Fábrica produz os primeiros queijos kosher da Península Ibérica em 500 anos
A fábrica de Queijos Braz, em Peraboa (Covilhã), iniciou este mês a produção de queijos kosher, destinados à comunidade judaica, disse hoje à Agência Lusa, José Agostinho, sócio-gerente da empresa.
Os queijos de ovelha puro, de mistura e o queijo fresco, são as três variedades a comercializar com o selo de aptidão para consumo de acordo com os preceitos da religião judaica.
Para além de Portugal, a Espanha, França, Inglaterra e Holanda são os países prováveis para a exportação. «Isto é um orgulho. É como um pai ver nascer o filho», disse José Agostinho.
A ideia de obter a certificação kosher surgiu na sequência de contactos com a comunidade judaica de Belmonte e do aparecimento de outros produtos na Beira Interior.
«Já havia o azeite kosher de Penamacor e o vinho da Adega da Covilhã», recordou, acrescentando: «temos de estar atentos para cativar estes nichos de mercado e é essa oportunidade que queremos agarrar».
Após acompanhamento pela comunidade judaica, «a fábrica recebeu a certificação de que está a apta a produzir queijo de acordo com os preceitos da religião», explicou.
Ou seja, qualquer Queijo Braz pode receber o selo kosher, se bem que para o consumo judaico sejam preparados lotes específicos mais ao gosto do mercado, «mais prensados e com mais tempo de cura».
«A grande diferença está na fermentação», disse Paulo Vitorino, gerente da Kosher Sefarad, firma que comercializa alimentos kosher em Portugal e Galiza.
Aquele responsável presta assessoria à produção alimentar em religiões semitas e explicou que a fermentação do queijo «tem que ser de base vegetal».
«O coalho não pode ser de base animal. Não se mistura carne com leite, nem vice-versa», revelou. Além disso, o resto dos elementos deve cumprir com os preceitos kosher, «garantias dadas pela fábrica dos Queijos Braz».
A unidade está sujeita a inspecções periódicas regulares, «ou pelo rabino, ou se este o solicitar, por algum elemento da comunidade de Belmonte», adiantou Paulo Vitorino.
Segundo aquele responsável, a liberdade religiosa e a afirmação daqueles que são de descendência judaica «contribuem para o aparecimento destes produtos kosher em Portugal» e que, acredita, terão procura também no mercado internacional.
Ainda segundo Paulo Vitorino, estes são os «primeiros queijos kosher da Península Ibérica nos últimos 500 anos».
Lusa
24.03.2008
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