A próxima revolução: inovação social
A mudança de especialização da economia portuguesa na direcção de uma sociedade do conhecimento exige uma componente forte de inovação social. Olhar para esse lado da equação da competitividade e do desenvolvimento é fundamental.
Essa é a razão que leva João Wengorovius Meneses, de 33 anos, a promover o primeiro Congresso Internacional em Lisboa sobre o tema da invocação social. João Meneses é gestor da TESE, uma organização não governamental com projectos de assistência humanitária e apoio ao desenvolvimento e à educação.
“Inovação social surge quando se encontram soluções inovadoras para problemas sociais”, afirma João Meneses, salientando que é uma dimensão tão importante quanto a inovação empresarial nos modelos de negócio, a tecnológica que move os ciclos económicos ou a cultural. Os promotores arriscam mesmo chamar-lhe a “próxima revolução”, e por isso utilizaram o diminutivo da ideia em inglês para sigla do Congresso: nextrev”. O Congresso aponta para a mobilização prioritária de algumas ‘forças’ da sociedade: as empresas e as cidades.
Capitalismo criativo
A ideia dos promotores é que as empresas – particularmente os grande grupos e as Pequenas e Médias Empresas com dimensão internacional – devem ir para lá da “responsabilidade social corporativa”. Poderão inspirar-se no apelo ao fundador da Microsoft, que advogou recentemente em Davos o desenvolvimento de um “capitalismo criativo”. Poderá servir o exemplo de algumas multinacionais que se empenham nesta área – como a IBM e a Cisco – e que estarão presentes no Congresso com os seus projectos.
Começa a entrar na moda o empreendedorismo social, uma ideia lançada pela professora de Harvard Rosabeth Moss Kanter e pelo guru inglês Charles Leadbeater, que prepara actualmente um ‘Atlas das Ideias’. Uma figura internacional que é hoje um ícone é o Prémio Nobel Muhammad Yunus, o criador do microcrédito. A revista ‘FAST Company’, em colaboração com a consultora Monitor dos gurus Michael Porter e Chris Argyris, lançou inclusive um «ranking» anual de 10 casos de empresas e de 45 organizações sem fins lucrativos que estão a fazer a diferença.
Silicon Valley social
Por outro lado, para as cidades criativas e inteligentes, a inovação social permite juntar uma nova valência às estratégias urbanas de competitividade, em que o combate à exclusão social, `apobreza e à diminuição da qualidade de vida pode ser integrado.
A proposta de criação de um espaço dedicado à experimentação e demonstração de empreendedorismo social em meio urbano foi baptizada pelos promotores do Congresso como «’Silicon Valley social’. Uma ideia que se insere claramente no Plano Tecnológico e na agenda de Lisboa, sublinha Meneses, e que já despertou o interesse da Câmara Municipal de Lisboa.
O Congresso
Patrocinado pelo Presidente da República, o Congresso terá lugar em Lisboa, a 28 e 29 de Maio, na Fundação Calouste Gulbenkian. O programa pretende responder às seguintes perguntas: Como identificar necessidades sociais? Quais são as novas necessidades sociais? Como criar «social silicon valleys»? Como medir o impacte social («social return on investment»)? Como estabelecer parcerias entre sector público, privado e terceiro sector? Como inovar? A partir do tema da inovação social, foram definidas três áreas temáticas: educação e emprego, saúde e qualidade de vida, comunidades e participação democrática.
Saiba mais e inscreva-se no «site» do Congresso Internacional de Inovação Social
Jorge Nascimento Rodrigues | SNPC
in Expresso, 29.03.2008
09.03.2008
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