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Mosteiro que acolheu Cartuxos em Évora recebe visitas guiadas

O mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, em Évora, que até 2019 acolheu a única Cartuxa em Portugal, apresenta até setembro um programa de quinze visitas guiadas (as duas primeiras esgotaram a lotação), enquanto se aguarda pela chegada das religiosas do Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará (o ramo feminino da Família Religiosa do Verbo Encarnado).

A Fundação Eugénio de Almeida, proprietária do espaço, abre as portas do «eremitério que foi a casa cartusiana do Alentejo», oferecendo um itinerário orientado «para a descoberta dos rituais, dos hábitos e dos exercícios espirituais que pontuaram o quotidiano da vida dos monges que a habitaram».

Trata-se, acrescenta a instituição, de «uma experiência única de viagem pela história e pelo património que deu forma terrena aos votos de isolamento e silêncio da Ordem contemplativa de S. Bruno».

As visitas são conduzidas pelo arquiteto Luís Ferro, autor do livro "O Eremitério da Cartuxa de Évora - Arquitetura e vida monástica" (ed. Canto Redondo), que recebeu o Prémio Frei Bernardo Domingues em 2019, ano da publicação. 

O especialista destaca que o mosteiro exerceu sempre «enorme fascínio», quer pelo «encerramento e isolamento em que os monges viviam», quer pelo seu «exemplo de vida», no cumprimento de uma regra que, por ser «tão rígida, alimenta a curiosidade».



«Percebi, na primeira visita, que o espaço das celas desperta grande curiosidade», talvez por estar «mais ligado à própria vida dos monges, como homens em isolamento e silêncio»



Em declarações na edição de hoje do “Público”, Luís Ferro mostra-se convicto de que «no mosteiro ainda há energia da presença deles [monges], nos ambientes, nos corredores e celas vazios. Como se fosse um projeto incompleto».

O percurso passa pelos «pontos mais importantes do mosteiro que estruturavam a vida cartusiana», a começar pela portaria, onde os visitantes ficam com uma síntese da história da Ordem da Cartuxa e do mosteiro.

O roteiro prossegue pelo claustro pequeno, passando pela sala do capítulo, refeitório e igreja, até ao eremitério, o núcleo «mais singular e importante da arquitetura cartusiana», disposto num quadrado de 78 metros, onde se dispõe a galeria de celas.

«Percebi, na primeira visita [25 de julho], que o espaço das celas desperta grande curiosidade», talvez por estar «mais ligado à própria vida dos monges, como homens em isolamento e silêncio», afirma Luís Ferro.

O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli foi o primeiro a ser fundado pela Ordem dos Cartuxos em Portugal, no ano de 1587. Em 1834, com a extinção das ordens religiosas no país, os monges foram obrigados a partir. O regresso dos religiosos ocorreu em 1960, tendo terminado em 2019.

A próxima visita com lotação disponível está marcada para 15 de agosto, às 8h00. As restantes (com data e hora sujeitas a alteração) são as seguintes: 16/8, 8h00; 22/8, 8h00; 23/8, 8h00; 29/8, 8h00; 30/8, 8h00; 5/9, 19h00; 6/9, 19h00; 12/9, 8h00; 13/9, 8h00; 19/9, 19h00; 20/9, 19h00.

A participação é gratuita, mediante inscrição prévia, através do preenchimento e submissão do formulário que será disponibilizado todas as quartas-feiras. Cada inscrição corresponde a um participante. A visita é limitada a 20 pessoas no máximo. É obrigatória a utilização de máscara.


 

Rui Jorge Martins
Fontes: Fundação Eugénio de Almeida, Público
Publicado em 06.08.2020 | Atualizado em 09.10.2023

 

Mais informações: Fundação Eugémio de Almeida

 

 
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