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Olhar cristão sobre a atualidade

Agricultura, crise, cigarros, emigração, ensino superior, Europa e praxes

Agricultura

No setor da agricultura não falta emprego, mas gente para trabalhar. A afirmação é da ministra Assunção Cristas e é inteiramente verdadeira. Não é um fenómeno de hoje: acontece há mais de uma década. Atual é o número altíssimo de pessoas desempregadas em Portugal.

Porque se recusam os portugueses a trabalhar no campo? Não é só porque consideram ser um trabalho mal pago. É, talvez, sobretudo, porque querem cortar com uma memória secular de pobreza.

Por isso, a ministra Assunção Cristas aposta em novos agricultores, nomeadamente jovens que percebem ser a agricultura um setor onde se pode ganhar dinheiro. Aliás, já vários estrangeiros descobriram isso, vindo instalar-se nos campos portugueses.

Ou seja, há que mudar a imagem negativa que prevalece na nossa sociedade sobre o trabalho agrícola. O Governo disponibiliza terras para cultivar, para produzirmos mais, aumentando as exportações e o consumo interno de produtos nacionais. Será dada prioridade à produção biológica, que atrai jovens agricultores.

Veremos qual será a resposta ao desafio da ministra.

Francisco Sarsfield Cabral
Rádio Renascença, 17.4.2012

 

Crise económica e social em Portugal

Neste momento não podemos deixar de ter em conta as interpelações pastorais acrescidas devido ao momento que o País atravessa. Estamos todos interessados em darmo-nos as mãos para, em conjunto, podermos responder às novas situações sociais emergentes, com a resposta própria da Igreja que é a caridade fraterna, a solicitude pelos irmãos em necessidade. Interessa-nos aprofundar tudo o que possa ajudar a construir esta rede de solidariedade. Esta é a resposta própria da Igreja, que congrega neste esforço todos aqueles e aquelas que também aprenderam “a ver com o coração”.

Outros têm as suas respostas próprias: os políticos, as associações de empresários e de trabalhadores, a comunicação social e os fazedores de opinião. A todos pedimos, na especificidade do contributo próprio de cada um, a coragem da verdade, a generosidade das soluções propostas, a prioridade dada ao bem comum, a busca da justiça e da paz social.

A verdade deve prevalecer sobre ideologias, o bem comum está acima de interesses individuais ou grupais, a justiça procurada no realismo das situações exige sempre a equidade.

D. José Policarpo, cardeal-patriarca de Lisboa, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, 16.4.2012

 

O que peço aos que estão na primeira linha da causa pública é que sejam muito pedagógicos, muito solidários com palavras e por atitudes de proximidade. Nem sempre é fácil, mas não desistam de ser solidários.

D. Manuel Clemente
Rádio Renascença, 21.4.2012

 

Emigração

«Quem decide partir para outro país nem sempre está bem informado sobre as dificuldades que vai encontrar e parte sem ter contrato de trabalho ou alojamento. O desconhecimento leva à exploração por parte de redes organizadas. Estas redes são organizadas por portugueses que recrutam outros portugueses para trabalho sazonal sem oferecer quaisquer condições de vida aos trabalhadores. (....)

Estes problemas têm levado ao aumento, principalmente, nos últimos meses, do registo de casos de pobreza entre os portugueses que vivem em países europeus. Luxemburgo, Suíça e Reino Unido registam alguns casos de sem abrigo ou de recurso aos abrigos sociais. No caso particular do Luxemburgo foram relatados casos de emigrantes a viver em carros ou em contentores, no local de trabalho. O mesmo acontece na Suíça onde existem vários casos de jovens e mesmo famílias a viver sem condições dependendo da rede familiar. Apesar disso a solidariedade familiar deteriora-se quando as estadias se tornam prolongadas.

Verifica-se que as comunidades paroquiais e associações de emigrantes continuam a ser os elos de ligação e de confiança. São elas quem melhor conhece as dificuldades vividas pelos emigrantes: quem são, onde vivem e em que situação. Sabe-se que muitos dos casos mais dramáticos estão envolvidos em silêncio e o desafio é conhecê-los e ajudá-los. (...)

A precariedade que os novos emigrantes encontram nos países de destino leva a deixar o alerta para que o direito à emigração seja uma efetivamente uma realidade mas sempre acautelando as condições em que essa emigração é feita. Nenhum cidadão português deve sair do país sem que lhe sejam facultadas todas as informações sobre o país de destino.

Conclusões do encontro de reflexão sobre emigração portuguesa na Europa, Alfragide, Amadora, 18-19.4.2012

 

Ensino superior

Alunos com capacidade estão a ser impedidos de estudar por razões exclusivamente económicas. Há muitos alunos, e muitos estamos a falar de casos concretos, que deixam o ensino superior por razões exclusivamente enconómicas e penso que isso coloca em causa a justiça social e até, em parte, esta dimensao democrática do nosso próprio país. (...)

Alunos com capacidade estão a ser impedidos de estudar por razões exclusivamente económicas. Penso que isso coloca em causa a justiça social e até, em parte, esta dimensão democrática do nosso país.

P. Nuno Santos
Serviço Nacional da Pastoral do Ensino Superior
TSF

 

Europa: projeto cultural

Do ponto de vista cultural, a União Europeia apresenta-se como «zona de paz e de estabilidade que reúne 27 Estados com os mesmos valores fundamentais». Respondendo a esta saudação do chefe da delegação das Comunidades Europeias Junto da Santa Sé, Bento XVI responde: «É justo sublinhar que a União Europeia não se dotou destes valores, mas que foram, antes, estes valores partilhados que a fizeram nascer e foram como que a força de gravitação que atraiu para o núcleo dos países fundadores as diferentes nações que sucessivamente aderiram à União. Estes valores são fruto de uma longa e sinuosa história na qual, ninguém terá a coragem de o negar, o cristianismo exerceu um papel de primeiro plano».

O Santo Padre enumera esses valores de inspiração cristã que identificam a cultura europeia: “A igual dignidade de todos os seres humanos, a liberdade do ato de fé como raiz de todas as outras liberdades cívicas, a paz como elemento decisivo do bem comum, o desenvolvimento humano, intelectual, social e económico enquanto vocação divina e o sentido da História que daí decorre, são elementos centrais da revelação cristã que continuam a modelar a civilização europeia (…). Estes valores não constituem um agregado anárquico ou aleatório, mas formam um conjunto coerente que se ordena e articula, historicamente, a partir de uma visão antropológica precisa”. E conclui: «É importante que a Europa não deixe que o seu modelo de civilização se desfaça, peça a peça. O seu élan original não pode ser abafado pelo individualismo e pelo utilitarismo». (...)

É preciso aprofundar aqueles valores da identidade cultural europeia, cultivar um sentido de cidadania europeia, que inclua a solidariedade com os problemas de cada povo. Não se pertence à União Europeia só para auferir vantagens e defender interesses, mas para contribuir solidariamente para o “bem comum” desta grande comunidade de nações.

“Unidade da Europa, um Projeto de Civilização”, Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 19.4.2012

 

Liberdade e responsabilidade pessoal

Em nome da saúde, do bem comum, da civilização, os cidadãos entregam ao Estado o poder de decidir, tal como nos regimes autoritários, o que comemos, como comemos, em que condições nos podemos deslocar, o que fumamos, como, quando e onde.

Não faltará muito para os cidadãos começarem a ser incitados a relatar às autoridades o que se passa na casa do vizinho, tal qual acontecia na velha União Soviética e, tal como lá, a delação justifica-se em nome da sociedade perfeita.

Portugal orgulha-se de estar na vanguarda da modernidade e, por isso, o mesmo Estado que é incapaz de gerir o nosso dinheiro – para dizer o mínimo, porque, na realidade, o que faz é espatifar a riqueza nacional em negócios ruinosos como as PPP’s – tem o descaramento de querer impor regras de higiene tabágica no carro de cada um.

Num país em pré-bancarrota, por culpa exclusiva da inimputabilidade de um Estado irresponsável, só nos faltava agora estar a pagar a polícias para andarem a ver quem fuma e quem não fuma dentro do carro.

Raquel Abecasis
Rádio Renascença, 16.4.2012

 

Praxes

Desta vez, foi em Coimbra, com duas caloiras agredidas por ousarem dizer basta à parvoíce a que estavam sujeitas em nome da praxe.

Admito que a aceitação da violência e da humilhação reiterada, com a subjugação dos caloiros aos veteranos, comece sempre por ser consentida pelos praxados, enquanto vítimas voluntárias. Mas não creio que o consentimento baste para legitimar o crime e o disparate de permitir que se “eduque” no culto de tais “desvalores” toda a nossa elite. (...)

Dito isto, já agora, ao ministro e aos reitores pede-se que façam uso da sua condição de veteranos, usem e abusem do seu poder delegado e, em vez de fingir que acreditam no milagre da autorregulação, decidam.

Graça Franco
Rádio Renascença, 18.4.2012

 

© SNPC | 21.04.12

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