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Façam o favor de ser felizes

Ecos das Jornadas sobre o Entretenimento e o Lazer

 

Nos dias 24 e 25 de Junho realizaram-se, em Fátima, as Ias Jornadas da Pastoral da Cultura, dedicadas à vivência do lazer e do entretenimento. Estiveram presentes representantes das Dioceses do Algarve, Angra do Heroísmo, Aveiro, Beja, Braga, Bragança- -Miranda, Coimbra, Guarda, Leiria-Fátima, Lisboa, Porto, Santarém, Viana do Castelo, Vila Real; de congregações religiosas e movimentos.

Para ajudar-nos,na perspectivação do tema em análise, contámos com os peritos: António Pinto Ribeiro (Gulbenkian); Helena da Rocha Pereira (Profª de Estudos Clássicos); Jorge Leitão Ramos (Crítico do Jornal “Expresso”); José Carlos Seabra Pereira (CADC), José Luís Ramos (Rádio Renascença); Pe. José Manuel Pereira (Padre de Aveiro); Julio Martin (Actor).

No serão de 24, actuou o grupo «Concertus Antiquus», dirigido pelo maestro Victor Roque Amaro.

Eis alguns respigos desta etapa da reflexão:

Os tempos livres, o lazer e o entretenimento são elementos basilares da construção integral da pessoa e um direito fundamental. Por eles se exercitam as dimensões criativa e festiva da vida, se dá lugar ao repouso e descontracção, mas também à gratuidade, ao encontro e ao serviço. Fortalecem-se as dimensões comunitária, a ecológica, a terapêutica, etc.

Com a revolução industrial e a emergência da necessidade de regular condições humanas para o trabalho, o tempo de descanso é defendido como uma valorização devida à dignidade do Homem. Democratiza-se progressivamente o direito ao lazer. Inicia-se uma certa organização do tempo livre com um carácter benéfico e proteccionista. A Igreja, por meio das paróquias e associações religiosas, promove um sem número de obras sociais e recreativas.

O homem moderno vai tomando consciência que não é apenas homo faber, mas também homo ludens, o que implica colocar em jogo a própria expressividade e originalidade nesse tempo de liberdade em que ele pode e deve saber escolher estar consigo próprio.

Mas há uma ambiguidade dramática na concretização do lazer: este pode ser o tempo de criação e de descanso, de enriquecimento e de desenvolvimento pessoal; contudo, na sociedade actual, ele é frequentemente um tempo de desumanização, de escravização ao consumo, de solidão, de evasão artificial, de comportamentos massificados, etc.

Torna-se cada vez mais urgente uma educação para o tempo livre, pois só assim ele adquirirá o sentido autêntico que serve, antes de tudo, a pessoa e a comunidade. Hoje o lazer e o entretenimento estão demasiado sujeitos aos ditames de uma economia que gere meios poderosos de oferta, e a uma promoção mediática que arregimenta as massas para cintilantes ilusões de felicidade. Multiplicam-se as ofertas de viagens turísticas, as aventuras programadas, a publicidade de novos centros de diversão e ócio e também o endividamento. Não há dúvida que a conversão de experiências humanas em pura mercadoria implica a sua banalização e redução significativa.

Hoje a família tem dificuldades em encontrar e gerir um tempo livre de qualidade. As férias são, por exemplo, um tempo onde a família, como instituição formativa concreta, deveria poder favorecer o descanso e o encontro, a diversão e desenvolvimento cultural e espiritual dos seus membros. O tempo livre é um tempo para viver à luz de valores estruturantes e não de meros circunstancialismos.

Importa tomarmos efectiva consciência de que falar hoje da nossa cultura como cultura de lazer e entretenimento implica reconhecermo-nos perante uma nova configuração pessoal e social, uma nova gestão do tempo e do espaço, e até uma nova política de produção e consumo.


 

SNPC
In Observatório da Cultura 5
Atualizado (mudança de grafismo da página) em 17.10.2023

 

 
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