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Judeu e muçulmano trabalham e rezam juntos: «Esta é a nossa realidade quotidiana»

Dois paramédicos do Magen David Adom, o equivalente israelita da Cruz Vermelha Internacional, ainda se estão a recompor da difusão internacional da fotografia que fixa o momento em que, junto à ambulância que tripulam, se recolhem em oração.

Na imagem, obtida pelas 18h00, vê-se Avraham Mintz, de 43 anos, voltado para Jerusalém, tendo sobre os ombros o “talled” hebraico, enquanto o seu companheiro, Zoher Abu Jama, muçulmano, de 39 anos, está ajoelhado no chão, sobre o seu tapete, orientado na direção de Meca.

Os dois prestam serviço na região de Be’er Sheva, no sul de Israel, e não percebem «o clamor suscitado pela foto»: «Simplesmente rezávamos juntos. Esta é a nossa realidade quotidiana», afirmou Avraham ao "New York Times".

«Quando chega o momento, paramos a ambulância durante alguns minutos. Cada um reza também pelo outro. Neste trabalho é normal deixar de lado a política, porque somos chamados a ajudar pessoas em dificuldade», observou Zoher.

Avraham pensa que é o facto de o gesto ser simples que o torna «tão poderoso»; e acrescenta: «Acredito que Zoher e eu, e a maior parte do mundo, entendemos que precisamos de levantar a cabeça e rezar. È tudo o que resta», declarou à CNN.

«Tentamos rezar juntos, em vez de em momentos separados. Temos muitas emergência a enfrentar neste momento», apontou Avraham, referindo-se aos 4300 casos de contágio por coronavírus, que começa a fazer sentir-se no país, e que causou 15 mortos.

Os pedidos de ajuda chegam atualmente aos cem mil por dia, mais de dez vezes o volume normal: «O mundo inteiro está a combater contra o coronavírus».

«Esta é uma doença que não faz distinção de religião ou de outro género. As diferenças são postas de lado. Trabalhamos juntos, vivemos juntos. Esta é a nossa vida», vincou Zoher.

Abu Jama, que deixou o trabalho como instrutor de condução para ajudar na luta contra a pandemia, é um dos voluntários que Avraham treina, e tem sobre ele uma opiniao positiva: «Penso que ele é uma pessoa que dá e recebe o sentimento de honra, e isso é importante».

Na sua oração, Abu Jama, pai de sete crianças, tem presente a sua mãe, idosa e fraca, com quem tem procurado manter a distância física, apesar de viverem na mesma casa; já Avraham Mintz, pai de nove filhos, nas suas preces, guarda um pedido a Deus: «Que Ele me deixe ver o fim, o bom fim. Porque eu seu que há um bom fim. E eu espero estar lá».


 

Rui Jorge Martins
Fontes: New York Times, CNN; com Avvenire
Publicado em 30.03.2020 | Atualizado em 09.10.2023

 

 
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