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Mais que transmitir uma ideia ou uma moral, a pedagogia da religião, seja na catequese ou nas aulas de Educação Moral e Religiosa Católica, consiste em proporcionar um encontro marcante com Jesus, vivo, ressuscitado, enquanto pessoa humana e divina. Desse contacto fraterno e familiar germina uma nova vida, parte um novo caminho, essencialmente catecumenal e mistagógico.
Um dos sinais dessa relação pessoal com Jesus, a Arte de Deus em pessoa, que nos envia o Espírito “inspirador”, é a criatividade. Ela diz respeito tanto à arte pura, isto é, às obras de arte “in se”, como à arte relacional ou existencial, porque a vida, nas suas conexões complexas, molda-se, diariamente.
Penso que a Nova Evangelização se traduz por “experimentar Deus pela arte”, “descobrir Deus na cultura”, na erudita e na popular, das várias tribos humanas, desde as juvenis às adultas. Sim, porque esta cultura é produto de um misterioso diálogo entre esta humanidade e o Espírito de Deus, que não dorme.
Neste sentido, evito que as sessões de catequese e as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica se tornem momentos de transmissão de conteúdos cerebrais. Procuro criar espaços de criatividade, onde o cérebro e o coração trabalham como duas mãos, dois pés ou dois olhos, onde, além de se pensar e sentir, se faz e se memoriza para sempre.
Apresento alguns exemplos já realizados:
1. A meditação, no início de cada encontro, orientada por temáticas espirituais e alimentadas de grandes momentos de silêncio, cheio de música de qualidade, serve para reunificar e recentrar o Eu em Deus, impulsionando intuições, permitindo inspirações inusitadas.
2. Um grupo de adolescentes realizou um documentário em vídeo, espelhando o sentir de toda a escola, nos seus diversos protagonistas, e enfatizando os aspetos positivos como propulsores de novas abordagens humanizantes.
3. Observámos uma pintura rupestre, pré-histórica, onde ressaltam elementos de admiração pelo mistério na Natureza. Os alunos foram desafiados a fazer uma moderna pintura rupestre, onde desenhavam o mundo moderno e os elementos divinos que o caracterizam.
4. Falámos do cosmo como uma obra de Deus em constante gestação, como um “filho de Deus”, criatura amada e adotada. Os alunos exprimiram, em desenho, a Criação do Universo, modelando Deus como uma mãe e, no seu ventre, os astros como filhos.
5. Várias passagens bíblicas — como a Arca de Noé, a Torre de Babel e os Discípulos de Emaús — foram, mediante o teatro, convertidas em expressões modernas, com grande grau de liberdade. O diálogo sobre os sentimentos experienciados durante a dramatização abriu portas a novas interpretações das perícopas.
6. As visitas regulares a um templo católico, nomeadamente a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Ponta Delgada, contemplaram a compreensão da arquitetura do edifício e o sentido dos vários símbolos patentes e dos rituais que aí se desenvolvem.
7. A vivência da música perpassa não apenas o conhecimento de peças já produzidas, mas também a possibilidade de criar construtivas letras e/ou melodias, especialmente no estilo tribal de alguns grupos de adolescentes e jovens. A música, eco do divino, fala à alma, mas também exprime-a.
8. A realização de um "CatholicPaper" ("PeddyPaper"), com tarefas que abrangiam todas as áreas do conhecimento (Bíblia, arte, línguas, matemática, história, geografia, ciências, desporto…), disponibilizou a possibilidade de unificar o conhecimento, como intuição profunda da unidade da existência e da convergência do humano no divino.