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Visita guiada

Relicário da Rainha D. Leonor

A 28 de Novembro, pelas 18h00, o Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, apresenta a última das dez obras-primas que foram seleccionadas em 2007 para melhor conhecimento do público. O artefacto escolhido para fechar este ciclo é o relicário da rainha D. Leonor(1458-1525), trabalhado por Mestre João (Johan Van Stay), que nele inseriu ouro, esmeraldas, rubis, diamante, pérola, esmaltes polícromos e cristal de rocha.

"Trata-se de uma peça excepcional a todos os títulos: riqueza dos materiais, qualidade de execução, elegância do desenho e significado histórico da encomenda régia, para além, naturalmente, do seu valor religioso e simbólico. Este relicário terá sido objecto de devoção especial da Rainha, figurando no seu testamento nestes termos: ' Deixo ao dito moesteiro da Madre de Deus o Relicario que fez mestre Joam, em que esta o Santo Lenho da Vera Cruz, que ora anda na cruz d'ouro pequena, o Espinho da Coroa de N. Senhor Jesu Christo ..., o qual relicario he todo de ouro guarnecido de certas pedras finas que estao dentro...'.

"O testamento nomeia como seu autor mestre João, um dos muitos ourives estrangeiros que trabalhavam em Lisboa, de origem alemã ou flamenga e que assinava Johan Van Sta(n)y, também ele autor de uma custódia (infelizmente desaparecida) encomendada por D. Manuel I para o Mosteiro da Conceição de Beja. O relicário, datável do 1º quartel do século XVI, em ouro esmaltado, gemas preciosas e pérolas, tem a forma de um templete renascentista e obedece a um esquema rigoroso de equilíbrio e proporção. Na parede do fundo, sobre um pequeno altar, abre-se um nicho destinado à relíquia do Espinho da Coroa de Cristo. Outros elementos decorativos ou simbólicos surgem nesta visão frontal do relicário: as gemas preciosas e uma pequenina Cruz de ouro contendo um fragmento do Santo Lenho, os dois escudetes com o Camaroeiro - emblema da Rainha - na base das colunas, e o seu Escudo de Armas, na arquivolta superior. É, de facto, uma obra-prima, tanto da colecção do museu como da ourivesaria em Portugal.

"Contemporâneo das obras ditas manuelinas, o relicário, tal como a Custódia de Belém, reproduz uma requintada miniatura arquitectónica da mais pura expressão clássica, introduzindo-nos, deste modo, numa estética diametralmente oposta à do gótico final e exemplificando, assim, a coexistência numa mesma época de tendências artísticas aparentemente contraditórias." (Texto publicado pelo Museu Nacional de Arte Antiga).

A apresentação será feita por técnicos do museu, seguindo-se um diálogo aberto com os participantes. A entrada é livre.

As relíquias de Santos referem-se, antes de tudo, aos corpos e, depois, a objectos que lhes pertenceram, como alfaias sagradas, vestes, manuscritos e objectos que estiveram em contacto com os seus corpos ou os seus sepulcros. Os relicários devem ser dignos e elaborados a partir de materiais nobres, em atenção ao que neles é guardado e/ou exposto ao culto público.

 

Publicado em 22.11.2007

 

 

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