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Fé e arte

História e arte da Basílica de Nossa Senhora dos Mártires

A Liturgia assinala a 13 de Outubro o aniversário da dedicação de Nossa Senhora dos Mártires.

Ajudado pelo auxílio divino, mais do que pela força dos homens, D. Afonso Henriques, primeiro Rei de Portugal, ia hasteando a gloriosa bandeira das Quinas em muitas terras deste reino miraculosamente nascido em Ourique. Contudo, a ínclita cidade de Lisboa permanecia em poder dos mouros. Conquistá-la seria factor decisivo para a consolidação do reino e, também, para a expansão do cristianismo.

Quando naquele longínquo mês de Maio nisto meditava o nosso primeiro Rei, eis que do mar imenso surge o auxílio necessário: a Virgem Maria! Uma sua imagem, lindíssima, vem na primeira linha da luzida Armada de Cruzados, composta por cerca de 13 mil homens distribuídos por 200 navios, provenientes da Alemanha, da Flandres, da Normandia e, maioritariamente, da Inglaterra. Havia partido do porto inglês de Dartmouth e dirigia-se à Terra Santa para resgatar aos infiéis os Lugares de Jesus.

Sabendo o nosso piedoso monarca qual o destino dos Cruzados, pede-lhes ajuda na conquista de Lisboa, argumentando que muito agradaria a Deus que neste ocidente mais ocidental da Europa, aonde havia chegado o Apóstolo São Tiago Maior, se consolidasse a fé cristã. Depois de terem estado vários dias aportados no Porto onde decorreram as negociações sob a mediação do Bispo do Porto, D. Pedro de Pitões, fundeiam no Tejo a 29 de  Junho de 1147. A tomada de Lisboa irá demorar 4 meses!

D. Afonso Henriques e o lendário Guilherme da Longa Espada, comandante dos inesperados aliados, logo se  submetem à poderosa protecção da Virgem Maria, presente naquela sagrada imagem que desde o início da campanha servia de consoladora companhia aos Cruzados.

O Rei fez um voto que de imediato cumpriu quando as portas da cidade se abriram, em 25 de Outubro de 1147, quatro dias após a rendição do governador muçulmano: edificar em honra da Santíssima Virgem um templo onde o povo de Lisboa pudesse venerar aquela sagrada imagem e que permanecesse como memória, para os vindouros, da protecção prestada pela soberana Rainha àqueles valentes soldados que, movidos pela fé cristã, animados pela esperança e abrasados pela caridade, de forma humanamente inexplicável, dado o poderio das forças infiéis, dilataram o reinado de Cristo e conquistaram a cidade de Lisboa.

Num terreno fora das muralhas da cidade, benzido por D. João Peculiar, Arcebispo de Braga, que corajosamente permanecia junto do Rei desde o início da batalha, foram sepultados aqueles a quem, de imediato, a piedade popular proclamou mártires, testemunhas da fé, por terem dado a vida para que Lisboa se tornasse cristã.

Nesse local, a 21 de Novembro do ano da conquista, D. Afonso Henriques lançou a primeira pedra da igreja para onde foi trasladada a sagrada imagem da Virgem Maria que o povo começou a invocar como a Nossa Senhora dos Mártires, em honra dos seus  mártires. Nesta pequena igreja se administrou o primeiro Baptismo após a providencial vitória.

Junto da igreja, foram edificadas pequenas celas para habitação de alguns clérigos ingleses, entre os quais o venerável Gilberto, com o ofício de se dedicarem  em permanência aos louvores da Mãe de Deus. Entretanto, Gilberto Hasting é elevado à dignidade de Arcebispo de Lisboa. Mal assumiu o governo da Diocese, criou a Paróquia de Nossa Senhora dos Mártires da qual se nomeou Prior, cargo que passou posteriormente para o Deão da Catedral, tradição que se manteve até 1338. Arcebispo de Lisboa, continuou a ser guardião zeloso da sagrada imagem e, até ser chamado por Deus a gozar do prémio eterno das suas virtudes, continuou a habitar na sua modesta cela.

A igreja de Nossa Senhora dos Mártires, por pouco tempo, é certo, serviu de catedral. Em virtude disso, até 1716, ou seja, até à criação do Patriarcado Ocidental, no reinado de D. João V, a igreja dos Mártires manteve alguns privilégios, nomeadamente, a organização da Procissão do Corpo de Deus, antes da que era organizada pela Catedral. Também a sua Cruz paroquial precedia a das restantes Paróquias de Lisboa.

Curiosamente, o Rei Magnânimo, embora sendo a causa da cessação de alguns privilégios da Basílica, foi um grande devoto de Nossa Senhora dos Mártires a quem recorreu por ocasião de grave doença. Tal como D. Pedro II, seu pai, estabelecera a título perpétuo para os reis de Portugal, D. João V, mal subiu ao trono, aceitou ser Juiz da Irmandade do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora dos Mártires, em favor da qual fixou uma renda.

Pela sua importância religiosa e pastoral não admira que, nos finais do século XIV, o Papa Urbano XIV tenha elevado a igreja de Nossa Senhora dos Mártires à dignidade de Basílica.

 

A fundação

No século XII, o sítio da Pedreira era uma região inóspita, constituída por terrenos calcários, mais ou menos saibrosos, completamente abandonada. Mas em 1755, à data do terramoto que devastou Lisboa, tinha já bastantes famílias residentes e uma vida própria. O sítio da Pedreira designava-se já por Chiado, alcunha de um taberneiro ali estabelecido no século XVI, com bastante clientela, e, ao que parece, bom apreciador do vinho que vendia... Ao fim da tarde já chiava como um chibo.

O Chiado formava um quadrilátero assim delimitado: o ângulo mais oriental era ocupado pelo convento do Espírito Santo da Pedreira, hoje os Armazéns do Chiado; a ocidente, as portas de Santa Catarina, rasgadas na muralha Fernandina da cidade; o ângulo norte era a junção das cercas dos conventos da Trindade e do Carmo; o ângulo sul, no Monte Fragoso, voltada para ocidente, a Basílica dos Mártires, vizinha do convento de São Francisco da Cidade, construído a partir de 1217.

No Monte Fragoso, onde existira em tempos uma necrópole moçárabe, foram sepultados os Cruzados ingleses e os soldados portugueses, mártires da tomada de Lisboa aos mouros. Ali mesmo, a 21 de Novembro de 1147, procedeu D. Afonso Henriques ao lançamento da pedra fundamental dos alicerces da primitiva igreja de Nossa Senhora dos Mártires, dedicada no dia 13 de Maio do ano seguinte, passando a ser esta a data da festa da soberana Protectora.

Assim foi anos a fio até que a comemoração do início das aparições de Nossa Senhora em Fátima, na Cova da Iria, foi elevada à categoria de Festa, a Festa de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Coincidência significativa, aliás. Como relatam os jornais da época, quando naquele Domingo, 13 de Maio de 1917, ao meio dia, a Senhora mais brilhante que o sol, apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta, na Basílica dos Mártires, a abarrotar de fiéis, celebrava-se um solene Te Deum em honra da Padroeira. Actualmente a Festa de Nossa Senhora dos Mártires celebra-se a 13 de Outubro.

A igreja, no início uma exígua ermida, beneficiou de três grandes campanhas de obras antes do terramoto de 1755: de 1598 a 1602, foi acrescentada no comprimento e na altura; de 1664 a 1710 construíram-se capelas laterais simétricas às que já existiam no lado do Evangelho, fizeram-se grandes melhoramentos na capela-mor e todo o templo foi muito embelezado com revestimentos a mármore com embutidos. Finalmente, a terceira grande campanha de obras teve início em finais de 1746 e terminou cinco anos antes do terramoto, em 1750. Graças à generosidade de Gonçalo Pacheco Pereira foi possível acrescentar 12 palmos na altura do templo. A actual imagem de Nossa Senhora do Mártires data também deste restauro. Francisco Vieira Lusitano pintou o tecto da nave e João Grossi embelezou todo o templo com estuques belíssimos.

A acção pastoral da Paróquia era intensa, com particular visibilidade nas obras de caridade. Anualmente era distribuída apreciável quantia em dotes atribuídos a meninas pobres destinados ao casamento ou ao ingresso na vida religiosa e um grupo de médicos dava consultas a enfermos pobres e prescrevia os remédios que eram depois adquiridos a expensas das Irmandades. Refira-se ainda a verba destinada a apoiar sacerdotes de parcos recursos e à educação de 12 Meninos de Coro que, a troco da sua participação nas principais festas, as Irmandades unidas tinham a seu cargo.

As Irmandades exerciam também a caridade no sufrágio das almas dos irmãos falecidos e das almas do Purgatório, missão específica da Irmandade de São Miguel e Almas, criada na Paróquia em 1183. Cuidavam ainda do esplendor das festas litúrgicas. Tinham particular solenidade a Festa da Padroeira, a 13 de Maio, antecedida da Novena, o Corpus Christi, com exposição solene do Santíssimo Sacramento, procissão, sermão e vésperas solenes, e toda a Semana Santa, em especial a Sexta Feira da Paixão.

A Colegiada da Basílica, por qualquer particularidade designada por Capelães do Coro, manteve-se até à implantação da República, constituída desde 1733 por 6 capelães, 2 meninos de coro e um organista. Assegurava o cântico litúrgico para dignificação do culto divino e, à semelhança do que sucedia nas catedrais, a recitação das horas canónicas.

Uma inscrição no baptistério, que ainda se mantém, indica a primazia deste templo: "nesta Paróquia se administrou o primeiro Baptismo depois da tomada de Lisboa aos mouros no ano de 1147". No decurso de tantos séculos, na sua pia baptismal foram baptizados muitos príncipes, princesas e muitas outras pessoas de distinção, entre elas o Arcebispo de Lisboa D. Luís de Sousa, o Beato Frei Bartolomeu dos Mártires e, mais perto de nós, Fernando Pessoa, que chamava aos sinos da Basílica o "sino da minha aldeia".

 

A Trasladação

Depois das obras de ampliação e restauro concluídas em 1750, a Basílica dos Mártires era o orgulho da cidade de Lisboa. Uma belíssima igreja barroca! As dimensões e a estrutura mantiveram-se na actual Basílica, após a trasladação.

Na capela-mor estava a sagrada imagem de Nossa Senhora dos Mártires, a mesma que continua à veneração dos fiéis e que nos dias de festa usava o rico vestido de brocado oferecido por D. João V. O sacrário, que durante muito tempo esteve também na capela-mor, manteve-se na capela do Santíssimo mandada construir por D. João III e dedicada a 13 de Maio de 1555, muito melhorada nesta última campanha de obras.

Do lado do Evangelho, além da capela do Santíssimo, os altares laterais estavam assim distribuídos: Almas, São Miguel, Menino Jesus, São Brás e, mais perto da porta, antes do baptistério, Santo António; do lado da Epístola, pela mesma ordem: Santa Catarina do Monte Sinai, Nossa Senhora da Piedade, São Gonçalo, Nossa Senhora da Graça e São Marçal.

O tecto tinha ao centro um belíssimo afresco de Francisco Vieira Lusitano, célebre pintor oitocentista, representando D. Afonso Henriques de joelhos no cumprimento do seu voto, enquanto um anjo leva à Virgem o rolo com os planos da Basílica e outro uma coroa; Nossa Senhora está com o Menino ao colo, rodeada pelos mártires, sob uma representação do Espírito Santo. Os altares estavam guarnecidos de talha em ouro. As paredes eram revestidas de mármore com embutidos, particularmente cuidados na capela-mor, nas capelas do cruzeiro, a capela do Santíssimo e a de Santa Catarina, e no baptistério. O pavimento era empedrado formando xadrez.

No Dia de Todos os Santos de 1755, cinco anos após o último restauro, o terramoto e o incêndio que se lhe seguiu tudo reduz a escombros.

Na Quaresma de 1756  a Paróquia fixou-se provisoriamente numa pequena ermida, a ermida de Nossa Senhora da Graça e de São Pedro Telmo, em território da Freguesia de São Paulo. Aí permaneceu até estar concluída a trasladação da Basílica para um terreno um pouco mais a norte, onde existia já a ermida do Bom Jesus do Perdão. No reordenamento pombalino para a reconstrução cidade, a Basílica deveria situar-se na zona chique do Chiado, com entrada para a Rua das Portas de Santa Catarina, hoje Rua Garrett, contígua ao Largo das Duas Igrejas.

Em boa verdade, aquilo que da Basílica destruída pelo terramoto se trasladou, foram os escombros que ficaram nos caboucos da nova Basílica. Embora sendo outra, era como se fosse a primitiva. Por isso o povo não falava de construção, nem de reconstrução, mas de trasladação. Salvou-se a sagrada imagem, ao culto desde o último restauro, portanto uma imagem do século XVIII, um baixo relevo em mármore italiano emoldurado a mármore preto, que serve de retábulo no altar da sacristia da Colegiada (sacristia Paroquial), um ossário revestido de talha dourada com vários ossos e duas caveiras dos santos mártires da conquista de Lisboa, muito venerado no altar das Almas onde se encontrava ao culto, e a pia baptismal.

Apesar de tão escasso espólio recuperado, trasladação é a palavra verdadeira. Quem visita a Basílica experimenta que, com as pedras vieram também as bênçãos e as graças que aquela sagrada imagem, presença da soberana Protectora, atrai sobre a cidade e o povo de Lisboa. Não admira que o Papa Pio VI, em Breve com data de 15 de Setembro de 1779, conceda indulgência plenária a cada um dos fiéis de Jesus Cristo de um e outro sexo que, verdadeiramente arrependidos, confessados e reforçados com a sagrada Comunhão, devotamente visitem a Basílica no dia 13 de Maio desde a véspera até ao pôr do sol do mesmo dia e aí rogarem a Deus pela paz entre as nações, pela ortodoxia da fé e pela fidelidade da santa madre Igreja.

As obras foram assumidas pela própria Irmandade do Santíssimo Sacramento e de Nossa Senhora dos Mártires - as unidas, como, para abreviar, são bastas vezes designadas nas actas das reuniões - e tornadas possíveis graças a uma importante doação de um comerciante do Porto, Manuel Pacheco Pereira. O arquitecto escolhido foi Reinaldo Manuel dos Santos e o estilo é o barroco tardio. A ornamentação  interior revela já muitos traços dos estilos rocaille e neo-clássico.

O lioz, pedra calcária muito rija, é utilizado no exterior da Basílica, nomeadamente na fachada principal e na torre sineira. O interior da Basílica, tanto as paredes como parte do pavimento, está revestido em mármores de várias tonalidades, rosa, branco, amarelo e cinza, que conjugadas com a luz que penetra pelas amplas janelas do coro alto e por outras rasgadas nas paredes laterais, sobre a cornija, proporciona a qualquer hora do dia um agradável ambiente propício ao recolhimento e à oração. Refira-se ainda a teia em mármore branco que desenha a nave, os corredores laterais e delimita o transepto.

Naquilo que diz respeito à pintura, a Basílica contém a parte mais nobre do imenso espólio de Pedro Alexandrino de Carvalho. Os retábulos do baptistério, dos 6 altares laterais e das capelas do cruzeiro, e, sobretudo, os tectos, são a explosão do génio do pintor. Os ornamentos dos tectos deixou-os aos discípulos Jerónimo Gomes Teixeira e José António Narciso. Mais recentemente, junto à cimalha das portas que ladeiam a capela-mor, foram colocados dois quadros do pintor João D. Filipe: o Beato Bartolomeu dos Mártires, baptizado na Basílica em 1505 e, em 4 de Novembro de 2001, beatificado pelo Papa João Paulo II, e São Vicente, padroeiro do Patriarcado de Lisboa, ali colocado em 22 de Janeiro de 2005, no encerramento do Ano Santo de São Vicente, comemorativo dos 1700 anos do seu martírio.

Aquando da sua dedicação, eram poucas as imagens. Já se fez referência à Nossa Senhora dos Mártires, uma imagem de roca, com a palma, símbolo do martírio, na mão direita e pegando no Menino com o braço esquerdo, sobre um trono e resguardada por um baldaquino, ambos em talha dourada, colocada na boca do trono, emoldurada a mármore negro, o mesmo da banqueta do altar principal. No nicho aberto sobre o arco do cruzeiro, um crucifixo ladeado por seis castiçais cujas velas se acendiam nas principais solenidades litúrgicas. Ainda um outro crucifixo, o Bom Jesus do Perdão, já anteriormente muito venerado na ermida entretanto integrada na Basílica. A pouco e pouco foram surgindo várias imagens barrocas, policromadas, dos titulares dos diversos altares laterais. A estas imagens juntaram-se outras, expressão da arte e das devoções característica de cada época.

Ao gosto da época são também os três vitrais das oficinas Ricardo Leone colocados, dois a tapar os janelões laterais do coro alto, e o outro na capela do Bom Jesus do Perdão. São peças do início da segunda metade do século passado.

Ainda no que à escultura diz respeito, mais algumas referências... Sobre a porta principal, um baixo relevo representando D. Afonso Henriques dando graças à Senhora dos Mártires, um tema recorrente, obra do escultor Francisco Leal Garcia, discípulo de Alexandre Giusti; os dois púlpitos talhados em boa pedra ; as lavandas de cada uma das sacristias, um deles, o da sacristia da Colegiada, muito provavelmente recuperado da anterior Basílica; e ainda o excelente conjunto escultórico que serve de retábulo da capela-mor, constituído por vários anjos incensando e adorando um ostensório dourado com uma representação do Santíssimo.

António Xavier Machado e Cerveira, organeiro da Casa Real, construiu o órgão da Basílica. Como este construiu muitos outros sobretudo para as igrejas reconstruídas após o terramoto, embora este tenha a particularidade de estar referenciado como o Nº 3 e ter sido o primeiro que o construtor pôs a funcionar. Machado e Cerveira era também um excelente entalhador, arte que exerceu magistralmente no móvel que envolve o instrumento, tornando-o o elemento mais vistoso do templo.

As ferragens, sobretudo as portas em grade de ferro da capela do Santíssimo e do baptistério, merecem ser apreciadas. Infelizmente o gradeamento do adro da Basílica foi retirado pela Câmara Municipal de Lisboa para alargar a Rua Garrett. Levado para os armazéns da edilidade, perdeu-se. Dele, o único registo é o da memória de algumas pessoas que ainda se lembram da sua envergadura e harmonia. As madeiras utilizadas, muitas delas oriundas do Brasil, são também de muito boa qualidade. No pavimento, cortando o frio do mármore, é utilizada a socopira com embutidos em pau-cetim. As teias dos altares laterais - a teia da capela-mor, popularmente chamada mesa da Comunhão, foi retirada na sequência da última reforma litúrgica - são em pau santo. As portas, são umas em mogno, outras em pau santo. Os lampadários em prata, quatro na capela-mor, dois no transepto e seis no corpo da igreja, são excelentes peças de ourivesaria que rematam condigamente a decoração da Basílica.

O conjunto do imóvel tomou a forma rectangular do templo. No primeiro piso há duas sacristias, a da Irmandade e a da Colegiada (Paroquial) e no segundo piso vale a pena visitar o salão nobre. Em qualquer destas salas, em estilo rocaille, os estuques são de muito boa qualidade. Os arcazes das sacristias são em vinhático. Na sacristia da Irmandade estão retratados, por Pedro Alexandrino de Carvalho, cada um dos Doze Apóstolos e Nosso Senhor Jesus Cristo. A torre sineira, em cantaria, construída nas traseiras do edifício, sobressai no conjunto dos edifícios contíguos à Basílica.

As obras de trasladação da Basílica começaram em 10 de Outubro de 1769. A 18 de Março de 1774 foram benzidas a capela-mor, a capela do Santíssimo e a capela do Bom Pastor. A obra ficou concluída em 1784, ainda no século XVIII. Tudo se conjugou para que ficasse para os vindouros como o ex libris da reconstrução pombalina em edifícios religiosos: os melhores artistas, artífices e operários. Os melhores mármores, estuques, madeiras e ferragens. Agora, após o restauro levado a cabo, pode ver-se como o povo cristão soube reagir ao infortúnio do terramoto: a Deus é devido o melhor e o mais belo!

 

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Conheça o «site» da Paróquia de Nossa Senhora dos Mártires

Cón. Armando Duarte

Texto e fotos:Paróquia de Nossa Senhora dos Mártires

13.10.2008

 

 

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