O filme “Banzo”, de Margarida Cardoso, foi distinguido pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura com o Prémio Árvore da Vida, atribuído na 21ª. edição do IndieLisboa, Festival Internacional de Cinema, que decorreu entre 23 de maio e 2 de junho.
A obra, de 124 minutos, «é uma ficção com densidade romanesca que, ao jeito de Joseph Conrad, mostra as colónias africanas como um inóspito teatro de espectros e zombies, entre nostalgias fatais e um mal-estar civilizacional sem retorno», assinala a justificação do júri.
O protagonista, médico de uma plantação numa ilha tropical africana, é contratado para «curar um grupo de serviçais “infetados” pelo Banzo, a nostalgia dos escravos», que «morrem às dezenas, de inanição ou suicidando-se», «mas a incapacidade de entender o que lhes vai na alma revela-se mais forte que todas soluções», lê-se na sinopse da obra concluída em 2024.
O Prémio Árvore da Vida, no valor de dois mil euros, realça desde 2010 um dos filmes selecionados pela organização do IndieLisboa para a secção Competição Nacional, tendo como critério os seus valores espirituais e humanistas, a par das qualidades cinematográficas.
Entre as 8 longas e 18 curtas-metragens a concurso, o júri, composto por Pedro Mexia, antigo subdiretor e diretor interino da Cinemateca Portuguesa, poeta, escritor, crítico, e Rui Martins, do SNPC, atribuiu uma Menção Especial a “Contos do Esquecimento”, de Dulce Fernandes.
O documentário, que «entre uma escavação arqueológica e um infamante artefacto num museu, faz uma história das indignidades coloniais, ajudado por um aparato formal abstrato, austero e apavorado», tem 63 minutos e foi concluído em 2023.
A partir de achados encontrados em Lagos, sul de Portugal, que revelam «o papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados», o filme assume-se como «território de revelação do passado no presente», refere o texto de apresentação.