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Mostra inédita do retábulo da Sé de Évora

"Olhar de Perto - Os Primitivos Flamengos do Museu de Évora", primeira exposição da programação do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), apresentada hoje aos jornalistas pelo novo director, Paulo Henriques, e por outros elementos da equipa do projecto, mostra o retábulo completo da Sé de Évora pintado em Bruges no século XV.

Esta exposição irá estar patente no museu a par de mais duas mostras que o director considerou interessantes "numa estratégia de divulgar ao público outras peças da colecção" do MNAA, contemporâneas do retábulo de Évora.

Na visita guiada aos jornalistas, o responsável anunciou que este primeiro ciclo de exposições decorrerá até ao princípio de Maio com aquele conjunto de pintura flamenga proveniente do Museu de Évora (até 20 de Abril), a mostra "Objectos de Culto/Têxteis e Ourivesaria da 1ª Metade do século XVI", e ainda "Cenas da Vida Mariana - Gravuras a partir de Albrecht Dürer" (ambas até 04 de Maio).

Trata-se da primeira apresentação ao público deste conjunto de quadros de pintura flamenga quinhentista, na sequência de um grande trabalho de restauro iniciado em 2003, e que envolveu mais de três dezenas de técnicos, consultores e investigadores de arte.

Nesse ano, aproveitando o encerramento do Museu de Évora para obras, foi lançado o projecto de restauro e estudo dos 19 quadros, concluído em 2008, devendo o conjunto regressar àquele espaço museológico até ao final do ano.

Joaquim Oliveira Caetano, director do Museu de Évora e coordenador científico do projecto, disse à Agência Lusa que este resultou de um protocolo entre o Instituto Português de Museus (IMC) e do Instituto Português de Conservação e Restauro (IPCR), entidades que entretanto se fundiram numa só, o Instituto de Museus e Conservação.

O responsável indicou ainda, sem precisar o valor, que o projecto foi financiado pelo Plano Operacional para a Cultura (POC), realçando que se tratou "do mais aprofundado estudo e restauro jamais feito ao retábulo, uma obra maior do gosto manuelino português".

Na visita guiada, explicou que o conjunto resultou de uma encomenda a pintores de Bruges no final do século XV para a Sé de Évora, tendo sido retirados alguns quadros em 1716, que voltaram a reunir-se aos restantes só em 1962.

"Durante quase 250 anos estas pinturas tiveram uma vida desigual, com diversos restauros. Pela primeira vez foram restauradas em conjunto", disse, assinalando ainda que as dimensões do retábulo montado - 35 metros quadrados - "são fora do vulgar".

Os quadros mostram 13 grandes painéis dedicados à "Vida e Glorificação da Virgem" e por seis com os passos da "Paixão de Cristo", "de grande qualidade artística, que pode ter exercido influência na pintura portuguesa quinhentista, e até servido de modelo para grandes retábulos no reinado de D. Manuel", indicou Paulo Henriques.

O projecto envolveu um estudo material, historiográfico e de intervenção e conservação levado a cabo por consultores do MNAA, do Metropolitan Museum of Art de Nova Iorque, e da National Gallery de Washington, conservadores-restauradores e técnicos dos antigos institutos dos museus e de restauro.

Na apresentação da exposição participou também José Pessoa, responsável pela realização de exames de radiografia, reflectografia do infravermelho, e fluorescência do ultravioleta, que revelou terem sido feitas 16.017 imagens dos quadros.

"Estas imagens são autênticas viagens no tempo que ajudam a descobrir muita informação sobre o processo criativo dos quadros, os desenhos que foram feitos antes das pinturas, as emendas, as alterações das figuras", observou.

Em várias salas do MNAA, o visitante poderá ver todas as pinturas do retábulo, cronologia da vida dos quadros, e muitas reproduções das radiografias de pormenores das pinturas, reveladoras do processo criativo adoptado, cuja técnica era "cara e lenta, por ser feita por camadas que tinham de secar".

Na exposição "Cenas da Vida Mariana", na Sala do Patamar do MNAA, o visitante poderá ver 15 gravuras originalmente desenhadas pelo artista alemão Albrecht Dürer (1471-1528) e copiadas por Marco António Raimondi, e com impressões até ao século XIX, que retomam os temas iconográficos do retábulo de Évora.

"Objectos de culto - Têxteis e Ourivesaria, Primeira Metade do Século XVI", decorre paralelamente na Sala dos Passos Perdidos, com uma tapeçaria representando o baptismo de Cristo, cálices, paramentos litúrgicos, custódias e cruzes do século XVI.

Lusa

27.02.2008

 

 

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