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Revista "Relações Internacionais" reflecte sobre "Religião e Política"

A edição n.º 18 da revista Relações Internacionais (Junho 2008) dedica uma parte substancial dos seus artigos ao tema “Religião e Política”.

No estudo “A Igreja e o Estado na Europa: Oriente versus Ocidente?”, de John T. S. Madeley, procura-se identificar e avaliar os tipos de diferenciação nos padrões das relações Estado-Igreja no espaço europeu e as tendências de mudança verificadas ao longo do tempo. A hipótese central testada é a afirmação, avançada por alguns autores, de que as tendências contemporâneas podem, quando tomadas em conjunto, ser vistas como prefigurando o aparecimento de um modelo europeu comum (não obstante algumas diferenças superficiais) – modelo esse que, ademais, tanto difere do modelo associado aos EUA, como do modelo associado à China, no Extremo Oriente. Argumenta-se que, em contraste com estes «Outros», o modelo europeu emergente pode ser encarado como um objecto de esperança para vencer, dentro da Europa, as muitas tensões trazidas à superfície pelo forte ressurgimento do factor religioso na política mundial.

O artigo “O papel da Igreja nas organizações políticas contemporâneas”, de Luís Salgado de Matos, parte do princípio, avançado por numerosos tratados sociológicos e de ciência política, de que é possível discernir uma clara influência da religião nas formas de organização política. Procura-se analisar o modo como se processou a influência da religião e da Igreja Católica, tomada como indicador de religião, na Revolução portuguesa de 1974-1975, para extrair dela um modelo de acção da Igreja na organização política, acção sempre respeitadora da separação entre as instituições estatal e eclesial. Por fim, e a partir desse modelo, serão formuladas sugestões de acção futura e universal.

"O ataque da Al-Qaida a Vestefália (ou bin Laden contra Richelieu)", de João Marques de Almeida, constata que o pan-islamismo radical constitui uma séria ameaça ao secularismo internacional, norma central na ordem política mundial desde a Paz de Vestefália, de 1648. O secularismo internacional apoia-se em dois princípios: a organização da vida religiosa no interior dos Estados é uma prerrogativa das autoridades soberanas, e não de poderes supranacionais ou de movimentos revolucionários transnacionais, e a identidade religiosa não deve determinar as políticas externas, nomeadamente as estratégias de alianças. A emergência do pan-islamismo radical, após os ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, como um factor central da política mundial questiona, de um modo fundamental, aqueles dois princípios. Estes são os principais argumentos desenvolvidos no presente texto.

Raquel Vaz-Pinto reflecte sobre “Religião e direitos humanos na China”. A questão da liberdade religiosa está incluída num dos maiores desafios enfrentados por Pequim: os direitos humanos. Neste artigo analisa-se a abordagem da China quanto aos documentos internacionais de direitos humanos e também a sua perspectiva interna caracterizada pelo reforço da soberania e dos direitos dos cidadãos e pela instrumentalização do direito. Na China, a religião é um fenómeno que o Governo tenta controlar e reprimir de várias formas. Escolhemos analisar o catolicismo pois esta é uma religião que coloca desafios especiais a Pequim e que nos demonstra como o espírito humano consegue sobreviver mesmo nas condições mais adversas.

in Instituto Português de Relações Internacionais

05.08.2008

 

 

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