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Só resta um homem corajoso no mundo, o papa Francisco?

Num mundo de «cobardes, não restará só um homem corajoso, e esse homem corajoso não é o papa Francisco?», questionou hoje José Manuel Fernandes, cofundador do jornal digital “Observador”, na crónica diária durante a qual sugeriu a leitura da “Oração dos filhos de Abraão” proferida pelo papa Francisco no final do encontro inter-religioso que decorreu, sábado, na planície de Ur.

«Estamos a falar de um homem que tem 84 anos, e que em vez de ficar no conforto do Vaticano, foi numa altura destas para uma das zonas mais perigosas do mundo», sublinhou o editor na rubrica “Contra-corrente”.

O jornalista recordou as primeiras palavras de S. João Paulo II, após ter sido eleito papa, em 1978, «não tenhais medo», apelo que «ajudou a mudar o mundo», sobretudo os países do leste europeu, com a queda dos regimes comunistas.

A crónica destacou igualmente a «fabulosa imagem» do papa Francisco aquando da meditação e oração proferidas a 27 de março de 2020, «no auge da primeira vaga da pandemia», diante da praça de S. Pedro vazia.

À semelhança desse gesto, também foi um «ato de grande simbolismo» ter estado em Mossul, «entre ruínas» de igrejas: «Quem não viu as imagens, deve ir vê-las», acentuou, antes de questionar: «Quantos líderes se arriscariam a fazer a mesma viagem, quantos é que embarcariam num helicóptero que podia ser abatido por um míssil?».



«Não é preciso dizer mais nada. Só recomendo que leiam a oração toda, que tem partes muito bonitas. Eu por vezes discordo do papa Francisco, mas gosto muito desta coragem que ele teve e tem nestes momentos»



José Manuel Fernandes lembrou que o Iraque «é um país onde em 2003 viviam um milhão e meio de cristãos; calcula-se que hoje restem 270 mil. Quer dizer que desapareceram mais de um milhão e duzentos mil, fugiram ou foram mortos».

«As pessoas, por vezes, não têm noção desta realidade. Mas quem passar os olhos pelos relatórios publicados pela Ajuda à Igreja que Sofre, fica arrepiado com o que se passa com os cristãos, no Iraque e em muitas outras partes do mundo», frisou.

Depois de ter mencionado a existência de «muitos católicos conservadores que têm criticado a aproximação que os últimos papas têm feito não só às outras correntes do cristianismo, como ao judaísmo e ao islão», o editor declarou que apesar de não ter fé, respeita muito as religiões e dá «a maior importância» ao diálogo entre elas.

«Há muitas pontes que têm de ser atravessadas, sobretudo no Médio Oriente, e é preciso muita coragem para atravessá-las, porque algumas cruzam abismos» cavados pelas «grandes diferenças», e Francisco fez questão de assinalar «o que há de comum» no judaísmo, cristianismo e islão», nomeadamente a referência à origem da fé.

A concluir a crónica, José Manuel Fernandes leu o início da "Oração dos filhos de Abraão", e comentou: «Não é preciso dizer mais nada. Só recomendo que leiam a oração toda, que tem partes muito bonitas. Eu por vezes discordo do papa Francisco, mas gosto muito desta coragem que ele teve e tem nestes momentos».

A visita do papa ao Iraque, que decorreu entre sexta e segunda-feira, teve «repercussão mundial», assinala hoje o texto de Jorge Almeida Fernandes no "Público", que, como os principais jornais diários nacionais, destaca a viagem de Francisco.


 

Rui Jorge Martins
Fonte: Observador
Publicado em 08.10.2023

 

 
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