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Deus é de todos porque todos lhe pertencem

Acima dos homens está Deus. Mesmo assim não sei como é que alguém pode achar difícil ousar dizer: “Meu Deus”, para além daquele que acredita nele e o ama. Este diz: “Meu Deus”. Tu fizeste com que fosse teu, aquele de quem és. Ele gosta disso. Então diz-lhe com a doçura do teu afeto e com um amor seguro e confiante: “Meu Deus”. Dizes isto com segurança e com verdade, porque ele é teu, mas não fizeste com que não pudesse ser de outro.

Com efeito, tu não dizes: “O meu Deus”, da mesma forma que dizes: “O meu cavalo”. Pois o cavalo é teu e não é de outro. Mas Deus é teu e é também daquele que disser: “Meu Deus”, tal como tu o dizes. Cada um diz: “Meu Deus”. Ele é de todos, dando a todos indistintamente a graça de poderem usufruir dele, estando todo em todos e em cada um. Na verdade, os que dizem “Meu Deus”, não o dividem cada um entre si.

Se este sermão, que eu prego com a língua, chega inteiro a cada um, mediante o som que é formado por letras e sílabas, sem que os ouvintes o dividam entre si; se este sermão, que é materialmente captado pelas ouvidos corporais, de maneira mais clara por quem está mais perto, e de maneira menos clara por quem está mais longe, mas sendo ainda assim captado inteiro por todos os ouvintes, quanto mais aquele Deus, que está presente em todo o lugar, que tudo preenche (Cf. Sab. 1, 7), e não de maneira mais evidente o que está próximo e de maneira menos evidente o que está longe, mas que se estende com vigor de um extremo ao outro e dispõe todas as coisas com suavidade (Cf. Sab. 8, 1), é igualmente possuído por todos.

Esta luz, meus irmãos, que realmente é corpórea, brilha vinda do céu, nasce, põe-se, dá voltas e muda-se de lugar em lugar. Todavia os olhos de todos orientam-se e dirigem-se para ela. Ora os olhos de todos possuem-na igualmente e não a dividem. Nenhum rico jamais lhe pôde fixar um limite, nem pôde excluir ou privar dela os olhos do pobre, apropriando-se dela primeiro, para poder ver.

Que o pobre diga: “Meus Deus” e que o rico diga: “Meu Deus”. O pobre tem menos, o rico tem mais, mas prata, não Deus. Para poder chegar a Deus, o rico Zaqueu deu metade do seu património. Para poder chegar a Deus, Pedro deixou as redes e o barco. Para chegar até Deus, a viúva deu duas pequenas moedas. Para poder chegar até Deus, o que é mais pobre deu um copo de água fresca (Cf. Mt. 10, 42). Para poder chegar até Deus, o que é completamente pobre e necessitado, partilhou apenas a boa vontade. Todos deram coisas diversas, mas chegaram ao uno, porque não amaram a diversidade.

Assim também vós, homens, ovelhas de Deus, ovelhas do rebanho de Deus, não vos perturbeis com as vossas diversidades temporais, pelo facto de uns terem prestígio social, outros não; uns terem dinheiro, outros não; uns terem um corpo bonito, outros não; uns estarem carregados de anos, outros serem jovens; uns serem crianças, outros homens e outras mulheres. Deus está igualmente presente em todos. Tem mais lugar junto dele aquele que mais trouxer, não prata, mas sim fé. Sois vós os homens as minhas ovelhas, as ovelhas do meu rebanho e eu o vosso Deus, diz o Senhor Deus (Ez. 34, 31).

Ó como nós somos felizes por termos uma possessão assim e um possuidor assim. Com efeito, ele possui-nos e nós possuímo-lo. Possui-nos para nos cultivar e nós possuímo-lo para lhe prestarmos culto. Mas nós prestamos-lhe culto como a Deus que é, e ele cultiva-nos a nós como a um campo. Ele cultiva-nos para produzirmos fruto, nós prestamos-lhe culto, para darmos fruto. Tudo é por nossa causa, pois ele não tem necessidade de nós. Diz o salmo: Dar-te-ei os confins da terra como tua herança e como tua posse (Sl. 2, 8). Eis que nós somos sua posse. Diz ainda: Senhor, porção da minha herança e do meu cálice (Sl. 15, 5). Eis que ele é nossa posse. Porém, porque isto contém uma distinção, vós sois homens e eu sou o Senhor vosso Deus, diz o Senhor (Ez. 34, 31) nosso Deus.

 

Santo Agostinho
In Santo Agostinho - A alegria da Palavra, ed. Tenacitas
31.07.12

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