Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura - Logótipo
secretariado nacional da
pastoral da cultura

Com que é que se parece a mulher? Com a bondade e a inteireza

Somos templos do Espírito Santo através da nossa participação na morte e ressurreição de Jesus. Pelo Batismo e partilha da Eucaristia por todos, mulheres e homens, é dado um espaço e um lugar sagrado no coração do seu próprio ser.

Hoje, Dia da Mulher, guardamos em especial essa herança que as mulheres possuem pela santificação do Espírito. Além disso, pelo «Sim» de Maria, que é agora a Grande Mulher no Céu, temos também a garantia duma santidade, chamadas que somos a viver a nossa plena dimensão humana e divina, transformadas e transfiguradas pela graça. Maria é abençoada entre as mulheres, e por ela todas as mulheres são abençoadas.

A nossa posição, quanto ao carácter sagrado das mulheres, é assim inspirada pela história da revelação e da salvação. Isso foi sabiamente expresso nos ensinamentos da Igreja e nos documentos dos bispos, na Índia, na Ásia e em todo o mundo.

A mulher é criatura de Deus, e todos os seres humanos foram criados iguais, sem diferença em qualidade, estatuto e dignidade. O Antigo Testamento tem exemplos brilhantes de mulheres que se destacam pela sua liderança e a sua fé.

No ministério de Jesus houve mulheres diretamente envolvidas, mulheres de várias idades e situações, que souberam acolher os seus gestos, a sua cura e uma inclusão em várias etapas e a vários níveis da sua situação como mulheres. Por isso, neste Dia Internacional da Mulher, somos encorajadas a evocar e a celebrar a existência, a dignidade, os direitos e os contributos das mulheres, lembrando que não há que presumir que as mulheres estarão sempre lá, seja em que situação for: é que, durante décadas e muitos séculos, foram uma parte da Humanidade oprimida e privada da sua dignidade.



O suor das mulheres é para a sobrevivência: entendei e cooperai./ Os abraços das mulheres dão bem-estar: alegrai-vos ao acolhê-los./ A compaixão das mulheres é eficaz: cheia de misericórdia./ A solidão das mulheres é real: cuidai da sua inclusão



O papa Francisco – em 2 de dezembro de 2014, na cerimónia de assinatura da Declaração Universal contra a Escravatura, por parte de líderes de Comunidades Religiosas – disse que «cada uma e todas as pessoas são iguais e a sua liberdade e dignidade tem de ser reconhecida. Qualquer relação que discrimine ou desrespeite a convicção fundamental de que “o outro é como eu” constitui um crime, e frequentemente um crime horrendo. Declaramos – continua o Papa – em nome daqueles que apelam às nossas comunidades para agirem, que cada ato de privação das liberdades individuais com o propósito da exploração pessoal e comercial seja liminarmente rejeitada, sem exceção». No art. 274.º, diz Francisco: «Sem olhar a quaisquer aparências, cada pessoa é imensamente sagrada e merecedora do nosso amor.»

A cultura da indiferença mencionada pelo nosso arcebispo, Anil J. T. Couto, na sua Pastoral da Quaresma, convida-nos também a mudar de atitudes e a comprometermo-nos numa ação conjunta pela justiça para todos, em particular para as mulheres. Mais adiante, o papa Francisco lembra ainda o seguinte: «Duplamente pobres são aquelas mulheres que sofrem situações de exclusão, maus-tratos e violência, sobretudo por serem muitas vezes incapazes de defender os seus direitos. Mesmo assim, testemunhamos constantemente exemplos impressionantes de mulheres que vivem um heroísmo quotidiano, defendendo e protegendo as suas vulneráveis famílias» (“Evangelii gaudium”, n. 212).

Neste dia, queria que lembrássemos e rezássemos pelas mulheres deste país que sofrem as consequências de serem ativistas e de tomarem posições públicas a favor da justiça e da verdade dos factos.



O calor feminino dá energia: confiemos no seu olhar./ A construção feminina da paz é fonte de vida: apoiemos o seu esforço./ As mulheres sabem como rezar: Deus escuta-as sem demora./ A sua caridade é singular: dirige-se ao coração



Quando chegarem a casa, procurem na Internet ou na imprensa o que as mulheres (e também outros) têm feito. Há que ler e estudar os jornais, partilhar com os nossos amigos e familiares, e mesmo arquivar alguns desses artigos e histórias de sucesso no desenvolvimento de atitudes justas, apoiando mudanças concretas tanto interiores como sociais. Gostava de sugerir que cada família começasse a colecionar exemplos de boas práticas de mulheres, para que, no próximo ano, possamos realizar uma exposição sobre ações levadas a cabo pelas mulheres.

Ontem, na minha aula de Formação de Professoras, em Deli, as jovens contaram como os seus irmãos troçam delas, neste Dia da Mulher: «Que pena não termos nascido mulheres!» Eu disse--lhes para explicarem aos irmãos a razão por que estamos, hoje em dia, a dar relevo aos direitos das mulheres, à sua dignidade e privilégios. Os rapazes também precisam ser educados de modo a conhecerem o passado de sofrimento e de subjugação das mulheres, bem como a atual hostilidade, chegando ao ponto da violência contra elas. Homens e mulheres, raparigas e rapazes, precisam de se envolver, de alma inteira, para mudarem esta situação.

Neste espírito, escrevi um texto, especialmente dirigido à nossa comunidade, aqui, hoje, para que guardemos a beleza, a dignidade e o poder das mulheres diante de nós, no dia a dia das nossas vidas e nos tempos que aí vêm:

Quem é a mulher? – Uma criação divina.
Como é a sua natureza? – Saturada de graça.
Com que é que se parece a mulher? – Com a bondade e a inteireza.
Que destino é o seu? – Seguir Jesus e continuar a obra divina pela palavra e pela vida.

O espírito da mulher é sublime: um dom de Deus.
A sua alma é divina: chega às estrelas.
O corpo feminino é sagrado: merece o nosso respeito.
O seu trabalho é santo: que o possa realizar em paz.
O seu gesto de afeto alimenta: aceitemo-lo com alegria.
As palavras da mulher são belas: há que ouvi-las atentamente.
O cuidado feminino conforta e acalma.

O seu contributo é sacerdotal: abençoado do Alto.
O alimento é vital para a mulher: há que alimentá-la bem.
Os milagres femininos são magníficos: acreditai e rejubilai.
São como diamantes as lágrimas das mulheres: guardai-as com carinho.
A zanga das mulheres é criativa: procurai a sua razão.

O suor das mulheres é para a sobrevivência: entendei e cooperai.
Os abraços das mulheres dão bem-estar: alegrai-vos ao acolhê-los.
A compaixão das mulheres é eficaz: cheia de misericórdia.
A solidão das mulheres é real: cuidai da sua inclusão.
As mulheres são exímias na cozinha: apreciai a sua comida.
A sua dança é esplêndida: segui os seus passos.

O tempo livre das mulheres é precioso:
contribuí para que se divirtam mais.
O seu dinheiro é cheio de bondade: fazei que se multiplique.
As necessidades femininas são essenciais: ajudai-a a satisfazê-las.
Os seus problemas são graves: colaborai na sua resolução.
O amor das mulheres brilha qual arco-íris:
deixai-vos aquecer e partilhar desse brilho.
O pensamento feminino é flexível: reconhecei a força da sua mente.
A gentileza das mulheres é enorme: observai-a para com ela aprenderdes.
A sua beleza é única: admirai o seu carácter.
As suas falas são fecundas: dai a conhecer o seu bom-senso.
A alegria feminina é contagiosa: sorri e ecoai essa alegria.
A carga das mulheres é pesada: ajudai-as a carregá-la.
Os seus sonhos são dinâmicos: que eles se tornem realidade.

O conselho das mulheres é admirável: fundado na experiência.
As mulheres têm falhas e negligências: perdoai-as e esquecei.
As suas feridas podem ser dolorosas: rezai para que sarem.
A sua escrita é valiosa: dai-lhe atenção.
As mulheres dão ordens importantes: obedecei-lhes com gosto.
As suas esperanças dão sustento: dai-lhes apoio.

A maternidade é salvífica: um privilégio para todos.
Das mulheres, a privacidade é limitada: há que dar-lhe mais espaço.
A sua esperança de vida é longa: expandi-a mais ainda.
Os gritos das mulheres ainda se fazem ouvir: correi a defendê-las.
A casa das mulheres irradia segurança: ajudai-as a manter tal segurança.
Os seus direitos dão-lhe dignidade: ajudai-as a mantê-los.
A sua coragem é contagiosa: aprendei com a sua coragem.
A legislação feita por mulheres é poderosa: elegei mais mulheres.
Quando cantam, as mulheres são expressivas: assimilai os seus temas.
O seu serviço é genuíno: possamos todas fazer florir esse impulso.
O seu sucesso é imenso: recompensemo-lo em abundância.
A firmeza das mulheres transborda ternura: aprendamos a sua força.

A sua paciência é transbordante: que em nós ressoe em profundidade.
A sua política é corajosa: assumamos a mesma bandeira.
O calor feminino dá energia: confiemos no seu olhar.
A construção feminina da paz é fonte de vida: apoiemos o seu esforço.
As mulheres sabem como rezar: Deus escuta-as sem demora.
A sua caridade é singular: dirige-se ao coração.

Que Deus abençoe todas as mulheres da Terra,
e nos abençoe a nós também!


 

Pearl Drego
Membro do Movimento Graal, Índia
In “Deus é o existirmos e isto não ser tudo”, ed. Paulinas
Imagem: "Mulher com colar de pérolas" (det.) | Mary Cassatt | 1879
Publicado em 10.10.2023

 

 
Relacionados
Destaque
Pastoral da Cultura
Vemos, ouvimos e lemos
Perspetivas
Papa Francisco
Impressão digital
Paisagens
Prémio Árvore da Vida
Vídeos