As imagens e a sua integração nas igrejas
As santas imagens, pela sua própria natureza, pertencem tanto à esfera dos santos sinais como à esfera da arte. “Não é raro que obras-primas de arte cheias de intensa religiosidade pareçam o reflexo daquela beleza que provém de Deus e a Deus conduz” (Ritual Romano, 985). No entanto, a função da imagem sagrada não, em primeiro lugar, a de proporcionar um gozo estético, mas a de preparar para o Mistério. Às vezes, o aspecto estético torna-se prevalecente, fazendo com que a imagem se transforme mais em “tema” artístico do que em portadora de uma mensagem espiritual.
No Ocidente, a produção iconográfica, muito variada quanto à tipologia, não está regulamentada, como acontece no Oriente, por cânones sagrados vigentes há séculos. Isto não significa que a Igreja latina não tenha vigiado a produção iconográfica; muitas vezes até proibiu que se expusessem nas igrejas imagens contrárias à fé, indecorosas ou susceptíveis de induzir os fiéis em erro, ou que sejam expressão de um abstraccionismo desincarnado e desumanizador; de facto, determinadas imagens são mais exemplos de um humanismo antropocêntrico do que de uma autêntica espiritualidade. Também se deve reprovar a tendência para eliminar as imagens dos lugares sagrados, com grave detrimento para a piedade dos fiéis.
A piedade popular gosta das imagens que apresentam traços da sua cultura; as representações realistas, as personagens facilmente identificáveis, as representações em que se reconhecem momentos da vida do homem: o nascimento, o sofrimento, o matrimónio, o trabalho e a morte. Dever-se-á, porém, evitar que a arte popular se reduza inteiramente a reproduções decadentes; porque há uma correlação entre iconografia e arte para a Liturgia e arte cristã segundo as épocas culturais.
in Directório sobre a piedade popular e a Liturgia, 243
04.09.2008
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