A ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social é uma das participantes na sexta edição da “Nova Ágora”, ciclo de debates organizado pela Pastoral da Cultura da arquidiocese de Braga que começa na próxima semana, debatendo, como é habitual, temas da atualidade, como a ecologia, a pandemia e a precariedade no trabalho.
«O mundo da Nova Ágora não é um mundo fechado no catolicismo, mas sim aberto a todos aqueles que agem movidos pelo intuito de servir o Homem», afirmou o arcebispo de Braga durante a apresentação da iniciativa, refere a página da arquidiocese bracarense.
Ao referir-se às personalidades convidadas, D. Jorge Ortiga explicou que foram procurados peritos «dentro e fora da Igreja»: «Algumas pessoas sabemos que são católicas, outras nem sabemos que confissão têm. Queremos é escutá-las com a atenção de quem está a ouvir algo de novo».
«O papa Francisco lançou um desafio que consistia na elaboração de laboratórios culturais. Estes tornam-se providenciais nesta hora, por isso desejo que sejamos capazes construí-los. Os temas deste ano são um campo fértil a ser explorado e que deve deixar incidências na sociedade. A cultura deve envolver-nos e mover-nos quotidianamente, deve ajudar à construção de um caminho novo para a sociedade», vincou o prelado, salientando que o ciclo projeta-se para audiências que ultrapassam o território da arquidiocese.
A importância da cultura foi igualmente sublinhada pelo coordenador da iniciativa, por ter a capacidade de transformar «a lente com que se vê o mundo» e dispor «o espírito para ser capaz de olhar mais longe do que a fronteira da freguesia mais próxima».
«Consideramos que dialogando, mesmo com gente que possa pensar diferente de nós, estamos a contribuir para abrir os olhos de todas as pessoas», procurando ter «impacto nas políticas e nas perceções» sobre os temas em debate, acrescentou o Cón. Eduardo Duque, diretor da Pastoral da Cultura da arquidiocese.
O professor universitário, referindo-se aos assuntos em debate, denunciou o consumismo desmedido e a espoliação das matérias-primas dos países do terceiro mundo, seguindo a cartilha do «paradigma do sucesso rápido e fácil».
O responsável chamou também a atenção para a apropriação indevida de vacinas contra a Covid-19, doença que «atirou milhares de pessoas para o empobrecimento», e frisou que «há limites para tudo».
O Covid-19 foi também objeto de considerações do arcebispo, por ter originado «uma grande interdependência comum e entre saberes. O problema é que, não raramente, em vez da cooperação entre pessoas, nota-se quase uma concorrência entre elas, cada um quer chegar primeiro ao seu destino»; e vincou: «Isso é tudo o que não queremos que a Nova Ágora seja. Pelo contrário».
«Os temas deste ano são um campo fértil a ser explorado e que deve deixar incidências na sociedade. A cultura deve envolver-nos e mover-nos quotidianamente, deve ajudar à construção de um caminho novo para a sociedade», assinalou.
Os encontros, que decorrem pela internet, às sextas-feiras, pelas 21h00, iniciam-se a 5 de março, data que coloca no centro do debate “A agonia do planeta: a exigência de uma conversão ecológica”, com as intervenções dos professores universitários Bagão Félix, Domingos Xavier Viegas e Orfeu Bertolami.
Na semana seguinte, dia 12, os médicos e docentes universitários Fernando Regateiro, Pedro Morgado e Miguel Oliveira refletem sobre “Medicina e saúde, à luz da pandemia”.
“Precariado: novas explorações laborais” é o assunto que conclui o ciclo, a 19 de março, reunindo Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Paulo Marques, professor e investigador, e Paulo Granjo, doutorado em Antropologia Social.
À semelhança do que aconteceu nos anteriores ciclos realizados presencialmente, está previsto um tempo de debate no qual serão consideradas as questões que o público colocar através do Facebook e YouTube da arquidiocese, plataformas que transmitem as sessões.
D.R.