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Brasão do papa Francisco: símbolos e significados

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O escudo azul é encimado por símbolos da dignidade pontifícia, idênticos aos escolhidos pelo predecessor, Bento XVI.

A mitra, possivelmente originária da Pérsia, foi adotada pelos romanos como sinal de honra e nobreza. Transmitiu-se ao uso eclesiástico, sendo inicialmente reservada ao papa. Entre os séculos X e XI alargou-se aos bispos e abades.
É pontiaguda, com as pontas para cima, de maior altura (cerca de 50 cm) e duas faixas ou tiras de tela que caem pelas costas.
É colocada nas celebrações litúrgicas e procissões. Nas missas deve ser deposta, por exemplo, aquando da leitura do Evangelho e em certas orações, como a Eucarística. Também não deve ser usada diante do Santíssimo Sacramento exposto.

A mitra está colocada entre chaves de ouro e prata decussadas (dispostas em forma de "x") e ligadas por um cordão vermelho.
As chaves referem-se ao poder do apóstolo Pedro, a partir do seguinte trecho bíblico: «[Disse Jesus]: "Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu"» (evangelho segundo São Mateus 16, 18-19).
Os papas são também chamados sucessores de Pedro.

No alto do escudo encontra-se o emblema da Companhia de Jesus, ordem a que pertence o papa Francisco. Os Jesuítas, fundados pelo santo espanhol Inácio de Loiola, receberam aprovação pontifícia em 1540.

Sobre um sol irradiante e flamejante estão escritas, a vermelho, as letras IHS; trata-se do monograma (entrelaçamento de letras iniciais) de Jesus em carateres gregos (iota, eta, sigma, Iesous).
As letras aplicaram-se mais tarde às iniciais, em latim, de In Hoc Signo (por este sinal); de acordo com uma narrativa o imperador romano Constantino, no início do séc. IV, teve uma visão na qual lhe era dito que haveria de vencer o opositor pelo sinal (monograma) resultante das letras gregas chi-rho, iniciais de Cristo.
A expressão Iesus Hominem Salvator, em latim, quer dizer Jesus Salvador dos Homens.

Sobre a letra H está uma cruz e em baixo há três pregos, alusões à crucificação de Jesus.

Na parte inferior do escudo reside uma estrela, que, de acordo com antiga tradição heráldica, simboliza a Virgem Maria, mãe de Cristo e da Igreja.

Ao lado a flor de nardo, muito aromática, aponta para São José, patrono da Igreja que é liturgicamente evocado a 19 de março, dia em que se celebra a missa de início de pontificado de Francisco.
Na tradição iconográfica hispânica o pai adotivo de Jesus é representado com um ramo de nardo na mão.
Os evangelhos contam que uma mulher ungiu os pés de Jesus com perfume de nardo, «de alto preço», o que suscitou a incompreensão de alguns presentes, para quem seria mais útil vender o bálsamo e dar o dinheiro aos pobres. «Os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim não me tendes sempre», respondeu Jesus.

A divisa do papa, "Miserando atque eligendo" (olhou-o com misericórdia e escolheu-o), é extraída de uma homilia de São Beda Venerável, que comentava o episódio bíblico da vocação de São Mateus.

A homilia, reproduzida na Liturgia das Horas da festa de São Mateus (ver abaixo), tem um significado especial para Francisco. Em 1953, no dia litúrgico do evangelista, o jovem Jorge Mario Bergoglio experimentou, aos 17 anos, a presença de Deus na sua vida e o chamamento à vida religiosa.

Uma vez nomeado bispo decidiu escolher como programa de vida a expressão "Miserando atque eligendo", que mantém agora, a par dos elementos que já constituíam o brasão episcopal.

 

Texto de meditação para a Liturgia das Horas da festa de S. Mateus (21 de setembro)
S. Beda Venerável (séc. XIII)

Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse lhe: Segue Me. Viu o não tanto com os olhos do corpo, como com o seu olhar interior, cheio de misericórdia. Jesus viu um publicano e compadeceu Se dele; escolheu o e disse lhe: Segue Me, isto é, imita-Me. Disse para O seguir não tanto com os seus passos como no modo de viver. Porque, quem diz que permanece em Cristo, deve também proceder como Ele procedeu.

Mateus levantou se e seguiu-O. Não devemos admirar-nos de que o publicano, ao primeiro chamamento do Senhor, abandonasse os negócios terrenos em que estava ocupado e, renunciando aos seus bens, seguisse Aquele que via totalmente desprovido de riquezas. É que o Senhor chamava-o exteriormente com a sua palavra, mas iluminava-o de um modo interior e invisível para que O seguisse, infundindo na sua mente a luz da graça espiritual, para que pudesse compreender que Aquele que na terra o afastava dos negócios temporais, lhe podia dar no Céu tesouros incorruptíveis.

E quando Ele estava sentado à mesa em sua casa, vieram muitos publicamos e pecadores e sentaram se à mesa com Jesus e os seus discípulos. A conversão de um publicano deu a muitos publicanos e pecadores um exemplo de penitência e de perdão.

Foi, na verdade, um belo e feliz precedente: aquele que havia de ser apóstolo e doutor das gentes, atraiu consigo ao caminho da salvação, logo no primeiro momento da sua conversão, um numeroso grupo de pecadores. Deste modo, já desde os primeiros indícios da sua fé, começou o ministério de evangelização que mais tarde havia de desempenhar, quando chegasse à perfeição das suas virtudes.

Se desejamos compreender mais profundamente o significado destes factos, devemos observar que Mateus não se limitou a oferecer ao Senhor um banquete corporal na sua casa terrestre, mas preparou-Lhe com a sua fé e o seu amor um banquete muito mais agradável na morada interior do seu coração, segundo o testemunho d’Aquele que diz: Eu estou à porta e chamo; se alguém ouvir a minha voz e Me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo.

Tendo ouvido a sua voz, nós abrimos Lhe a porta para O receber quando damos o nosso livre assentimento às suas advertências interiores ou exteriores e pomos em prática o que sabemos ser sua vontade. E Ele entra para cear, Ele connosco e nós com Ele, porque habita no coração dos eleitos pela graça do seu amor, para os alimentar continuamente com a luz da sua presença, a fim de que se elevem cada vez mais para os desejos celestes, e Ele próprio seja saciado com as aspirações eternas dos seus eleitos, que são o mais delicioso manjar que Lhe podem oferecer.

 

Fonte: News.va
Texto de S. Beda Venerável: Secretariado Nacional de Liturgia
© SNPC | 24.03.13

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