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«Manter viva a memória de Cristo na nossa cultura é uma das contribuições mais decisivas que a Igreja nos deu»

O que é mais importante (criar, manter, repensar) na relação da Igreja com a Cultura?

Como é evidente para um católico, a cultura nunca é completamente independente da relação que temos com a nossa tradição católica e apostólica romana. Quando penso em cultura, e agora penso na arte contemporânea, não consigo quase nunca desligar-me das noções de Belo que estão diretamente relacionadas com as imagens que a vida de Cristo nos trouxe. Ou seja, não há nada mais belo que esse exemplo e é à luz desse padrão que eu avalio a arte.

A cultura não é apenas arte. Ela é uma das variáveis mais importantes do que somos. E, de novo, é quase impossível, mesmo para um não católico, desligar a cultura ocidental da história da Igreja e do exemplo de Cristo. Esta perspetiva ajuda a enquadrar todas as nossas formas de relação com a cultura. Eu, enquanto católico, torno-me mais culto para ser mais capaz de desempenhar o meu papel na Terra; eu, não católico, torno-me mais culto para entender tudo aquilo que ajuda a desenhar as variáveis da minha vida.

Para nós, católicos, é muito mais cheio vivermos a nossa cultura com base numa experiência tão marcante como foi a história de Cristo, e a partir daí relacionarmos a nossa vida com esse exemplo e tentarmos guiar-nos por ele o mais possível. Mas mesmo para os não católicos não há cultura sem este exemplo, nem que seja para o contrariar ou colocar em perspetiva com tudo o resto. Manter viva a memória de Cristo na nossa cultura é uma das contribuições mais decisivas que a Igreja nos deu.

Desde o papa João Paulo II a Igreja tem mantido uma relação muito aberta com a cultura. Acho que essa é a visão que todos desejamos: ver a Igreja em diálogo com todas as variáveis que contribuíram para desenhar a cultura ocidental. Esse ecumenismo, essa capacidade de nos abrirmos ao outro - que é também um exemplo da vida de Cristo - é algo que a Igreja não deve perder, estimulando-a e reforçando-a o mais possível.

Quando o nosso papa visitou Portugal [maio de 2010] tivemos campanhas que encheram as ruas com mensagens do evangelho muito simples mas muito abertas. Este tipo de iniciativas ajuda a manter viva a marca da cultura que foi a vida de Cristo e o exemplo da capacidade de amar os homens que ele nos deu. Tudo o que contribuir para manter vivo a abertura às outras formas de olhar a humanidade e tudo o que manter vivo a palavra e o exemplo de Cristo constituem elementos essenciais da relação da Igreja com a cultura.

 

Este depoimento integra a edição de novembro de 2011 do "Observatório da Cultura" (n.º 16).

 

 

Martim Avillez
Comentador político
Publicado em 17.11.2011 | Atualizado (mudança de grafismo da página) em 03.06.2025

 

 

 
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