Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Ameaças, moralismos, indiferença, cruz: O escândalo Jesus continua hoje, diz Francisco

«Não nos escandalizamos porque Jesus não se escandalizou por ter de curar doentes e libertar prisioneiros no meio das discussões e controvérsias moralistas, legalistas e clericais que suscitava sempre que fazia o bem.»

Este foi um dos apelos que o papa dirigiu na manhã desta Quinta-feira Santa na missa crismal a que presidiu, na basílica de S. Pedro, no Vaticano, durante a qual os sacerdotes concelebrantes renovaram as promessas feitas durante a ordenação presbiteral, antes de se proceder à bênção dos óleos para as pessoas prestes a ser batizadas (catecúmenos), bem como nos sacramentos do Crisma e da Unção dos Doentes.

O “escândalo”, ligado à rejeição de Jesus e da sua mensagem que Ele próprio viveu, a recusa da proposta de vida plena, constituem parte integrante da missão dos sacerdotes, e por isso o papa frisou que «a hora do anúncio jubiloso e a hora da perseguição e da cruz andam juntas».

«A proclamação do Evangelho está sempre ligada ao abraço duma cruz concreta», e com esta, vincou Francisco na homilia, «não se regateia» nem pode haver meias medidas, porque ela «não tolera ambiguidade».

Por isso, abraçar a cruz «com Jesus e como Ele, desde “antes” de ir pregar», permite «discernir e repelir o veneno do escândalo» com que o «demónio» procurará envenenar as convicções de fé, quando à vida de cada pessoa «chegar inesperadamente uma cruz».

«Não nos escandalizamos, porque Jesus não se escandalizou ao ver que o seu jubiloso anúncio de salvação aos pobres não ressoava puro, mas no meio dos gritos e ameaças de quem não queria ouvir a sua Palavra», afirmou, ao comentar o Evangelho proclamado nas missas crismais (Lucas 4, 16-21).

É também a sabedoria “irracional” da cruz que permite aos cristãos não se escandalizarem, assim como «Jesus não se escandalizou por ter de dar a vista a cegos no meio de gente que fechava os olhos para não ver ou olhava para o lado».

«Não nos escandalizamos porque Jesus não se escandalizou pelo facto da sua proclamação do ano de graça do Senhor – um ano que é a história inteira – ter provocado um escândalo público que hoje ocuparia apenas a terceira página dum jornal de província», assinalou.

Francisco sublinhou que o Evangelho «não recebe a sua eficácia» das «palavras eloquentes» de quem o anuncia, «mas da força da cruz», que «salva» e tem o poder indestrutível da «força da vitória de Cristo que vence o mal».

A concluir, o papa recordou um episódio ocorrido durante «um momento muito escuro» da sua vida, quando o conselho de uma religiosa lhe iluminou o caminho: «Ouvir que o Senhor nos dá sempre o que lhe pedimos, mas fá-lo ao modo divino. Este modo envolve a cruz. Não por masoquismo, mas por amor, por amor até ao fim».


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Sala de Imprensa da Santa Sé
Imagem: James Tissot
Publicado em 07.10.2023

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Impressão digital
Paisagens
Prémio Árvore da Vida
Vídeos