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Leitura: “Deus, religiões, (in)felicidade”

Leitura: “Deus, religiões, (in)felicidade”

Imagem Capa | D.R.

«Na medida em que Deus desaparece do horizonte, noto que as pessoas andam cada vez mais desorientadas», afirma o padre Anselmo Borges em entrevista publicada hoje no Diário de Notícias.

O livro “Deus, religiões, (in)felicidade”, recentemente publicado pela Gradiva, que o religioso da Sociedade Missionária da Boa Nova se prepara para lançar, foi o pretexto para a conversa com o jornalista João Céu e Silva.

«O ser humano é o ser da pergunta e, de pergunta em pergunta, pergunta ao Infinito pelo Infinito, e é aqui que vejo o fundamento da dignidade humana: um ser finito e mortal ter em si a capacidade de pôr a questão do Infinito. Fá-lo, porque tem algo de infinito nele. Por isso, é fim e não meio, não tem preço, mas dignidade, como viu Kant. Por outro lado, como disse Heidegger, a pergunta é a piedade do pensamento», declara.

Para o colunista do Diário de Notícias, «quem reflete sabe que não é possível ter a verdade toda. Ninguém a pode ter. Nenhuma filosofia ou religião, nem as religiões todas juntas».

«Essa verdade é da ordem da ultimidade e nós somos penúltimos. Por isso, o fundamentalismo, seja qual for - político, económico, religioso... - é uma questão de estupidez e ignorância. Estamos no fundamento, mas ninguém o possui», assinala Anselmo Borges.



A «laicidade não pode ser confundida com o laicismo, que seria a religião da não religião, a política de retirar a religião do espaço público, como acontece tão frequentemente sobretudo na Europa



O título do livro recorda que as religiões se justificam «pela busca da felicidade, mas, de facto, muitas vezes foram e são causadoras de imensa infelicidade».

Todavia, «a religiosidade estará sempre presente. As estatísticas, aliás, mostram-no. O que se observa é um distanciamento e desafeição maiores face às religiões oficiais, institucionais e uma religiosidade mais mística».

O autor defende que a «laicidade não pode ser confundida com o laicismo, que seria a religião da não religião, a política de retirar a religião do espaço público, como acontece tão frequentemente sobretudo na Europa. A laicidade não deveria impedir o diálogo e até a colaboração com as religiões».

Depois de frisar que «a fé em Deus é uma questão de fé. Com razões», Anselmo Borges sustenta que «a religião não pode ir contra o conhecimento científico», salvaguardando que «a ciência não detém o monopólio da razão».



“Deus, religiões, (in)felicidade” (252 páginas, 13 €) reúne «textos de várias proveniências e nascidos em diferentes tempos e contextos», tendo em mente «as perguntas essenciais que a humanidade tem colocado ao longo dos tempos»



«Há dimensões humanas a que o método da ciência não pode responder: qual o fundamento último da realidade?, qual o sentido da existência?, a ética? A fé não pode ser obscurantista» mas não precisa de recorrer ao método científico para se afirmar, porque «Deus fala no silêncio», que acende «a grande poesia» e «as palavras decisivas».

“Deus, religiões, (in)felicidade” (252 páginas, 13 €) reúne «textos de várias proveniências e nascidos em diferentes tempos e contextos», tendo em mente «as perguntas essenciais que a humanidade tem colocado ao longo dos tempos», lê-se no texto de apresentação do livro.

«A obra reúne um conjunto de textos estruturados em torno de três eixos: O Enigma: a Morte e Deus, O Diálogo Inter-religioso, O que Traz Felicidade?. Interessante, sempre, polémico, às vezes, o autor, abre espaço ao debate de ideias, em áreas diversas», refere a editora.



 

Rui Jorge Martins
Publicado em 23.11.2016

 

 

 
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