«É urgente que haja leigos, religiosos e sacerdotes que estejam efetivamente capacitados para prestarem um melhor serviço de acolhimento nas comunidades, colocando-se à disposição de quem os procura para oferecerem um valioso e insubstituível “serviço de escuta” ou de acompanhamento.»
Esta convicção é um dos fundamentos do livro “A arte de ajudar – Atitudes fundamentais no acompanhamento espiritual”, do padre brasileiro Alexandre Awi Mello, secretário do Dicastério para os Leigos, Família e Vida (Vaticano), que a editora Lucerna apresenta esta sexta-feira, em Lisboa, com a presença do autor.
Com efeito, tem «vindo a aumentar em muitos lugares a procura de formação prática para a escuta de casais, jovens e todo o tipo de pessoas que chegam às comunidades procurando ser escutadas, “aconselhadas” e acompanhadas nos seus momentos de crise, de decisão ou em qualquer outra necessidade pessoal».
A «sabedoria dum grande mestre do acompanhamento espiritual», P. José Kentenich (1885-1968), é confirmada «à luz da experiência psicoterapêutica comprovada de um dos mais conhecidos psicólogos americanos do século XX e um dos principais expoentes da psicologia humanista, Carl R. Rogers (1902-1987)», refere a nota de apresentação.
Amor, respeito, escuta compreensiva e autenticidade constituem as «atitudes fundamentais» requeridas a quem faz atendimento pessoal em contexto de ajuda individual e, em particular, de acompanhamento espiritual.
Para Kentenich, fundador do Movimento de Schoenstatt, o acompanhamento espiritual não se esgota no «encontro consigo mesmo» («autoexploração» e «autoajuda»), nem no encontro com o agente pastoral «paternal» («maternal»).
«Partindo desses vínculos humanos desejáveis, o “organismo de vinculações” da pessoa amplia-se para um encontro mais profundo com Deus», lê-se no epílogo.
A compreensão «de um acompanhamento “centrado na pessoa” e, ao mesmo tempo, “orientador»”, pode ser designada de maneira mais certeira, na linguagem do Pe. Kentenich, como um «acompanhamento de serviço paternal (maternal) à vida» de todos aqueles que pedem ajuda. Eis a arte de ajudar e acompanhar vidas».
Na apresentação, marcada para as 21h15 no santuário de Schoenstatt, o autor oferece uma conferência sobre o livro, «especialmente pensada para religiosos, profissionais (professores, psicólogos, “coaches”, terapeutas e assistentes sociais) e pais de família».
O P. Awi Mello trabalhou em ligação próxima com o então arcebispo de Buenos Aires no ano de 2007, ao ter integrado a equipa que, sob a sua presidência, redigiu o documento final da assembleia dos bispos latino-americanos realizado em Aparecida.
Mais tarde, poucos meses após a eleição para papa, Francisco pediu que o P. Awi Mello o assistisse e fosse seu tradutor aquando da viagem ao Rio de Janeiro, para a primeira Jornada Mundial da Juventude em que participou.
Dois anos depois, o sacerdote nascido em 1971 entrevistou o pontífice, conversa que resultou no livro “Maria é minha mãe – Encontros do papa Francisco com Nossa Senhora”, também publicado em Portugal pela Lucerna.
