O anúncio que Faro seria, em 2005, a Capital Nacional da Cultura, foi acolhido, desde logo, pela Diocese do Algarve com abertura e disponibilidade colaborante. Tendo em conta os objectivos e os dinamismos que este evento pre-anunciava e a importância que o Património Cultural da Igreja tem no contexto da região algarvia, a Diocese não podia ficar nem indiferente nem alheia. Igualmente, foi considerada uma oportunidade para dinamizar propostas e projectos de valorização daquele Património, para os quais ainda não fora possível encontrar meios para lhe dar seguimento.
O primeiro responsável da estrutura de missão, o Prof. António Lamas, logo que tomou posse do cargo procurou a Diocese para dar conhecimento do projecto e propor modos de colaboração. Deste primeiro contacto, foram delineadas linhas de colaboração e formas concretas de valorizar o Património Cultural da Diocese, nomeadamente ao nível da música mediante a execução de obras escritas por compositores portugueses setecentistas para as acções litúrgicas da Catedral de Faro, cujos originais integram o acervo do Arquivo Musical do Seminário diocesano.
As dificuldades de diversa ordem motivaram alterações profundas ao projecto inicial. Estas reflectiram-se na definição do programa e na extensão do evento. Entretanto o Prof. Rosa Mendes, da Universidade do Algarve, foi nomeado responsável pelo evento e, logo, manifestou o interesse em garantir a colaboração da Igreja na medida das possibilidades que estavam ao seu alcance. As dificuldades experimentadas pela estrutura de missão, também acabaram por ser sentidas no que se refere a uma colaboração mais actuante e variada por parte da Diocese. Contudo, é justo referir, a total e pronta disponibilidade do Prof. Rosa Mendes para abrir as portas e limar dificuldades que tornaram muito difícil a realização da Exposição patente no edifício do Paço Episcopal de Faro: A Invenção do mundo.
Esta exposição - A Invenção do mundo - constitui um ponto alto do evento, pela qualidade e valor, e, dentre as diversas exposições realizadas, a que fez convergir maiores apoios. Nela se concretiza a atitude e a presença da Igreja no evento. Não apenas da Diocese do Algarve mas também da Diocese de Beja, que foi responsável pela organização da mostra que revela obras de arte sacra do seu património com destaque para obras que mostram a relação com o Algarve, nomeadamente através de artistas oriundos desta nossa região.
Pelo lugar que ocupou em todo este processo importa referir quer o historial desta colaboração quer o seu significado.
Logo quando se começou a definir o perfil do projecto Faro, Capital Nacional da Cultura 2005 surgiu a possibilidade de acolher nesta cidade uma grande exposição de arte sacra que o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja poderia organizar. Esta hipótese foi de imediato acolhida pela estrutura de missão e também pela Diocese. Em primeiro lugar era necessário disponibilizar um espaço condigno. O Arq. José António Falcão, responsável por aquele Departamento e pela exposição, colocou a questão: por que não, no Paço Episcopal? O Senhor Bispo do Algarve considerou a questão, avaliou a possibilidade, medindo prós e contras e deu o seu indispensável apoio para que se pudesse avançar.
Dentre os prós evidenciavam-se o valor artístico do edifício e do conjunto de azulejos setecentistas que decoram o átrio, a escadaria e as salas do primeiro andar, e que habitualmente estão fechados ao público. De facto, por si mesmo o conjunto azulejar constituiu um valor cultural e artístico que justifica a visita ao Paço. Pode dizer-se que o espaço da Exposição e estes azulejos são um contributo de inegável valor prestado pela Diocese do Algarve à realização desta Capital Nacional da Cultura.
Dentre os contras importa mencionar as necessárias adaptações e obras de conservação e restauro que a efectivação da Exposição implicava. Estas obras exigiram um notável esforço financeiro por parte da Diocese e a procura de apoios por parte do Estado, através da Secretaria de Estado das Autarquias Locais, o qual envolveu o Governo Civil de Faro, a CCDR Algarve, a Delegação Regional do IPPAR e a Câmara de Faro. Todos os esforços conjugados permitiram a efectivação das obras necessárias, as quais permitem que, no futuro, seja possível continuar as visitas ao Paço Episcopal e garantem um espaço adequado para expor obras do Património Cultural da Diocese.
Inaugurada a 27 de Dezembro de 2005, com a presença do Secretário de Estado da Cultura, a Exposição A Invenção do Mundo revelou desde logo capacidade para suscitar o interesse de centenas de visitantes, nacionais e estrangeiros, e está a ser um elemento pedagógico e cultural que as Escolas da cidade e do Algarve estão a utilizar, mediante visitas de grupos de estudantes.
Concluindo, importa destacar que a colaboração desenvolvida entre diversas entidades regionais, a experiência adquirida, mormente do contacto e partilha com a Diocese de Beja, e as portas que se abrem em ordem a acções futuras revelam o que de melhor e mais proveitoso resultou para a Diocese da realização do evento Faro, Capital Nacional da Cultura 2005.