Rezar com as artes
O Centro de Espiritualidade e Cultura da Casa da Torre (Soutelo, Vila Verde, Braga), ligado à Companhia de Jesus, propõe quatro itinerários de oração, distribuídos por 3 ou 4 dias, que procuram lançar uma ponte entre espiritualidade e cultura, tirando partido das várias linguagens do campo das artes como iniciação ao Mistério de Deus.
Rezar com a música de Messiaen
Olivier Messiaen, um dos maiores vultos da história da música do séc. XX fala-nos numa linguagem estética nova e interpeladora, que procura introduzir-nos no mistério divino. Com o apoio de algumas obras escolhidas, propõe-se um fim-de-semana de oração tendo como pano de fundo e interpelação estética a sua obra e linguagem, do ponto de vista de abertura espiritual e à comunicação de Deus através da Música. Mais que um fim-de-semana de formação teórica, trata-se de uma experiência de oração diferente, guiada por um dos maiores compositores da actualidade, que experimentou de forma próxima a revelação do Mistério Divino através da Arte dos Sons.
Os três dias de oração – de 4 a 6 de Abril – iniciam-se com uma contextualização histórica e estética; seguem-se: A Natividade do Senhor, Transfiguração do Senhor, Missa do Pentecostes, Cores da Cidade Celeste e, a concluir, Quarteto para o fim dos tempos/Visões do Ámen.
Rezar com a Arquitectura Moderna
Com o desafio primordial de ‘em tudo ler a presença de Deus’ propõe-se a releitura do contexto próximo da arquitectura do século 20, mais especificamente da arquitectura moderna e da primeira metade alargada do mesmo século (1920-1960). Procurar-se-à, à luz da continuidade da criação, em vez de circunscrever o modernismo, estabelecer um Movimento no Moderno que aponta paradigmas coexistentes e sempre presentes. Pelas paisagens de autores modernos perceber-se-ão os modos como entenderam dever estabelecer-se a relação com Deus e com o mundo natural; pelas viagens descobrir-se-ão as raízes nas civilizações que estruturam o ser moderno; pela tectónica e simbólica das obras extrair-se-ão conteúdos para a meditação, entendendo a arquitectura como potencializadora da religião.
Esta releitura tem como ponto de vista um quadro comparativo entre a arquitectura moderna e a Revelação.
O itinerário de oração, que decorrerá entre 18 e 20 de Abril, inclui as seguintes etapas: Rezar na Natureza, Rezar no Primitivo, Construção, e, por fim, Rezar no Moderno.
Rezar com o Corpo
De 2 a 4 de Maio, é proposto descobrir o corpo… Encontrar a relação com Deus a partir da corporeidade. O corpo expressa o que sentimos, a interioridade está fundida com a exterioridade como se fossem duas faces da mesma moeda. Do simples aceno num cumprimento, ao abraço apertado que damos a um amigo, passando por aquele beijo enternecedor, todo o corpo exprime o que sentimos. Ao pensar nestes pequenos gestos, que expressam o relacionamento, tenho percebido que também podemos viver uma aproximação com Deus através do corpo. Deus assumiu corporeidade em Jesus. “O Verbo fez-se carne!”. De facto, é aqui a origem do Cristianismo.
Ao longo dos tempos a sociedade foi inculcada num tabu extremo sobre o corpo, sobretudo na relação com Deus, o que levou a que se perdesse a ligação entre a espiritualidade e a dimensão corporal do ser humano. Se pensarmos bem porque é que se reza de joelhos? Ou sentado? Ou deitado? O corpo também reza, também tem ligação com Deus.
O Corpo no Mundo, Despertar o Corpo, Deus e o Corpo, Corpo em Diálogo e, a terminar, Corpo Eucarístico, constituem os passos deste roteiro de oração.
Rezar com os Ícones
Reflectindo a beleza de Deus e dos Santos, o ícone situa-se no coração da experiência espiritual da Igreja Ortodoxa. Janela aberta sobre o Reino, manifesta a imagem profunda e eterna de Cristo Deus-Homem, morto e ressuscitado. Até aos sécs. XI e XII as artes exprimem a mesma realidade, procurando revelar as “coisas invisíveis”. Posteriormente, voltando as costas à tradição, vive-se uma dessacralização da arte sacra ocidental, abrindo caminho a uma laicização progressiva ao mundo das emoções, esvaziando-se, em boa parte, a arte do “transcendente”. O ícone, por antítese, e “porque não feito pela mão do homem” mantém-se fiel aos cânones tradicionais, conduzindo quem o contempla ao domínio do imaterial, do espírito e da eternidade onde o espaço e o tempo perdem a sua razão de ser. É esta a viagem que se oferece. Só o olhar contemplativo pode aí intuir uma Presença.
A oração com os ícones decorrerá entre 20 e 22 de Junho e incluirá a meditação dos seguintes aspectos: A Fé Cristã no mundo bizantino, fundamentos bíblicos e dogmáticos, Ícone – Teologia da Presença, Leitura do Ícone “Cristo Salvador” e oração, Rostos de Cristo, A palavra ilumina a imagem criativa, Rosto de Cristo – Rublev e, por fim, Cânones do ícone.
Para mais informações (nomeadamente quanto às inscrições e deslocações), estão disponíveis os seguintes contactos: telefone – 253 310 400; endereço electrónico – casa da torre@jesuitas.pt; fax – 253 310 401.
© SNPC - Publicado em 22.01.2008
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