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Leitura: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”

Imagem Capa (det.) | D.R.

Leitura: “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”

«Um instrumento muito bom para acompanhar o ano litúrgico na preparação da celebração e para, depois, continuar em casa o aprofundamento que vai proporcionar uma constante renovação na vida do cristão.»

É com estas palavras que o padre Vítor Feytor Pinto, responsável pela paróquia do Campo Grande, em Lisboa, apresenta o livro “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”.

O volume propõe homilias para os domingos e principais solenidades deste ano litúrgico (B) redigidas pelo frei José Filipe Rodrigues e publicadas pela Lucerna, chancela da editora Principia.

O religioso da Ordem dos Pregadores (Dominicanos) propõe «textos simples, cativantes e atuais, com reflexões concretas e atentas aos sinais dos tempos; com desafios que obrigam a pensar», «aproximando o Evangelho das pessoas e as pessoas do Evangelho», refere a nota de apresentação.

Apresentamos um excerto da obra, centrada nas leituras bíblicas que vão ser proclamadas nas missas no próximo domingo.

 

Sagrada família
Fr. José Filipe Rodrigues
In “Arrependei-vos e acreditai no Evangelho”


A Liturgia da Palavra deste domingo une-se ao tema que a Igreja nos propõe celebrar no domingo a seguir ao Natal: a família.

Todos nós temos noção de que as famílias, hoje, têm muitos contrastes. Estudos feitos nesta área falam-nos do decréscimo acentuado das taxas de fecundidade, com a consequente diminuição do número de filhos por casal e da dimensão média das famílias; do adiamento da idade ao nascimento do primeiro filho; do aumento do número de pessoas que vivem sós, das famílias monoparentais, dos casais sem filhos, dos núcleos reconstituídos e das famílias com idosos e constituídas só por idosos; da queda moderada das taxas de nupcialidade, com alterações na forma de celebração do casamento, nomeadamente pelo aumento do casamento civil em detrimento do religioso; do avanço da idade média do homem e da mulher aquando do primeiro casamento; da acentuada subida dos níveis do divórcio, do aumento significativo dos nascimentos fora do casamento e do aumento das uniões de facto, entre outros indicadores.

A partir da Palavra de Deus que escutámos, podemos realçar, por um lado, a importância da família na vida de Jesus e, por outro, o lugar da família na Igreja e no mundo.

E ainda a celebrar o nascimento de Jesus, o Filho de Deus, damo-nos conta de que a sua existência foi em tudo igual à nossa, até na experiência familiar: Jesus teve um pai e uma mãe, como nós todos tivemos. Jesus cresceu com o calor familiar de José e de Maria. E por isso a família torna-se ou devia tornar-se o lugar onde se pratica o amor. Se quiséssemos desdobrar este amor que se vive e pratica, poderíamos pegar na segunda leitura e incluir nesse amor todos os sentimentos que Paulo indica: misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, perdão, paz… E o espaço familiar torna-se então o lugar da felicidade, uma comunidade de amor.

No entanto, sabemos que nem sempre é assim. Às vezes a família é mais lugar de desamor: discussões, maus tratos, ausências, brigas, violências, separações… Então, também aqui a família de Jesus poderia ser luz, para que houvesse diálogo, harmonia e paz: entre esposos, entre irmãos, entre pais e entre familiares.

Diz-se, e bem, que a família é a base da sociedade. O P. Lacordaire dizia que «a família é o mais admirável dos governos». Poderíamos também dizer que é a base da Igreja. João Paulo II chamou-lhe até «igreja doméstica». E, por isso, ela não pode entregar a outras instituições sociais aquilo que lhe é próprio: a educação, a transmissão da fé, de valores para que quer a família quer a sociedade sejam mais justas e mais fraternas. Voltando a Lacordaire, dizia ele também que «a sociedade não é mais do que o desenvolvimento da família: se o homem sai da família corrupto, corrupto entrará na sociedade». A família não pode, portanto, eclipsar-se da sua missão de educar (que deriva do amor), educar para os valores da vida (evitando o desenvolvimento monstruoso de uma cultura de morte), educar para os verdadeiros valores humanos e, consequentemente, cristãos: a justiça, a honestidade, a solidariedade, a participação ativa na sociedade e na Igreja, o respeito pelas diferenças… E aqui vale a pena lembrar o que um dia Gandhi respondeu a quem lhe perguntava como ser feliz: «Tem sempre bons pensamentos porque os teus pensamentos se transformam nas tuas palavras. Diz palavras boas porque as tuas palavras se transformam nas tuas ações. Faz boas ações porque as tuas ações se transformam nos teus hábitos. Tem bons hábitos porque os teus hábitos se transformam nos teus valores. Tem bons valores porque os teus valores se transformam no teu próprio destino».

Nesta nossa Eucaristia, vamos pedir ao Senhor que as famílias sejam espaços de amor e de acolhimento, e que a família de Nazaré possa iluminar e ser modelo para as nossas famílias. Peçamos também pelas famílias que passam nestes dias maiores dificuldade de relação, para que possam encontrar na família de Jesus a força e o calor de que precisam para não desanimar.

Finalmente, peçamos ao Senhor que todas as famílias, mas sobretudo as famílias cristãs, ganhem a coragem de querer transformar o mundo e nele fazer transparecer o rosto de Deus.

 

Edição: Rui Jorge Martins
Publicado em 26.12.2014 | Atualizado em 29.04.2023

 

Título: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho - Homilias para o Ano B
Autor: José Filipe Rodrigues, op
Editora: Lucerna (Principia)
Páginas: 192
Preço: 12,00 €
ISBN: 978-989-851-690-9

 

 
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A família não pode entregar a outras instituições sociais aquilo que lhe é próprio: a educação, a transmissão da fé, de valores para que quer a família quer a sociedade sejam mais justas e mais fraternas
Faz boas ações porque as tuas ações se transformam nos teus hábitos. Tem bons hábitos porque os teus hábitos se transformam nos teus valores. Tem bons valores porque os teus valores se transformam no teu próprio destino
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