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Conferência

Diocese do Funchal promoveu encontro sobre o Padre António Vieira

"Precisamos de figuras inspiradoras"
Vera Luza
in Jornal da Madeira, 02.03.2008

Do Padre António Vieira nunca se sabe tudo, nem muito. A sua grandeza literária já percorreu quatro séculos da História portuguesa e, no entanto, permanece actual.

A sua memória foi recordada no dia 1 de Março no Funchal, num colóquio com dois especialistas: o Prof. José Eduardo Franco e a Prof.ª Carlota Urbano. Enquanto o historiador da cultura falou do “Pe. António Vieira: A palavra e a utopia”, e ainda “Vieira, crítico social: o combate à Inquisição e à escravatura”, a docente da Universidade de Coimbra desenvolveu o tema da “formação do génio de Vieira” no contexto da Companhia de Jesus de que era membro.

À margem da sua conferência, em declarações ao Jornal da Madeira, Carlota Urbano lamentou que as “Humanidades” não sejam hoje em dia tão consideradas como no passado. A falta de interesse ou a eventual “crise não é provocada pelas novas tecnologias”, explicou, “mas por uma certa cegueira, um certo entusiasmo que nos está a fazer perder os horizontes e não há um empenho em alargar a todos os domínios do saber as ciências humanas, como no tempo de António Vieira. Hoje em dia, realmente, está-se a descurar isso e é uma grande perda para as gerações do futuro porque estamos a cortar as raízes da sua própria identidade e da própria construção do futuro; omitindo essas raízes culturais, sobretudo de índole clássica e cristã, retiramos-lhes a memória e não se sabendo realmente quem é dificilmente se sabe aquilo que quer ser”.

Neste caso, o exemplo vem de fora, pois, grandes países desenvolvidos, “como os EUA e a Ingaterra dão importância, valor, às Humanidades e talvez possamos aprender com isso”. Conclusão, “estamos a ser lentos em perceber que precisamos de manter vivo um valioso património e de o comunicar às gerações seguintes”.

A mesma opinião foi partilhada pelo Prof. José Eduardo Franco ao JM: “Precisamos de figuras inspiradoras, espécies de faróis que nos guiem para ousar ir mais longe”.

Uma nota final: o colóquio sobre o Pe. António Vieira que, à partida, devia suscitar grande interesse por parte das escolas e universidade foi pouco aproveitado; valeu ao escasso público presente “saborear” a cultura de qualidade que não se encontra facilmente.

 

Padre António Vieira em debate
Andreia Nóbrega
in Diário de Notícias/Madeira - 02.03.2008

A vida e a obra do Padre António Vieira, autor do famoso sermão aos peixes, está em debate num colóquio que se realiza hoje no auditório da escola da APEL. Os conferencistas convidados não têm duvidas, o grito de revolta do pregador no século XVII ainda tem efeitos nos tempos modernos.

José Eduardo Franco, professor do Instituto Europeu de Ciências da Cultura, explicou esta manhã que os grandes pensadores utópicos do século XVII, "estão na base das grandes transformações sociais das sociedades democráticas de hoje". Como parte do nosso património imaterial, a obra de Padre António Vieira é fundamental para a constituição da nossa identidade, por isso é, na óptica deste investigador, é fundamental lê-lo.

Para Carlota Urbano, professora da universidade de Coimbra, o Padre António Vieira apenas respondeu aos desafios do seu tempo. Uma época "conturbada de combate ao esclavagismo, de critica às injustiças sociais, à exploração do homem, pelo homem, às grandes discrepâncias numa sociedade muito hierarquizada e muito pouco igualitária", disse José Eduardo Franco, acrescentando que são temas ainda muito actuais.

 

03.02.2008

 

 

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