo José Enes (1924-2013), primeiro vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa e cofundador e primeiro reitor da Universidade dos Açores, estão a ser objeto de análise até esta sexta-feira em Ponta Delgada e nos Açores.

Organizado pela Universidade Católica Portuguesa, Universidade dos Açores, Casa dos Açores em Lisboa e Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, o colóquio evoca «o mais importante pensador açoriano posterior a Antero de Quental e Teófilo Braga», segundo Miguel Real, autor de "José Enes, Poesia, Açores e Filosofia" (2009).

Em declarações ao jornal "Público", aquando da morte de José Enes, o escritor classificava-o como o «filósofo tomista mais importante do século XX português, tendo cruzado e unido as categorias da filosofia de S. Tomás de Aquino com a análise heideggeriana do ser».

Nascido nas Lages do Pico, José Enes Pereira Cardoso foi ordenado padre e formou-se em escolástica tomista na Universidade Gregoriana, em Roma (1945-1950 e 1964-1966),  tendo iniciado a atividade docente na década de 50 no Seminário Episcopal de Angra.

Na sequência da investigação de doutoramento, publicou em 1969 "À porta do ser", livro que para Miguel Real «revolucionou radicalmente o pensamento filosófico religioso institucional português, fortemente centrado, até à década de 60, ora num tomismo puro e duro, ora num tomismo beijado pela fenomenologia, ora num tateamento teórico de procura de novos horizontes sem assumpção de teoria substituta».

Em 1968 regressa ao ensino, na Universidade Católica Portuguesa, acompanhando os primeiros passos da instituição, em Lisboa, até 1973, e em 1976 volta ao arquipélago para ser um dos fundadores e o primeiro reitor da Universidade dos Açores, até 1982. De 1992 a 1994 foi professor na Universidade Aberta.

«É uma figura cultural de grande relevo», sublinha o P. Cipriano Pacheco, antigo Referente da Pastoral da Cultura da diocese de Angra e um dos oradores intervenientes no colóquio, com a conferência "Quando o ser é dicção de Deus, à Porta do Ser é o seu lugar de acesso".

José Enes, que esteve envolvido na criação do Instituto Açoriano de Cultura, criado em 1955 por iniciativa de um grupo de professores do Seminário de Angra, viria a abandonar o ministério sacerdotal e a casar-se, tendo permanecido próximo da Igreja, sendo um «exemplo» de pessoa que não «guardou ressentimentos», assinalou Cipriano Pacheco em declarações ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

A sessão de encerramento do colóquio decorre na Casa dos Açores em Lisboa, contando com a participação de Roberto Carneiro, antigo Ministro da Educação, que apresentará o livro "Portugal Atlântico", de José Enes, composto por 60 ensaios em torno da fenomenologia política.

Na apresentação do livro, o escritor Onésimo Teotónio Almeida acentua que «os Açores foram, desde muito cedo, uma preocupação central na vida e pensamento de José Enes. Começou pela literatura, mas depressa passou para um todo cultural, com ênfase nas vertentes social, política e mesmo económica. Depois veio o seu enquadramento no alargado espaço do Portugal Atlântico».

«Nos seus escritos, elevou a um patamar de excelência a reflexão sobre o arquipélago e o seu lugar. Nela, o passado ilhéu é assumido como base fundamental para se projectar o futuro e descobrir possibilidades transformadoras e de longo alcance», salienta.

O programa do encontro, com início previsto para as 21h00, inclui testemunhos de personalidades açorianas, como João Bosco Mota Amaral, primeiro presidente do Governo Regional dos Açores, e Onésimo Teotónio Almeida.

Entre os escritos de José Enes contam-se obras de poesia ("Água do céu e do mar", 1960), ensaio e crítica literária ("A autonomia da arte", 1965), além de outros títulos no domínio da filosofia, como "Linguagem e ser" (1983) e "Noeticidade e ontologia" (1999).

 

Rui Jorge Martins
Publicado em 29.10.2015 | Atualizado em 15.04.2023

 

 
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Na sequência da investigação de doutoramento, publicou em 1969 "À porta do ser", livro que para o escritor Miguel Real , autor de uma obra sobre José Enes, «revolucionou radicalmente o pensamento filosófico religioso institucional português»
O escritor Onésimo Teotónio Almeida acentua que «os Açores foram, desde muito cedo, uma preocupação central na vida e pensamento de José Enes. Começou pela literatura, mas depressa passou para um todo cultural, com ênfase nas vertentes social, política e mesmo económica»
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