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Do tempo livre à libertação do tempo

O que é um Campo de Férias Católico ou de espiritualidade cristã?

Cada vez mais, os cristãos são chamados a reinventar formas de transmitir a sua fé e os seus valores, a construir cultura, adequando a mensagem às etapas dos destinatários. Em relação aos mais novos, o desafio é particularmente exigente, sendo nós os responsáveis por ser testemunhos vivos da fé e da cultura cristãs. É neste contexto que surgem diversas propostas, que motivam os mais novos a descobrir a cultura cristã de uma forma mais integrada.

Dentro destas propostas, uma tem sido explorada por diversos grupos católicos: a de organizar um campo de férias como proposta de experiência espiritual estruturada.

Primeiro, a vivência em comunidade, rompendo com a tendência individualista da sociedade actual. Nos Campos, todos têm uma função, todos ajudam de forma concreta a construir aqueles dias de férias. Esta comunidade assenta nos valores do Evangelho e tenta vivê-los da forma mais natural.

Esta comunidade é lugar de encontro: encontro consigo, com o outro e com Deus. O autoconhecimento parece um dado evidente, mas dá que fazer. Encontrar-me comigo. Perguntar: “Quais são os meus talentos? Como me fala Deus? Que missão tem Ele para mim?”. Aceitar-me tal como sou, porque Deus me ama assim. É fundamental ser ajudado a desenvolver as ferramentas necessárias para realizar um bom discernimento.

Sabendo quem sou, vou sair de mim, vou descentrar-me. Vou ao encontro do outro. Onde posso pôr os meus talentos a render? Quero servir quem está próximo de mim. A dinâmica do servir ensina-nos que é dando que se recebe. Dou o que sou e sirvo a comunidade.

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Outra das riquezas destes dias de comunidade é a percepção da igualdade perante a diferença de cada um. Sendo cada um diferente do outro, dentro do campo todos partilham tarefas, responsabilidades, organização de actividades, todos são reconhecidos como iguais e conduzidos a lidar com situações de conflito interior de aceitação dos seus irmãos e da paternidade de Deus por todos. Criando, construindo, partilhando.

Por último, encontro-me com Deus. Preciso de ganhar um novo centro da minha vida, que já não recairá sobre mim mas sobre Deus. Vou recentrar-me, regressando a casa com uma nova perspectiva do mundo. Esta experiência constrói Igreja, semeia dentro de cada criança a experiência do Evangelho, cria uma identidade mais concreta de Igreja.

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Há ainda um quarto encontro que também nos leva ao encontro com Deus: o encontro com a natureza. A vivência num ambiente rural, com acesso a poucas comodidades às quais estamos habituados, desvenda de forma mais clara a beleza da criação: o que vemos, o que ouvimos, o que sentimos, o que cheiramos… Para tudo estamos mais atentos e tudo é novamente avaliado por nós, ganhando um novo sentido, mesmo que não nos apercebamos automaticamente disso. O nascer e o pôr-do-sol, as cores do céu que nos deixam sem palavras, o barulho dos pássaros que nos acordam de manhã, a brisa que agita as ervas altas e nos vem falar ao ouvido, a luz do sol na nossa cara que nos aquece, a água que refresca os nossos pés, até os mosquitos que nos picam os braços. Aos poucos a nossa relação com estes elementos vai-se transformando e ganhando uma dimensão nova e mais contemplativa da criação.

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Por isso os Campos de Férias são lugares de encontro. Onde O encontro. Em mim, no outro, na natureza. Nos lugares de serviço, onde nos desarmam os exemplos mais do que as palavras. Lugares de comunidade, onde aprendemos a ser mais verdadeiramente nós próprios, construindo de forma concreta a Igreja de hoje.

 

Duarte Sousa Rego
© SNPC | 16.06.10

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