

«Todas as instituições, incluindo a comunidade eclesial, são chamadas a garantir a liberdade de escolha para as mulheres, para que tenham a possibilidade de assumir responsabilidades sociais e eclesiais de uma forma harmoniosa com a vida familiar», afirmou hoje o papa.
As palavras de Francisco foram proferidas na audiência aos membros e consultores do Pontifício Conselho da Cultura, entre os quais o bispo D. Carlos Azevedo e o padre Tolentino Mendonça, que desde quarta-feira participam, em Roma, na assembleia plenária daquele organismo, sobre “Culturas femininas – Igualdade e diferença”.
O papa acentuou a necessidade de «encorajar e promover a presença eficaz das mulheres em muitos âmbitos da esfera pública, no mundo do trabalho e nos lugares onde são adotadas as decisões mais importantes, e ao mesmo tempo manter a sua presença e atenção preferencial e muito especial na e para a família».
«Os dotes de delicadeza, particular sensibilidade e ternura, de que é rico o espírito feminino, representam não só uma força genuína para a vida das famílias, para a irradiação de um clima de serenidade e de harmonia, mas também uma realidade sem a qual a vocação humana seria irrealizável», vincou.
A intervenção de Francisco centrou-se igualmente na questão intitulada “O corpo feminino entre cultura e biologia”, debatida durante a assembleia que termina este sábado.
O tema «remete para a beleza e a harmonia do corpo que Deus deu à mulher», mas evoca também «as dolorosas feridas» a elas infligidas, «por vezes com violência atroz», observou o papa.
«Símbolo de vida, o corpo feminino é, infelizmente não raro, agredido e deturpado também por aqueles que deveriam ser os protetores e companheiros de vida», assinalou Francisco, referindo-se à violência conjugal.
«As muitas formas de escravidão, de comercialização, de mutilação do corpo das mulheres, comprometem-nos por isso a trabalhar para derrotar esta forma de degradação que o reduz a puro objeto a vender em diferentes mercados», acrescentou.
O papa chamou também a atenção «para a dolorosa situação de tantas mulheres pobres, obrigadas a viver em condições de perigo, de exploração, relegadas para as margens da sociedade e tornadas vítimas de uma cultura do descartável».
Rui Jorge Martins