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Grupos de folclore asseguram recolha e divulgação das tradições e têm importante vertente social

Agosto é mês de trabalho para os dois mil e duzentos grupos de folclore existentes em Portugal. Serão mais de cem mil praticantes amadores que têm como único “pagamento”, os passeios e as viagens ao estrangeiro feitas em grupo. Dois deles, Marta e Júlio, vão ter hoje, em Viana do Castelo, a prova da entrega voluntariosa com que os praticantes se dedicam ao folclore. O seu casamento vai contar com o apoio do Rancho Folclórico das Lavradeiras de Vila Franca. Os noivos dançam no rancho e, no dia da boda, serão os cantadores e as cantadeiras, nos seus trajes minhotos, a animar a missa e a festa do matrimónio.

“No grupo toda a gente trabalha de graça, com ensaios uma vez por semana e espectáculos três fins-de-semana por mês”, disse, à Lusa, Rafael Rocha, presidente da associação cultural que dá nome ao rancho. “É claro que, quando um dos cinquenta membros do grupo precisa, nós vamos todos ajudar”, referiu ainda Rafael, que, não sabe bem há quantos anos atrás, entrou para o rancho "para ver se conseguia namorar com uma rapariga".


Motor da actividade social

O namoro não avançou mas o “amor” pelo folclore permaneceu, e são vários os casamentos entre membros do grupo, que tem como padrinhos os escritores Jorge Amado e Zélia Gattai. “Eles vinham muitas vezes a Viana do Castelo e aceitaram apadrinhar as Lavradeiras de Vila Franca”, disse, com orgulho, Rafael Rocha.

Com dois mil e duzentos grupos legalmente existentes em Portugal, o folclore é uma das áreas culturais que envolve “mais praticantes e mais adeptos”. “Em muitas aldeias e vilas, os grupos folclóricos são o motor de toda a actividade social”, explicou Fernando Ferreira, presidente da Federação do Folclore Português (FFP). “Sem as viagens dos grupos, sem as actuações no estrangeiro, havia pessoas que morriam sem sair da terra onde nasceram”, frisou.

Com cerca de 50 elementos por grupo, entre músicos, dançarinos e cantadeiras, o folclore movimenta milhares de pessoas que trabalham gratuitamente. “Os ranchos têm a vertente cultural que é muito importante, mas têm também a vertente social que é tanto ou mais importante que a recolha e divulgação de tradições”, disse Fernando Ferreira.

Lusa

15.08.2008

 

 

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