A Virgem Maria voltou do espaço, sã e salva. A notícia enche de alívio as centenas de milhões de fiéis cristãos em geral que a veneram como Mãe de Deus, ou Theotokos, mas de forma particular os monges do mosteiro de Valaam, de onde ela saiu.
A história caricata quase não foi detectada pelos media, (só nos chegou à atenção agora, apesar do regresso se ter dado em Maio de 2006), mas não deixa de ser interessante, afinal de contas trata-se do primeiro exemplar de arte sacra a viajar para o espaço de que temos conhecimento.
Convém esclarecer que os Ortodoxos guardam uma reverência particular e muito especial para os ícones. Mais do que imagens sagradas, são tidas como representações vivas das figuras que apresentam, quase que uma janela para o Céu. Este conceito é levado muito a sério por alguns fiéis, havendo casais que têm um pequeno cortinado à frente dos ícones que têm no quarto, que correm sempre que têm relações sexuais.
A presença do ícone de Nossa Senhora na nave espacial Progress M54 é, por isso, muito significativa. Trata-se de uma cópia de um ícone tido por milagroso, que foi cedido especialmente pelo mosteiro onde se encontra. Os tripulantes afirmaram que o ícone ajudou a purificar a nave, e muita gente chama atenção para as bênçãos que todo o planeta terá recebido pelo facto do ícone ter dado milhares de voltas ao planeta durante os meses que esteve em órbita.
A escolha não terá sido fruto do acaso. Nossa Senhora é representada com o seu divino Filho ao colo, e de pé em cima de uma nuvem. Num gesto típico dos ícones bizantinos, o menino Jesus tem um globo terrestre numa mão enquanto a outra está erguida em gesto de benção.
Já houve quem garantisse que os muros de separação que os cristãos ergueram entre eles ao longo dos séculos não chegam até ao céu. Eu tenho dúvidas que cheguem mesmo até ao espaço, pelo que podemos esperar que as graças conseguidas por este gesto sejam benéficas para todo o corpo de Cristo na Terra, para que ela caminhe cada vez mais no sentido da unidade.
