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Palavras para o silêncio de Sábado Santo

Propostas para inspirar e alimentar a espiritualidade extraídas das homilias proferidas por bispos diocesanos em Portugal nas celebrações de Quinta-feira e Sexta-feira Santas, disponíveis para leitura.




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«Tutelar e ser guardião dos que nos são confiados significa, como para S. José, amar com a ternura de um pai, pensando sobretudo no seu bem e na sua felicidade, agindo com discrição e com perseverante generosidade. Trata-se de uma atitude interior, que leva a nunca perder de vista os que nos são confiados, discernindo o melhor momento para se aproximar ou para se afastar, mantendo sempre um coração vigilante, atento e orante.»

D. Manuel Quintas, bispo do Algarve
Quinta-feira Santa (missa crismal)





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«É tempo de conversão, de renovação, de nos questionarmos sobre o que somos e como somos, alterar comportamentos e modos de vida, enfim, só em sintonia com o Evangelho, em cujo núcleo estão as Bem- aventuranças, responderemos às exigências da evangelização dos pobres, dos excluídos, dos prisioneiros e marginalizados.»

«Esta é a hora de vivermos a nossa fé de maneira consciente e ativa e não como meros expectadores do que se passa na Igreja e no mundo.»

«O caminho que hoje se coloca perante nós cujo primeiro protagonista é Jesus de Nazaré cruza-se com o caminho de cada um de nós. Só entrando nele reconheceremos a sua finalidade e dele recolheremos o sentido da vida humana, nomeadamente do sofrimento, da ignomínia, do desprezo e da própria morte.»

D. João Lavrador, bispo de Angra
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Esta crise pandémica, social e económica pôs a descoberto muitas fragilidades da sociedade e até da Igreja: os pobres continuam mais pobres, enquanto outros passam pela crise como se nada fosse com eles. As notícias dos meios de comunicação social referem diferenças salariais gritantes, corrupção que nos envergonha e uma sociedade mais desigual, a par de gestos altruístas de tantos profissionais de saúde, de empresários que lutam por manter os postos de trabalho e de tantos voluntários que vão minorando o sofrimento, dando esperanças àqueles que a perderam. Reconheçamos que Cristo nos sai ao encontro nos nossos irmãos.»

«A sua morte [de Jesus] é por todos, por isso também lava os pés a Judas, aquele que o vai entregar. Jesus cinge-se para a sua morte, porque na sua morte está a vitória divina sobre o ódio do mundo. Na sua morte está a sua glorificação, porque ela é a consequência de uma vida em favor dos outros, e assim o amor vence o ódio.»

«Este Deus, crucificado por mim, não permite que tenhamos uma fé egoísta, mas leva-nos a olhar para tantos crucificados por tantas injustiças do mundo de hoje. Assim é o Deus dos cristãos: um Deus débil, que não tem outro poder senão o seu amor incondicional. Quem é discípulo de Jesus Cristo crucificado aceita o sofrimento como uma experiência transformadora. O sofrimento existirá sempre, mas o amor pode convertê-lo em dom oferecido a Deus e aos irmãos.»

D. António Moiteiro Ramos, bispo de Aveiro
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Comungamos o Corpo de Jesus, ou melhor, recebemos a comunhão sacramental do Seu Corpo na Eucaristia, mas verificamos também que essa comunhão, embora feita com devoção, muitas vezes não se traduz numa comunhão concreta com os irmãos. Porquê? »

«Neste ano de pandemia, queridos irmãos e irmãs, a morte de tanta gente, noticiada em cada dia na comunicação social, tornou mais visível e próxima de todos nós, a certeza de que morreremos. Somos seres mais conscientes da fragilidade da nossa existência, e isso deve ajudar-nos a ser humildes e magnânimos nos nossos relacionamentos com o próximo.»

D. João Marcos, bispo de Beja
Quinta-feira Santa (missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Há, ou pode haver, um estilo pastoral marcado pela superioridade e autoridade. Importa descer ao nível da pessoa e expressar gestos de afectividade e compreensão. Não somos juízes de ninguém e necessitamos de entrar meigamente nas feridas. A solicitude é sempre eterna e as palavras devem oferecer estímulo e nunca provocar afastamentos. Não precisamos de grandes coisas. Os pequenos gestos falam muito quando estão carregados de amor. Custa um pouco mas valem muito. A ternura aprende-se e o Deus em que acreditamos é um “Deus de ternura que é bom para com todos e a Sua ternura repassa todas as Suas obras”.»

«A toalha à cintura [cf. Jesus que lava os pés aos discípulos] explica e abre perspetivas que cada cristão deve intuir e descobrir. Como consequência, a Igreja terá de aparecer diante do mundo nesta atitude de serviço. Talvez o passado nos fale de domínio e centralidade, de uma Igreja voltada para si na defesa das suas verdades. O Espírito Santo está hoje a conduzi-la para o mundo, para aí viver segundo a gramática da atenção, disponibilidade, entrega à causa. Terá de se descentrar e reconhecer que a lógica da toalha terá de ser interpretada em todos os contextos humanos. Se não somos capazes de mergulhar nos problemas humanos, não só para os analisar e apresentar teorias consoladoras, mas para apostar em atitudes que transformem a vida de todos em experiência feliz, não somos a Igreja que Deus quer e o mundo precisa.»

«A Igreja Samaritana tem de ser uma Igreja de presença, de proximidade. Terá de se colocar bem perto de todos os calvários humanos. Pode pensar que a suas forças são diminutas, que não consegue chegar onde a sua presença é necessária. Com muito ou pouco, ela deve partir na disposição de dar tudo através de um amor incondicional, totalmente oblativo e nunca marcado por qualquer tipo de interesse. É a cruz de Cristo que o exige. Ela contém um projeto de salvação da Humanidade. Por ela nada pode ser esquecido ou ficar na mesma. É luz que denuncia situações inumanas e alento para nunca se deter perante as inúmeras dificuldades.»

D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Só o amor converte, por isso, o coração de São José é paciente, manso e humilde, como o de Jesus (cf. Mt 11, 29). Nós, seus discípulos missionários temos aqui o marcador identitário para um entusiasmo renovado e criativo e não autorreferencial. O amor de São José é sempre gratuito. O amor e a amizade autênticos não se cobram nem se negociam. Tenhamos, pois, cautela para não cultivar a amargura do coração, porque um coração amargo cai quase sempre na inveja e no prejuízo crítico sobre o próximo. A amargura não nos transforma em filhos e amigos de Deus em Jesus Cristo, mas só em submissos ou profissionais do sagrado na lógica do mérito sem acolher o Dom da Graça.»

«São João atribui expressamente ao lava-pés realizado por Jesus o significado da humildade a imitar pelos discípulos. Mas o fundamento de tudo é o amor. Jesus é o nosso lavador dos pés e o nosso pão da vida.»

«O Silêncio e a comunidade reencontram-se sob o olhar do Crucificado. É o tempo do grande silêncio (se o grão de trigo, ao cair na terra não morrer, ele permanece só; mas, se morrer, dá muito fruto – Jo 12, 24). O silêncio de Deus não significa a ausência de Deus. O silêncio de hoje envolve como a nuvem de incenso as preces de todas as pessoas que sofrem, especialmente as vítimas vivas e defuntas da atual pandemia. Rezamos com todos e por todos e recordamos igualmente com a proximidade possível os velhos, os doentes, os reclusos, que costumava visitar nestes dias pascais. O silêncio crente e orante é trilho de esperança para o encontro!»

D. José Cordeiro, bispo de Bragança-Miranda
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Procuraremos ajudar os jovens a descobrirem a beleza da fé cristã e a conhecerem os encantos de estar em Cristo e de ter Cristo no coração e na vida. Essa é a melhor marca que podemos deixar nas comunidades que servimos, pois comunicar a fé e colaborar na edificação de cristãos felizes supera todos os nossos fracassos e desencantos.»

«Esta Páscoa, que vivemos em tempos conturbados, há de levar-nos a um compromisso verdadeiramente eucarístico de celebrar e viver na caridade de Deus, que se tem de refletir na nossa caridade. Como nos ensina a Primeira Epístola de João, “não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade” (1Jo 3, 18). É esse o testemunho de Jesus, e deve ser esse o nosso testemunho de amor que, unido ao Seu amor, salva o mundo. A entrega de amor de todos os que estão junto dos mais pobres e sofredores, de todos os que se sacrificam nas famílias, na comunidade cristã ou nas várias instâncias da sociedade, não é em vão. Estão a lavar os pés aos seus irmãos e, dessa forma, a cumprir o mandato de Jesus Cristo, o Único Salvador.»

«Todos temos sede de mais e melhor, de amor, de bondade, de justiça, de felicidade, de comunhão, de amizade... A sede é também de Deus, de quem vimos e para quem anelamos voltar, mesmo que, porventura, muito frequentemente, andemos confundidos acerca da Sua identidade e do caminho a tomar para O encontrar. Sede neste sentido metafórico, todos temos. A questão fundamental consiste em descobrir, conhecer e assumir os meios para a saciar. Aí se definem as características de uma vida, pois os caminhos reais são muito diversos e conduzem também a seguranças diferentes.»

D. Virgílio Antunes, bispo de Coimbra
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Claro que um padre é chamado a ser perito de humanidade. Sempre homem, sempre padre. Os grandes polos da sua missão estão no Evangelho e nos rostos humanos, como Cristo está no templo e no tempo. Como bem sabemos pelas nossas experiências, Cristo, que subiu às alturas, continua a ser encontrado nas profundidades. Cristo também está em baixo, no mais fundo do sofrimento humano. Cristo também está do lado de fora, em todas as periferias existenciais e sociais, como nos lembra o Santo Padre. Há que amar humanamente a Deus e há que olhar para o próximo com o olhar de Cristo. Na nossa vida somos chamados a conjugar o verbo servir, o verbo dar, sobretudo na forma reflexa “dar-se”, em suma, o verbo amar. Segundo Jesus, os preteridos do mundo têm de ser os preferidos do padre.»

«Lembremos e rezemos na Missa da Ceia do Senhor nesta Quinta-Feira Santa de 2021 também nós, ainda em circunstâncias de restrição e confinamento, por vários povos que rezam em português e vivem em grande sofrimento pandémico, como o Brasil, ou em grande violência como o país onde nasci. Moçambique, província de Cabo Delgado e Diocese de Pemba, antiga Diocese de Porto Amélia. Imploremos por toda a Igreja que sofre perseguição. Pelos irmãos que correm risco de vida, sempre que testemunham a sua identidade cristã. Que o direito à Liberdade Religiosa seja uma realidade em todas as nações e culturas. Rezemos pelo nosso país, para no cumprimento rigoroso das regras sanitárias e num ajustado e a todos acessível plano de vacinação, consigamos criar condições e estabilidade para a tão necessária recuperação económica, evitando maiores e mais graves consequências sociais.»

D. Francisco Senra Coelho, arcebispo de Évora
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor)





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«O momento em que vivemos é absolutamente singular. Neste tempo de pandemia, o mundo contemporâneo precisa de quem lhe abra janelas de horizonte e de sentido, janelas de Deus. Precisa, mais que nunca, de quem lhe prepare o banquete pascal. Quer dizer: de quem torne a Páscoa de Cristo presente, de quem mostre que também nós (e não apenas os nossos antepassados) fomos redimidos pela morte e ressurreição de Jesus — e que, por isso, não é um vírus, qualquer que ele seja, que nos impedirá de ser com Deus e para Ele; de viver com Deus e para Ele.»

«De que modo concreto podemos (devemos) lavar os pés uns aos outros? Quer dizer: como podemos hoje continuar aquele serviço — que é amor até fim — com Jesus amou? De que modo concreto podemos e devemos lutar esta batalha da vida, que é batalha da salvação?»

«Importa-nos perceber como, na nossa vida cristã, nos devemos confrontar com a cruz salvadora, e como podemos deixar que aquele acontecimento histórico e as narrações que no-lo fazem conhecido sejam portadores de sentido e de vida para a nossa existência e para a existência do mundo. O que nos importa é deixar que Deus faça Páscoa connosco e passe pela nossa vida.»

D. Nuno Brás, bispo do Funchal
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Não podemos também desligar a nossa atenção das novas dificuldades que a pandemia já nos trouxe e de outras que certamente nos vai trazer. É natural que as dificuldades das pessoas e das famílias que já se notam, cresçam ainda mais. E nós, com as nossas comunidades não podemos deixar de lhes dar a devida atenção. A solidariedade e a partilha, que sempre foram e são importantes marcas da presença da Igreja na sociedade, teremos que as desenvolver ainda mais, incluindo com a nossa participação pessoal de sacerdotes que, se, por um lado, precisamos de garantir o necessário para nossa vida pessoal de serviço à comunidade, por outro, não estamos dispensados de partilhar e não apenas do que nos sobra.»

«Assim caminharemos para uma sociedade com saúde. E procurar essa saúde é tanto mais necessário quanto a pandemia nos fez regredir em aspetos fundamentais da relação comunitária e mostrou deficiências que, todavia, já estavam connosco há muito tempo. Assim, fez-nos regredir, por exemplo no acompanhamento dos doentes nos hospitais e dos idosos nos lares, mas também em suas próprias casas, pelo facto de as deslocações passarem a ser mais dificultadas. Por outro lado, fez-nos compreender que o individualismo não é caminho, porque ninguém se salva sozinho e pretender organizar a vida comunitária com base na competitividade desenfreada dá mau resultado, como se está a verificar, por exemplo, em muita globalização sem ética.»

«Só a luz do crucificado pode desfazer as trevas que envolvem o nosso mundo e não nos deixam ver as crianças que continuam a morrer de fome, outras que não podem ir à escola; os idosos abandonados; povos inteiros destruídos ou compulsivamente deslocados pela guerra e pelo terror, como continua a acontecer no norte de Moçambique e tantos outros sofrimentos provocados pela maldade e pelos interesses. A Cruz de Cristo é o grande sinal de esperança que não desilude e responde aos muitos sofrimentos que se vivem nestes tempos de pandemia.»

D. Manuel Felício, bispo da Guarda
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«O padre é, na verdade, um tecedor dos fios de comunhão fraterna num trabalho quotidiano, paciente e perseverante, de acolhimento, de escuta, compreensão, acompanhamento, de cultura de encontro e diálogo entre todos. Isto é espiritualidade incarnada e riqueza humana! Quem, como o padre, tem um campo de relações tão ricas e belas com crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, doentes, pobres, famílias e feridos da vida? O cuidado de uns pelos outros impõe-se cada vez mais como necessidade pessoal e comunitária para formar comunidades fraternas onde todos se sintam irmãos. »

D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima
Quinta-feira Santa (missa crismal)





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«Almejamos uma terra em que realmente caibam todos, com o que a existência de cada um requer, de companhia e cuidado, da conceção à morte natural. Este desígnio clama por solidariedade total, particular e pública, na humanidade comum. No que nos respeita, como sacramentos de Cristo Pastor, inclui clareza de doutrina e estímulo permanente, junto dos que estão na primeira linha dos problemas e da respetiva solução. Adivinha-se muito o que há de vir. Há quem preveja euforias, depois de tempos tão pesados. Há quem manifeste mais cautela e baixe a expetativa e o prognóstico. Há quem duvide que alguma coisa mude, além do aspeto sanitário… Seja como for, a nova normalidade terá de ser certamente mais capaz, de todos para todos. O mundo global só sobreviverá assim. Com Jesus, pensaremos noutro modo de sermos sociedade, outro modo de viver e conviver, não só na quantidade que baste, mas sobretudo na qualidade que humanize. Mais justos, dando a cada um o que lhe é devido. Mais comedidos, para não faltar a ninguém. Mais educados, para fruir sem desgaste e consumir sem desperdício. Porque, na verdade, nada em nós começa e nada em nós acaba.»

«Humildade e verdade são irmãs gémeas e nunca vai uma sem a outra. A humildade mantém-nos na verdade. A nossa verdade, de sermos realmente pequenos, frágeis e insuficientes – e nem precisaríamos que a atual pandemia o lembrasse. Vejamo-lo positivamente, pois pequenez e fragilidade são outras tantas aberturas aos outros e a Deus, para só assim nos mantermos e sermos realmente “pessoas”: dos outros, com os outros e para os outros, sem autossuficiência descabida. É nesta interdependência total, humildemente aceite e ativada, que nos demonstramos “imagem e semelhança” de Deus uno e trino.»

D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor)





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«Na família, vida social, trabalho e presença empenhada na Igreja e no mundo, também vós [leigos] falhareis se não vos parecerdes com o Mestre no espírito de sacrifício, resistência anímica quando se encontra oposição, ternura familiar, diálogo que desarma os possíveis conflitos, testemunho de fé por obras e palavras, vivência da paz, altruísmo, dedicação aos pobres, desprendimento, espírito de sacrifício, esperança. Fundamentalmente, no empenho concreto nas diversas estruturas que edificam a Igreja e a sociedade: âmbito litúrgico, assistencial, catequético, mas também cultural, político, autárquico, gerador de uma nova economia solidária, de um jornalismo ético e estimulante, enfim, de uma intervenção naqueles setores que mais reclamam a presença dos valores e da fé.»

«Aproveitemos esta lição da pandemia. Conjuguemos o futuro com um verbo: ajudar. Ajudar e deixar-se ajudar deveria ser a matriz da sociedade. Que é como quem diz: uma sociedade construída na dedicação aos outros, particularmente aos mais frágeis, menos egoísta, mais solidária, mais investidora em amor e em estruturas que sabe serem, mais tarde ou mais cedo, necessárias para todos e cada um. Mesmo para aqueles que, agora, as desprezam ou ignoram.»

D. Manuel Linda, bispo do Porto
Quinta-feira Santa (missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«É necessário refletir sobre a sociedade que somos e que queremos ser e não remeter essa responsabilidade apenas para os que exercem cargos políticos. Temos na Doutrina Social da Igreja, os princípios desenvolvidos a partir do Evangelho para um pensamento cristão acerca do que é a pessoa humana e a edificação da sociedade.»

«Na Eucaristia, a comunhão eclesial alarga-se aos céus, com os anjos e os santos, alarga-se na terra, lembrando o Papa, o Bispo e todos os que creem em Cristo, alarga-se até aos nossos irmãos defuntos por quem sempre rezamos. A Eucaristia alarga o nosso coração, ao mesmo tempo que reforça a nossa fraternidade cristã e a capacidade de servir e amar. Também o amor generoso para com os mais pobres, não se esgotará se tiver a sua fonte e inspiração na Eucaristia.»

«Olhando a cruz, contemplamos a quanto chegou a vinda de Deus ao mundo na pessoa de Jesus. Contemplamos um Amor de doação total e, ao mesmo tempo, a cegueira da humanidade que não se deixa amar e rejeita a justiça e a paz. (…) Sabemos do Evangelho (cf. Mt 5 e 25), que Jesus quer estar identificado com os pobres e atribulados. Por isso, a Igreja tem de estar identificada com Cristo, na causa pelos pobres no mundo, embora sabendo que não é fácil. O cuidado pelos outros, foi onde Cristo gastou mais tempo, faz parte da essência e da missão da Igreja. »

D. José Traquina, bispo de Santarém
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor), Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)





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«Hoje, dou graças a Deus por cada um de vós, queridos padres, pelo chamamento que Deus vos dirigiu e ao qual respondestes, pelo esforço no serviço dos irmãos, pelas dores aliviadas e pela coragem e esperança infundida em nome de Deus, particularmente nestes tempos difíceis da pandemia. Coragem, caros padres! O Senhor não nos faltará com a sua graça. Unidos a Ele e entre nós, seremos sinais e portadores do seu amor que cura, unifica, fortifica e salva. A vós todos, irmãos e irmãs, peço que louveis sempre o Senhor, pelo bispo e por estes irmãos que Ele chamou para o vosso serviço e que peçais sempre por nós, para que sejamos santos na unidade do Espírito, a fim de sermos para vós e para toda a Igreja testemunhas e instrumentos de comunhão, de serviço evangélico e de anúncio credível do Evangelho.»

D. José Ornelas, bispo de Setúbal
Quinta-feira Santa (missa crismal)





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«O testemunho de uma autêntica vida sacerdotal faz falta como profecia para o nosso tempo. Ser padre, mais do que uma questão de estatuto social ou busca de interesses e seguranças, precisa hoje de se inspirar no estilo e no programa evangélico de Jesus. O mundo carece de alguém que fale de Deus e seja sinal de Deus; as pessoas, a começar pelas mais vulneráveis, precisam de quem as escute e as acolha, de alguém que lhes abra horizontes de esperança e liberdade. Este é o papel insubstituível do padre no nosso tempo. Mais do que funcionário, empresário ou técnico social, o padre, embora tenha de responder a algumas solicitações dispersivas, precisa de ser, acima de tudo, sinal de Deus, irmão dos seus irmãos, bom pastor do rebanho a si confiado.»

D. António Augusto Azevedo, bispo de Vila Real
Quinta-feira Santa (missa crismal)





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«O escasso tempo para acolher e escutar os outros, assim como a desculpa generalizada de que temos muito trabalho, podem ser, por vezes, sinais reveladores de uma vida espiritual pobre, sem Espírito, sem autenticidade, e de pouca organização nas prioridades. Pode faltar-nos a escuta da Palavra de Deus, a oração assídua, o discernimento evangélico, que são fundamentais para transformar a negatividade da vida em vida espiritual e pastoral fecunda. Um padre quando reza, estuda, contempla, trabalha e sacrifica a sua vida em favor da paróquia, celebra a Páscoa. O serviço pastoral dos presbíteros deve também privilegiar o serviço e a partilha dos bens nas dificuldades, nas incompreensões e nas provações. Servir na gratuidade o Povo de Deus ajuda a alcançar a conversão pessoal e a renovação pastoral.»

«Também hoje, o Senhor senta-se ao nosso lado e nos convida a todos a participar neste mistério de amor e de comunhão, a permanecer com Ele, a aprender com Ele, não só para amar os doentes e os pobres, mas toda a humanidade. A fazer da Santíssima Eucaristia esta experiência de vida que nos leva em “tudo amar e a servir Jesus”, quero dizer: Ó Jesus, eu vos louvo e vos amo no Santíssimo Sacramento. Como o Beato Carlo Acutis saibamos descobrir ao longo da nossa vida que a “Eucaristia é a auto estrada que nos conduz ao Céu”.»

D. António Luciano, bispo de Viseu
Quinta-feira Santa (missa crismal, missa da Ceia do Senhor)





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«1. A Cruz revela-nos que a vida é um caminho de despojamento, e não de acumulação. E Cristo, pouco-a-pouco, foi-se desprendendo de tudo, até ao despojamento total com a entrega do seu espírito – «E inclinando a cabeça entregou o espírito» (Jo 20, 30). A dádiva, o “desnudamento” é a condição para ser ressarcido pela glória do Espírito do Pai e com a vida divina. Ressuscitou o que morreu; recebera o que dera; reobteve o que ofereceu; recebeu o Espírito do Pai, porque dera o seu espírito; recebeu a vida divina porque entregara a sua própria vida.»

D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e Forças de Segurança
Sexta-feira Santa (celebração da Paixão do Senhor)



 

Edição: Rui Jorge Martins
Imagens: Gaetano Previati (1-14), Arcabas, Sieger Köder, Georges Rouault, Aldo Carpi
Publicado em 08.10.2023

 

 
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