A Fundação Fé e Cooperação (FEC) e a Brotéria inauguraram esta quinta-feira, em Lisboa, a exposição “Tantas vezes digo ao orvalho sou como tu”, que pretende «traçar uma revisitação visual do texto “‘Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum”, encíclica do papa Francisco publicada há cinco anos.
A mostra desenha «um ritual de reorganização da consciência integral da natureza, pela experiência visual e sensitiva que se mostra nos objetos e pelas ações de diferentes artistas», lê-se na nota de apresentação.
«Com a presente exposição, queremos desenhar um ritual de reorganização da consciência integral da natureza, pela experiência visual e sensitiva que se mostra nos objetos e pelas ações de diferentes artistas», acrescenta o texto.
Alberto Carneiro, Baralho, Rita Ra e Sérgio Carronha são os autores das obras congregadas a partir dos versos de José Tolentino Mendonça, que podem ser vista na Galeria Brotéria até 28 de novembro.
«Esta iniciativa inscreve-se nos 30 anos da FEC, que celebramos em 2020. Neste cruzamento de cultura, fé, espiritualidade, que sentimos estarem próximas da nossa missão, quisemos encontrar um espaço e projeto propícios para celebrar todas as questões que temos com a natureza, o que implica na nossa vida, mas também com o trabalho que fazemos», explicou a diretora executiva da Fundação Fé e Cooperação.
«O projeto expositivo e as conversas que a ele estão associadas resultam de um cruzamento de encontros entre a FEC e um parceiro muito antigo, a Casa Velha, com quem não conhecíamos, a Brotéria, assinalando a simbiose entre o que está para trás e o olhar para o futuro», prosseguiu Susana Refega, em declarações ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
«É muito importante para nós ter espaços de contemplação e reflexão. Nós somos uma organização que faz, que tem na sua génese uma identidade operativa, de concretização, e precisamos que a arte nos traga momentos de respiração, de paragem, e também de beleza, para inspirar, estimular, dar força», apontou.
«Com esta iniciativa, desejamos igualmente procurar fazer as coisas de outra forma, e questionar-nos sobre o porquê da nossa atividade, como a realizamos. E queremos trabalhar de uma forma mais integrada, em vez de dividida em compartimentos, como a educação, os direitos humanos, saúde», referiu.
«Os artistas questionam, sublinham, inquietam, mas também dão esperança. Estamos, muitas vezes, numa tensão de procura de maior justiça social, mas também trazemos connosco a esperança de que a nossa sociedade pode ser mais bela. Os artistas trazem a beleza, mas também a inquietação e o desconforto, que nos ajudam a ir mais longe no nosso trabalho», concluiu Susana Refega.
A par da exposição, está programado um ciclo de conversas, que começou no dia da inauguração, com o tema “Arte, ética ambiental e espiritualidade”, que contou com as intervenções de Sofia Guedes Vaz e Rui Martins, e que prossegue no dia 22 de outubro, pelas 19h30.