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Pré-publicação do novo livro de D. Manuel Clemente: «1810-1910-2010. Datas e desafios»

A Assírio & Alvim apresentará dentro de alguns dias o novo livro de D. Manuel Clemente, «1810-1910-2010. Datas e Desafios».

O volume junta uma parte do significativo avulso ensaístico do autor. A organização, da responsabilidade dos editores, expressa a hipótese seguinte: o texto inicial [1810-1910-2010], que se destaca do conjunto por características talvez mais próximas da proposição, funciona como tese; os restantes ensaios ligam, adensam e debatem, com conhecimento e paixão invulgares, quanto ali é sugerido (da Nota de Abertura).

Os temas desta obra, que em alguns casos se desdobram em várias secções, são os seguintes: “1810-1910-2010”; “Cristandade e secularidade”; “Espírito e Espírito na história ocidental – os despistes da esperança”; “Milenarismos”; “Fundamentalismo, Integrismo, Modernismo – à volta das palavras”; “Fé, razão e conhecimento de Deus no Vaticano I e no Vaticano II”; “Portugal – história ou profecia?”; “A missão em Lisboa na época contemporânea (breve apontamento)”; “Evangelizar (n)a Cultura”; “João Paulo II – um Papa na última fronteira”; "Direitos do homem – comentários de Bento XVI”; “Cristo – Memória criativa”.

A partir de hoje o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura oferece aos seus leitores o capítulo “Evangelizar (n)a Cultura”. Neste primeiro artigo transcrevem-se as "Questões prévias", a que se seguirão, nos próximos dias, "O caso português”, “A herança moderna”, “A atmosfera pós-moderna”, “A nova religiosidade” e “Evangelizar de novo”.

 

Questões prévias

Com os estudos antropológicos e sociológicos que ultrapassaram definitivamente uma visão individualista e elitista do Homem, integrando-o no(s) respetivo(s) meio(s), a noção de cultura alargou-se muito. Em 1982, a UNESCO (declaração do México) já definia: «A cultura, no seu sentido mais amplo, pode considerar-se hoje como o conjunto de traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afetivos, que caracterizam uma sociedade ou grupo social».

Foi a mesma ordem de ideias que exigiu ir além duma consideração individual(ista) da evangelização. Começou-se a falar de «pastoral de meio» e «pastoral da(s) cultura(s)». Escreveu o Papa Paulo VI na exortação apostólica Evangelii Nuntiandi que a evangelização tem de atingir o cerne cultural das sociedades e que a rutura entre o Evangelho e a cultura é o drama da nossa época, como já o foi doutras (cf. E.N., 20).

A cultura, como meio ambiente e mentalidade difusa, propicia a fé ou a descrença. Se houver síntese fé-cultura, a própria sociedade tornará a fé plausível; se acontecer o contrário, decorrerá antes a descrença e ao Catolicismo sociológico contrapor-se-á a descrença sociológica, ambos prévios à assunção pessoal dum e doutra.

A arte é um bom índice - embora não unívoco - para a qualificação religiosa duma cultura. No nosso contexto, parecem inegáveis as dificuldades da cultura e da linguagem em relação ao fim e ao Outro. E o pensamento contemporâneo não parte duma visão confessional do mundo e da vida, sendo difícil acolhê-lo sem mais na reflexão cristã ou no diálogo teologia-cultura. Para realmente dialogarmos, temos de partir do fundo comum de humanidade que compartilhamos agora, comprovando o discurso teológico na experiência concreta do homem contemporâneo.

Sempre houve descrentes. Mas a descrença atual tem características próprias: um carácter massivo, pois deixou de ser um fenómeno de «delinquência intelectual», deparável em certas elites, para se difundir por todos os estratos sociais; relevância cultural, porque se tornou quase num apriorismo do discurso intelectual dominante; auto-apresentação como fenómeno historicamente ascendente e humanisticamente positivo, como afirmação e libertação do homem; anti-institucionalisrno, especialmente no campo religiosos.

No que nega e nas razões por que o faz; no que procura, para além dos caminhos que percorre, a cultura contemporânea está incontornavelmente aí, desafiando a fé, fora e dentro de nós próprios. Quando leva as suas questões até ao fim, toca num fundo de humanidade situada que a evangelização também tem de percorrer. Nas palavras de João Paulo II em Coimbra (15 de maio de 1982), «a cultura não é só sujeito de redenção e de elevação; mas pode ter também um papel de mediação e de colaboração».

 

D. Manuel Clemente
Bispo do Porto, Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais
In 1810-1910-2010. Datas e desafios, Ed. Assírio & Alvim
26.05.09

Capa

1810-1910-2010
Datas e desafios

Autor
Manuel Clemente

Editora
Assírio & Alvim

Páginas
174

Ano
2009

ISBN
978-972-37-1407-4
















































 

 

 

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