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Mar e céu na capela da Santa Cruz Lux Aeterna

A capela da Santa Cruz é um edifício religioso sem tempo, uma ponte que liga passado, presente e futuro, projetada em 2015 por Laertis-Antonios Ando Vassiliou, Pantelis Kampouropoulos, e Michalis Takopoulos para a OPA – Open Platform for Architecture.

O projeto, não concretizado, «traduz simbolismo e milénios de tradição com uma materialidade baseada na simplicidade e harmonia da arquitetura contemporânea. A pureza da fé é celebrada neste design minimalista privado de elementos terrenos de distração».

Proposto para a ilha de Sérifos [Grécia], possui uma fachada à beira do despenhadeiro sobre o mar Egeu, colocando o ser humano face a face «com a beleza e a magnanimidade da criação» divina.

«A sua forma pura permite usufruir da magnífica vista e do jogo de luzes e sombras. A capela seria construída em materiais simples: madeira, vidro e cimento, que se integram no terreno à volta. A paisagem é árida, combinando-se perfeitamente com o acabamento rugoso das superfícies em bruto em betão da capela.

Na simplicidade essencial, a capela é definida por uma cruz saliente que cria o espaço, organizado em três níveis. A ideia de integrar este símbolo religioso na arquitetura da igreja não é nova, mas nunca tinha sido realizada com uma orientação vertical. Até agora, a cruz tinha sido inserida só em posição horizontal ao projetar igrejas de planta em forma de cruz. Além deste uso histórico, as aberturas em forma de cruz são também utilizadas como elementos iluminantes nas paredes de várias capelas contemporâneas.

Como em todos os edifícios subterrâneos, a capela beneficia do isolamento térmico co terreno circundante para obter um ambiente de temperatura constante. O impacto ótico do edifício na paisagem é mínimo, com uma só fachada no lado dos rochedos, e o campanário integrado que emerge do nível do solo. De noite, a capela iluminada é visível de longe, funcionando como um farol para crentes e viajantes.

A luz proveniente do Oriente penetra na capela através da fachada vidrada anterior e o vidro colorido “vitreaux” que corre ao longo da espinha dorsal do edifício, culminando na fachada ocidental com a porta giratória em madeira. Os esquemas de luzes dinâmicos abraçam o cimento bruto com refrações coloridas, homenagem reverente a igreja de “Ronchamp”, de Le Corbusier e à “Igreja da Luz”, de Tadao Ando. Depois de ultrapassada a ampla porta giratória inserida na cruz, o visitante depara-se com um panorama extraordinário sobre o mar, enquanto é espiritualmente transportado pela atmosfera solene e transcendental.

O espaço é despojado, puro e humilde, permitindo uma contemplação silenciosa e tranquila, e a oração. Os detalhes internos: a mesa sagrada e o auditório, composto por bancos em cimento acabados em madeira quente, são complementares da simplicidade dos materiais e do design. A iconografia que decora as paredes do edifício é literalmente inovadora, dado que é tridimensional e inserida no corpo em cimento da capela.

As imagens são “esculpidas” na parede de cimento, e, apesar da ausência de cores e metais preciosos, a humilde luz que entra na capela pelo teto e pela fachada revela as suas formas e confere-lhes uma fluidez vivaz. E ao mesmo tempo que as imagens conservam o estilo dos frescos nas igrejas ortodoxas tradicionais, o novo meio expressivo integra-as com o resto do edifício, como subtis referências à tradição numa marca distintiva contemporânea.»


 

OPA – Open Platform for Architecture
In Thema
Trad.: Rui Jorge Martins
Publicado em 09.10.2023

 

 
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