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Fé e cultura

Senhora do Loreto, a Padroeira da aviação

O povo vai-se juntando e as cadeiras ficam muito aquém das necessidades. As restantes pessoas espalham-se pelo recinto na cata de uma sombra. Cumpre-se a tradição, com devoção. “Filhos da terra e filhos do Ar, aqui unidos p’ra festejar”.

Senhora do Loreto / Ouvi as nossas vozes / Convertei a nossa terra / E salvai Alcafozes. Esta é apenas uma das muitas quadras em louvor de Nossa Senhora do Loreto. Cumpriu-se mais uma vez a tradição e com os pés bem assentes na terra, profissionais da aviação rumaram em honra da sua protectora.

Pilotos, tripulantes de cabine, responsáveis de companhias aéreas são presenças mais que certas nestes festejos e sobretudo na eucaristia de segunda-feira. Não se consegue, ao certo, saber a origem de tal tradição na localidade. Mas, fala-se numa família abastada que terá trazido a imagem de Itália e que acabou por construir ali a sua capelinha. A elevação da santa aconteceu em 1920 e o culto a Nossa Senhora do Loreto, em Alcafozes depressa começou a ser conhecido pelo país e até pelo estrangeiro. A Força Aérea foi a primeira a marcar a sua presença e a sobrevoar o recinto, durante a procissão. Como ainda hoje faz com a esquadrilha de F16 que fazem a cruz.

Depois, de há 40 anos a esta parte, a TAP foi presença constante, apesar do interregno com o 25 de Abril. Mas a devoção não esmoreceu e a Senhora continuou a ser celebrada. E para assinalar o 40.º aniversário da TAP no recinto, o seu máximo responsável ofereceu a primeira bandeira que ali esteve em representação da companhia. Outras ofertas se seguiram, pagando as promessas ou, simplesmente, destacando a Senhora.

Para o pároco, Adelino Lourenço, a romaria cada vez conta com mais gente. O que é bem visível de ano para ano. “São fenómenos sociológicos e que reflectem o estado de espírito de uma população”, diz, não encontrando outro tipo de explicação para o facto. Até porque o local não tem características para atrair turistas, o que significa que quem ali vai, vai com fé. “Mas não sei explicar o que se passa aqui, o que é que aqui há de humanamente atractivo? A Fé, mas não é a Fé dos teólogos…”, diz.

O pároco reconhece, no entanto, que a Força Aérea e a TAP têm sido a grande alma destes festejos. “Têm o mundo nas mãos e contactam com ele, transmitindo o que aqui se passa” refere.

Nossa Senhora do Loreto tem a sua face deslumbrante, como refere Adelino Lourenço, na presença destas instituições, que fazem da sua ida à romaria, um ritual. “E sempre voltam aqui”, continua.

A simplicidade das pessoas, a forma como são recebidos, podem, eventualmente, cativar. Mas sobretudo, como realça o pároco, “porque nós somos bons”. Não é necessário andar à procura de muita tralha… porque é preciso tão pouco. O padre Adelino reflecte em voz alta: “é tão pouco o que é preciso, como os valores da simplicidade que por aqui estão”.

Cumpriu-se a romaria. Para o ano há mais. E já com a requalificação do recinto completa.

 

Cristina Mota Saraiva

in Jornal Reconquista

05.09.2008

 

 

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