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O pacto com Deus: Da necessidade do exílio interior

“O Papa chamou parte da hierarquia a Roma e, talvez devidamente esclarecido, o próprio cardeal-patriarca de Lisboa resolveu reconhecer uma certa "negatividade" na catolicismo indígena. Que espécie de negatividade? Inadaptação da Igreja ao tempo, deficiências na formação dos padres, má proclamação da "Palavra de Deus". Sem cânticos, nem homilias de "qualidade", por exemplo, a juventude acha a missa uma "seca" - como se o fim da missa consistisse em a divertir. De qualquer maneira, nada disto conta. Uma fracção importante dos fiéis pensa (e sempre pensou) que o problema é a natureza "retrógrada" da Igreja em matéria de género e de sexo. Por outras palavras, na doutrina sobre a homossexualidade e nos limites que o Papa põe e reitera ao papel institucional da mulher. Os "reformadores" exigem que a Igreja acompanhe o século (sem perder, evidentemente, o "núcleo da sua mensagem") e sonham com uma Igreja democrática e conciliar. Quem leu Ratzinger, como cardeal e como Papa, sabe que ele nunca aceitará essa aventura. Para ele, qualquer cedência diluirá a "mensagem" (e não só o seu "núcleo") e, tarde ou cedo, provocará um cisma.”

Isto escreve Vasco Pulido Valente hoje [13.07.2008] e eu assino por baixo. Há mais de trinta anos que Ratzinger advertiu a Igreja para se preparar para viver em minoria, para maus tempos, para as "aflições" de que fala João (16:33). Por isso, valorizo mais o "pacto com Deus" (mencionado nas palavras seguintes de Alexandre O' Neill) do que quaisquer manifestações de "vulgarização" da "mensagem " que a diluem, como espuma, na futilidade e na inutilidade do quotidiano da transigência videirinha.

“O exílio interior pressupõe um corte total com os meandros por onde se movimentam os chamados carreiristas, sempre prontos à transigência. O exílio interior pede uma grande força de ânimo (e um nojo não menor), a alimentação constante de um ideal, um amor sem limites à verdade, o afrontar corajoso de uma envolvente solidão, um elevado espírito de sacrifício. O exílio interior tem algo parecido com a atitude mental dos místicos: o abandono dos pactos com este mundo mundanal para a preservação de um único: o pacto com Deus.”

João Gonçalves

in Portugal dos pequeninos

05.08.2008

 

 

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