«Uma Porta Aberta»: o conceito arquitetónico da igreja do Divino Salvador, em Freamunde, assinado pelo gabinete Vítor Leal Barros, finalista de prémio de arquitetura sagrada Frate Sole, rasga amplas frestas para a natureza, convida a fazer comunidade, e simboliza o desejo de uma Igreja aberta ao mundo.
«Uma porta larga, onde todos podem entrar, uma porta transparente. Aliás, a parede do fundo é em vidro, numa metáfora de que não se trata de uma igreja fechada, cinzenta, mas uma igreja que não só convida a entrar, como olha o mundo de dentro para fora e é capaz de sair, tal como o papa nos tem sugerido», declarou hoje o pároco, P. Manuel Luís Brito ao Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
O gabinete de arquitetura reforça que a porta de vidro «aparece como uma metáfora para uma comunidade cristã aberta e tolerante».
O clerestório substitui os tradicionais campanários, e por isso o chamamento «é feito pela luz, em vez do som».
O projeto de 2615 m2, que inclui capela mortuária, «recorta em si um adro que separa funcionalmente a igreja do salão nobre, uma espécie de antecâmara exterior que remete para o silêncio e o recolhimento», apontam os arquitetos.
No desenho «sobressai o céu, o canto das folhas de uma magnólia varridas pelo vento e o correr da água. Uma porta de cristal convida quem ali entra a fazer parte da grande família», prossegue o texto de apresentação da igreja concluída em 2019.
No interior, destaca o gabinete de arquitetura, «presidência e assembleia erguem-se para o Divino através do grande clerestório vertical que desenha a paixão de Cristo a luz e sombra nas paredes».
Na edição deste ano do prémio internacional da Fundação Frate Sole, a sétima, registou-se um recorde de participantes: 114 projetos de igrejas e capelas. Dos 33 países de origem das propostas, Portugal foi o quarto mais representado, juntamente com a Áustria, com sete concorrentes. Da Itália participaram 21 estudos, seguindo-se Alemanha e Espanha (14), e Hungria (5).
Entre os dez finalistas deste galardão, no valor de 30 mil euros, e atribuído no âmbito de confissões cristãs, está o projeto do gabinete português Joaquim Portela Arquitetos, com a capela Cohen, distinguida, em 2019, com o prémio da A' Design.