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«Dizer misericórdia» é «dizer amanhã, compromisso, confiança, abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos», afirma papa

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«Dizer misericórdia» é «dizer amanhã, compromisso, confiança, abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos», afirma papa

Queres a «vertigem alienante» ou preferes a «força da graça»?: esta foi uma das perguntas que o papa colocou hoje, na cidade polaca de Cracóvia, a dezenas de milhares de jovens durante o primeiro encontro com os participantes na 31.ª Jornada Mundial da Juventude.

Na sua intervenção, Francisco voltou a insistir na necessidade de pôr em prática a compaixão por quem sofre, insistindo, como já tinha feito no primeiro discurso que proferiu na Polónia, esta terça-feira, na importância de abrir as portas aos estrangeiros.

«Um coração misericordioso tem a coragem de deixar a comodidade; um coração misericordioso sabe ir ao encontro dos outros, consegue abraçar a todos. Um coração misericordioso sabe ser um refúgio para quem nunca teve uma casa ou a perdeu, sabe criar um ambiente de casa e de família para quem teve de emigrar, é capaz de ternura e compaixão», apontou.

Para o papa, «um coração misericordioso» é também aquele que «sabe partilhar o pão com quem tem fome, um coração misericordioso abre-se para receber o refugiado e o migrante», pelo que «dizer misericórdia» é o mesmo que «dizer oportunidade, dizer amanhã, compromisso, confiança, abertura, hospitalidade, compaixão, sonhos».

 

Aproveitar «os belos anos» da vida

O papa recordou que quando foi bispo, em Buenos Aires, aprendeu que «não há nada de mais belo do que contemplar os anseios, o empenho, a paixão e a energia» da juventude.

Por isso, para Francisco é triste «encontrar jovens que parecem "reformados", e preocupante ver rapazes e raparigas «que desistiram antes do jogo; que "se renderam" sem ter começado a jogar; que caminham com a cara triste, como se a sua vida não tivesse valor. São jovens essencialmente chateados... e chatos».

As promessas de felicidade que muitos jovens seguem, atraídos pela radicalidade de viver em plenitude, e que em vez de conduzirem à felicidade têm a depressão como fim, foram também mencionadas pelo papa.

«É duro, e ao mesmo tempo interpela-nos, ver jovens que deixam a vida à procura da "vertigem", ou daquela sensação de se sentir vivos por vias obscuras que depois acabam por "pagar"... e pagar caro. Dá que pensar quando vês jovens que perdem os anos belos da sua vida e as suas energias correndo atrás de vendedores de falsas ilusões (na minha terra natal, diríamos «vendedores de fumaça») que vos roubam o melhor de vós mesmos», assinalou.

«Por isso, queridos amigos, estamos aqui reunidos para nos ajudarmos uns aos outros, porque não queremos deixar que nos roubem o melhor de nós mesmos, não queremos permitir que nos roubem as energias, a alegria, os sonhos com falsas ilusões», prosseguiu o papa.

 

Cristo, caminho de vida e misericórdia

A resposta ao anseio de alegria está em quem não se pode comprar, mas só encontrar: «Para ser plenificados, para ter uma força renovada, há uma resposta: não é uma coisa, não é um objeto; é uma pessoa e está viva, chama-se Jesus Cristo».

«Jesus Cristo é aquele que sabe dar verdadeira paixão à vida, Jesus Cristo é aquele que nos leva a não nos contentarmos com pouco e a dar o melhor de nós mesmos; é Jesus Cristo que nos interpela, convida e ajuda a erguer-nos sempre que nos damos por vencidos. É Jesus Cristo que nos impele a levantar o olhar e sonhar a altitude», apontou o papa.

Maior do que a fraqueza pessoal, é a misericórdia de Deus: «"Eu sou fraco, eu caio, esforço-me, mas tantas vezes caio"; os alpinistas, quando sobem as montanhas, cantam uma canção muito bonita, que diz assim: na arte de subir o que importa não é não cair, mas não ficar caído. Se és frágil, se cais, quando caíres olha para cima», salientou.

Estimulado a crescer no conhecimento e no amor, o encontro com Cristo depressa se traduz em atitudes: «Quem acolhe Jesus, aprende a amar como Jesus. Então pergunta-nos se queremos uma vida plena: Queres uma vida plena? Começa a deixar-te mover à compaixão! Porque a felicidade germina e desabrocha na misericórdia. Esta é a sua resposta, este é o seu convite, o seu desafio, a sua aventura: a misericórdia».

Prestes a concluir as suas palavras, Francisco dirigiu a Deus uma oração, que constitui também um desafio, aos jovens e à Igreja: «Lançai-nos na aventura da misericórdia! Lançai-nos na aventura de construir pontes e derrubar muros (cercas e arame farpado); lançai-nos na aventura de socorrer o pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não encontra sentido para a sua vida».

«Impele-nos, como a Maria de Betânia, para a escuta daqueles que não compreendemos, daqueles que vêm de outras culturas, outros povos, mesmo daqueles que tememos porque julgamos que nos podem fazer mal. Fazei que voltemos o nosso olhar, como Maria de Nazaré para Isabel, para os nossos idosos a fim de aprender com a sua sabedoria», afirmou.

 

Amanhã, Auschwitz, Birkenau e via-sacra

No caminho para o Parque de Blonia, onde decorreu o encontro que finalizou o segundo dia da visita à Polónia, Francisco foi transportado no "elétrico papal", pelas ruas da cidade, na companhia de jovens com deficiência.

A agenda desta sexta-feira prevê um dos momentos mais significativos da viagem: a oração, em silêncio, nos campos de concentração de Auschwitz e Birkenau, onde chegará, a partir de Cracóvia, por helicóptero.

De regresso a Cracóvia, Francisco visita o Hospital Pediátrico Universitário e, ao final da tarde, volta ao parque de Blonia para participar na via-sacra com os jovens, inserida no programa da Jornada Mundial da Juventude.

 




 

Rui Jorge Martins
Publicado em 28.07.2016 | Atualizado em 25.04.2023

 

 

 
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«[Deus,] lançai-nos na aventura da misericórdia! Lançai-nos na aventura de construir pontes e derrubar muros (cercas e arame farpado); lançai-nos na aventura de socorrer o pobre, quem se sente sozinho e abandonado, quem já não encontra sentido para a sua vida»
«Impele-nos, como a Maria de Betânia, para a escuta daqueles que não compreendemos, daqueles que vêm de outras culturas, outros povos, mesmo daqueles que tememos porque julgamos que nos podem fazer mal»
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