Cinema
As neves de Kilimanjaro
Prestes a celebrar a sua união a Marie-Claire, Michael é despedido do estaleiro naval onde trabalha, juntamente com alguns colegas. Disposto a não se deixar vencer pela tristeza e frustração, apoia-se na família e leva por diante a celebração.
Felizes com a festa, Michael e Marie-Claire veem a possibilidade de concretizar um dos seus grandes sonhos e finalmente conhecerem as neves do Kilimanjaro, a fantástica montanha branca dos Masai, na Tanzânia. Fruto de coleta entre amigos e familiares, o montante em falta para a viagem, além do poupado pelos noivos em anos, é-lhes oferecido.
Uma noite, porém, um grupo de assaltantes entra pela casa do casal, maltrata-os e rouba-lhes todo o dinheiro reunido. Mais uma vez Michael e os seus são desafiados pela adversidade. Um desafio que ganha dimensão particular ao descobrir-se o autor do crime. Apesar de levar caso e criminoso à justiça, o casal não delega apenas nas autoridades a tarefa de os julgar, procurando eles próprios compreender os motivos por detrás do ato...
Nos últimos anos muitos filmes de origem europeia abordam temáticas sociais relacionadas com a imigração, desemprego, marginalidade, ou minorias. Implícitos em todos estão as questões da integração, justiça e equidade, da tolerância e das múltiplas formas de olhar e realizar o genuíno amor ao próximo.
Claro sinal da vitalidade do cinema europeu e da sua particular atenção ao atual contexto no continente, é nessa mesma linha que “As Neves de Kilimanjaro” se inscreve – onde a ligação ao clássico de Henry King se “reduz” ao imaginário dos protagonistas.
Um filme realizado com enorme sensibilidade e singeleza, do argumento ao estilo narrativo e interpretações, que simultaneamente nos torna próximos da realidade retratada e profundamente nos apela a uma atitude atenta, altruísta e reconciliadora, construtora do bem comum. Para lá do derrotismo das nossas próprias misérias e interessados em conhecer o outro como “outro de nós”.
O filme mereceu o Prémio Signis, Associação Católica Mundial para a Comunicação, na última edição do Filmfest DC, em Washington.
Margarida Ataíde
Grupo de Cinema do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Agência Ecclesia / SNPC
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05.06.12